VII- A entrega do primeiro sinal: encontro com o Papa João Paulo II em 2004

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No dia 26 de março de 2004, Raymundo acordou por volta das duas da manhã. A criança que sempre o visita, o Arcanjo Gabriel, estava ao lado da cama e cantava baixinho uma canção desconhecida. Assustado, Raymundo ergue-se de um salto:

– O que você faz aqui, a esta hora da noite?

– A doce Senhora o espera na capela! respondeu a criança.

Raymundo então deixou o quarto e saiu de casa. Encontrou a capela aberta e toda iluminada. Nisso distinguiu um senhor sentado em uma cadeira próxima ao altar. De estatura baixa, ele aparentava cerca de 50 anos. Vestia uma batina de veludo cinza. Fitando Raymundo, ele disse:

– Ponha-se de joelhos diante do Filho da doce Senhora, para que você a escute e dê atenção às suas palavras, porque a Igreja necessita de você.

Raymundo de pronto ajoelhou-se diante do Sacrário e rezou um Pai-Nosso. Uma brisa morna o envolveu e aqueceu na noite gelada. Foi quando ele ouviu a voz inconfundível de Nossa Senhora:

– Daniel, você fará uma longa viagem ao centro da Igreja muito em breve.

– Senhora, com todo o respeito que lhe devo, por que me chama de Daniel, se nunca fez isso antes?

– Porque a partir de agora é necessário esse procedimento; se o chamarmos com esse nome, o príncipe deste mundo não terá acesso a você.

– O que devo fazer?

– Levará ao Papa o mesmo sinal que no dia 25 de maio estará sendo dado a ele.

– Que sinal é esse, Senhora?

– A pequenina estátua de Aparecida com tudo o que falei a vocês dentro.

– Você fala da sua imagem de Nossa Senhora Aparecida?

– Esta mesma!

– Senhora, no ano passado estive lá; não consegui nada. Este ano não tenho dinheiro e nem saúde para fazer uma viagem dessa. E mesmo que isso aconteça, como farei para entregar a imagem ao Papa? perguntou Raymundo angustiado.

– Você não fará nada: Eu farei!

– Quando é que isso vai acontecer?

– No dia posterior ao dia do Papa.

– Para que isso, Senhora?

– Para que ele o veja, entenda nossos sinais, e tenha resistência na quarta vigília da noite e não se entregue nas águas tempestuosas deste final dos tempos.

Dizendo isso, a Santa Virgem se retirou.

Raymundo começou a chorar sem controle, pedindo a Deus que afastasse dele aquela situação. Pela primeira vez sentia receio, cansado de enfrentar situações embaraçosas diante da Igreja, com o agravante de que agora não enfrentaria a Igreja local, mas o próprio Vaticano. Neste momento o senhor de batina cinza lhe disse:

– Daniel, é necessário socorrer a Igreja.

– Como o senhor se chama? perguntou Raymundo.

Nisso o Anjinho interrompeu a conversa:

– Este é o senhor de Soana¹.

Em seguida o Anjinho tomou o senhor pela mão, e os dois partiram caminhando. Raymundo então apagou as luzes e trancou a porta da capela.

Cerca de três meses depois, Raymundo chegou a Roma acompanhado de dois Missionários do Coração Imaculado, Francisco Lembi e Irmã Gertrudes. Eles integravam a comitiva do Arcebispo de Aparecida, Dom Damasceno, que contava com uma audiência marcada com o Papa João Paulo II.

No dia 30 de junho, data da audiência, a comitiva se dirigiu para a Praça de São Pedro, no Vaticano. Raymundo não sabia se poderia entregar pessoalmente a imagem ao Papa; tudo levava a crer que seria Virgínia, prima do Arcebispo, que a entregaria. Porém, no último momento, Virgínia lhe passou o cartão credencial que havia recebido. Dom Damasceno estranhou o fato, mas não colocou obstáculos.

Raymundo começou a sentir-se mal enquanto aguardava na fila. Vivia intensamente toda a solenidade daquele momento. Quando por fim chegou o momento da audiência, João Paulo fixou o olhar primeiro na imagem, depois em Raymundo, e disse com uma voz fraca e confusa:

– Daniel!

Raymundo assustou-se com a fala, e por pouco não tropeçou na escada que levava ao Papa.

Missionários na Praça do Papa, rezando o terço – 11/02/1997
– É o sinal? É o sinal? Você é do Brasil e esta é Nossa Senhora Aparecida? -, o Papa perguntou ansioso.

– Sim, Santidade, sou do Brasil e esta é Nossa Senhora Aparecida.

– É o sinal?

– Espero que sim, Santidade, respondeu Raymundo.

– Muito obrigado. Não tenha medo! Vá com Deus; não nos veremos mais!

– Por que diz isso, Santidade?

– Porque Deus assim determinou. Você conhece a importância de tudo isso?

– Não, Santidade.

Aqui João Paulo sorriu discretamente, e depois disse:

– Não acreditarão. Mas não me importo.

– Eu também não, Santidade.

– A posteridade fará jus a tudo isso. Que Deus o abençoe! E não tenha medo; Maria é a Mãe da Igreja.

– Sim, Santidade, Maria é a Mãe da Igreja.

Raymundo então se recompôs e partiu. Mais tarde, percebeu que esse inusitado diálogo não fora ouvido por ninguém, nem mesmo por Dom Damasceno, que estava ao lado. Seja como for, Raymundo servira de instrumento para que a Santa Virgem desse um importante sinal ao Papa João Paulo II.

¹ Raymundo não conhecia esta palavra. No dia 19 de julho do mesmo ano, em conversa com alguns missionários, ele descobriu que 25 de maio, dia em que o Papa João Paulo II recebera o sinal, é dia de São Gregório VII, eleito Papa em 22 de abril de 1073 e falecido em 25 de maio de 1085. Hildebrando, como se chamava o Papa, nasceu na diocese de Soana, na Toscana – Itália, entre os anos de 1020 e 1025. Marco na história da cristandade, foi inspirador de Cruzadas e autêntico reformador da Igreja.

 

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