Jesus com Nicodemos II

Jo 3, 1-12

Este Evangelho tem ensinamentos aos quais devemos dar muita atenção. Quando Jesus responde a Nicodemos: "Em verdade te digo: se não nasceres de novo não verás o Reino de Deus."; e "Em verdade te digo: quem não nascer da água e do espírito não pode entrar no Reino de Deus", significa nascer para algo mais elevado, abrir-se às palavras e ensinamentos do Pai, transmitidas por Jesus, "crer e permanecer na Palavra".

O nascimento na carne acontece na terra, por isso passamos a ter contato com as coisas da terra, aprendemos o que é da matéria, tudo aquilo que vemos e conhecemos com os nossos sentidos, com os olhos da matéria. Mas, se desenvolvermos os olhos do espírito, veremos as coisas do espírito, nasceremos para as coisas de Deus. Isto só não é fácil por causa do nosso pecado. Portanto, nascer de novo é conhecer e viver as coisas do espírito, que estão acima das coisas da matéria.

Jesus nos fala de duas situações pelas quais o ser humano pode passar na terra. Uma é aquela que se refere à cultura intelectual, adquirida através do conhecimento, do contato com as coisas do mundo: o saber; outra é a cultura do espírito, adquirida através dos ensinamentos de Deus: a sabedoria. Pode o maior sábio do mundo ser o mais ignorante das coisas de Deus; assim como o indivíduo mais inculto ser um grande conhecedor das coisas de Deus.

Quando uma pessoa nasce do espírito, começa a entender que faz parte de algo sublime. Isto passa a influenciá-la na sua sabedoria. A sua inteligência se abre também a um maior entendimento das coisas da terra, pois passa a observar mais, a ficar mais atenta.

O ser humano é carne e espírito. O espírito é esse que deve nascer de novo, do alto, numa contínua procura de Deus. Entendemos isso quando Jesus comparou o Reino de Deus com a situação daquela mulher que perdeu uma moeda e varreu a casa até encontrá-la. Isto é a procura do renascimento do espírito. A pessoa precisa renascer, numa incessante busca das coisas do espírito.

Jesus explicava isto a Nicodemos e ele não entendia, por isso disse: "Se tratando de coisas terrenas, não me crês, como crerás, se te falar das celestiais?"

Os santos eram pessoas geralmente "simples, mas com um grande conhecimento das coisas de Deus", por isso tinham também maior compreensão das coisas da terra.

São Cura d’Ars era uma pessoa simples e foi um dos maiores confessores, porque começou a entender a alma humana. Santa Catarina de Sena tinha toda uma estrutura racional que mudou completamente, após nascer do espírito. Outros santos como Santa Teresa d’Ávila, Santo Inácio de Loyola, São Francisco de Assis, Santo Agostinho foram pessoas que nasceram de novo. Adquiriram sabedoria, sabiam se relacionar bem com as pessoas, sendo consideradas inteligentíssimas.

Temos na Igreja outros exemplos bonitos: São Benedito, São Martinho… São Benedito era uma pessoa de pouca expressão, que só conseguia falar assim: "Senhor, cheguei, estou aqui!" Jesus chegou inclusive a responder-lhe: "Eu também estou aqui, Benedito." Ele era muçulmano. São Martinho era filho de mãe solteira, seu pai tornou-se governador. Foi impressionante a sua transformação e admirável a sua sabedoria.

Nascer do espírito e se tornar santo, é isto que Deus quer de nós. Ele quer que nasçamos para a santidade, para a vida eterna.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Jesus com Nicodemos I: Jo 3, 1-12. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 101.

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