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Nossa Senhora mostra a Raymundo que o verdadeiro caminho da fé. “Este caminho serve para todos e para aqueles que escutarem os meus apelos, mas terá que terminar sempre no mistério da cruz. Este mistério só é revelado a quem estiver apto a entrar por esta porta, seguir este caminho e chegar até aqui”.

3 de fevereiro de 2009

Nesta madrugada passei muito mal. Escutava alguém me chamando, corria a casa toda e não via ninguém. Pensei que fosse a minha sogra passando mal, mas não era.

Neste dia acordei mais tarde um pouco, com a visita do Daniel trazendo flores para o Terço das 17 horas, que rezo na Basílica de Lourdes. Estava preparando-o, quando por volta das 11 horas da manhã escutei alguém me chamando, mais uma vez.

Desci para ver o que era, mas como não vi ninguém no jardim, subi para continuar o meu trabalho. Pela segunda vez escutei que me chamavam; era uma voz masculina. Desci, e novamente não encontrei ninguém. Da terceira vez, já fui prevenido. Falei:

– Alguém me chama desde a madrugada, e eu não estou conseguindo saber quem é!…

Desta vez não subi. Entrei na capela, assentei-me na cadeira que fica na sacristia, a mesma em que a doce e serena Senhora se assenta quando necessita falar comigo. Lembro-me de ter falado alto:

– Alguém me chama desde a madrugada; estou escutando muito bem. O que querem comigo?

A porta da sacristia bateu com violência, fechando-me dentro, e tudo escureceu. Me vi num lugar a meia luz, e distinguia algumas pessoas em volta de um crucifixo. Estavam com velas acesas e cantavam uma música muito bonita e calma, que falava de Jesus na cruz. Acho que era uma música conhecida (“Deus enviou seu Filho amado, para morrer no meu lugar”).

Num dado momento, as pessoas começaram a pedir entendimento, amor e que o ódio e as desavenças fossem afastados, e o que me pareceu mais importante: que os anjos de Deus as protegessem e o demônio se afastasse delas. Algumas pessoas rezavam a oração que sempre fazemos durante a Bênção de São Bento: “Aos Anjos do Senhor”.

O recinto tinha uma porta de vidro, e junto a ela estavam os três “garotos” que sempre me visitam. Cada um tinha nas mãos um tapete tipo passadeira, de cor diferente, azul, amarela e vermelha. Eles estenderam as passadeiras ao chão até o crucifixo e esperaram, quando então vi chegando Maria Santíssima com um ar muito seguro.

Eu estava convicto de que Ela sabia o que estava fazendo. Caminhou pelas três passadeiras até onde estava o crucifixo. Antes, porém, chegou até as pessoas, passou a mão na cabeça delas e depois sentou-se numa cadeira que estava no meio, tendo nas mãos o crucifixo. Percebi com clareza ser um “Cristo-Vivo”, desses que faço e que temos na Capela Theotókos para a Bênção de São Bento.

Nesta hora ouvi um ruído vindo da porta. Era um homem muito bem vestido, com uma roupa diferente, que eu não conhecia. Pedia aos garotos para entrar. Eles, por sua vez, olhavam para mim, como se eu tivesse o poder de autorizar esse homem a ir até a Mãe de Jesus. Depois esse homem fez sinal para mim, para que eu o permitisse entrar. Olhei para a doce Senhora, para ver se Ela permitia ou não a sua entrada. Mas Ela apenas olhava para mim, como se estivesse esperando a minha decisão. Não tive outro recurso senão falar, olhando para Nossa Senhora:

– Eu não posso impedir ninguém de entrar.

Ela me respondeu:

– Permita, então. Mas lembre-se de que ele terá de passar por estas três passadeiras, pelas quais passei e muitos de vocês passaram e irão passar, seguir o caminho que segui, vir até a mim e colocar no colo este crucifixo. Pergunte a ele se fará isto.

Perguntei. Ele deu uma gargalhada e respondeu-me:

– Este caminho não é meu, apesar de ter que entrar pela mesma porta para chegar até vocês. Peça a esses que o protegem para tirarem essas passadeiras, colocarem no meio da sala uma cadeira para mim, e coloque na estátua este pano.

Então mostrou-me um pano preto, onde estava escrito em letras brancas: “Aqui não tem nada, não tem azul, não tem vermelho e nem amarelo.”

Eu, olhando para os garotos, respondi:

– Isso não posso fazer!

Mas Nossa Senhora me disse:

– Pode sim, ninguém o impede.

– Eu sei. Mas se Deus lhe deu poder, e a nós, para seguir este caminho, deve ter dado a ele também. Por que ele então não faz o mesmo?

– Porque este caminho serve para todos e para aqueles que escutarem os meus apelos, mas terá que terminar sempre no mistério da cruz. Este mistério só é revelado a quem estiver apto a entrar por esta porta, seguir este caminho e chegar até aqui.

– Ele não está? – perguntei a Ela.

– Pergunte a ele.

Perguntei, e ele me respondeu:

– No meu caso, aptidão para isso é algo que recebo pelo conhecimento. Eu tenho conhecimento, mas não desejo. Não desejo de forma alguma seguir regras impostas. E você, é capaz de fazer este caminho?

– Acho que sou.

Fui até a porta, saí e entrei, fazendo o mesmo que Nossa Senhora tinha feito. Quando cheguei perto dela, Ela me deu o crucifixo. Então vi uma coisa impressionante: a imagem de Jesus ficou viva e do meu tamanho, retirou os braços que estavam presos pelos pregos e me deu um forte abraço, dizendo:

– Você está seguindo o caminho de minha Mãe.

O homem que estava à porta afastou-se, e eu o escutei dizer:

– Isso não faço! isso não faço!

E Nossa Senhora disse:

– Com o poder do Deus Altíssimo, usando a espiritualidade adquirida na Terra por Eduardo, a segunda carta será entregue no destino. A primeira carta chegou. Agora desejo que peça a Jesus por toda essa gente que o ajuda e fará parte do meu plano, e impeça que o Diabo os domine com a sua presença, até que todas essas cartas sejam enviadas. Estarei com vocês, vigilante.

– Como vou fazer isso?

– Faça como viu. Estarei caminhando até vocês pela trilha que seus anjos lhe mostraram; e Jesus irá protegê-los, porque pela porta que entrei vocês podem seguir-me, mas o Diabo, inchado pela soberba, não passará por ela. Vamos agora abrir esta porta?

Então me vi de volta à capela, assentado na cadeira, assustado, com uma nítida impressão de que tinha recebido um abraço de uma pessoa toda suja de sangue. Isto me deixou desconcertado, e tentava por isso limpar a minha roupa, quando vi que a porta da sacristia estava aberta.

 

Referência: LOPES, R. Uma Porta.. In: LEMBI, Francisco. Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Magnificat, 2010. p. 71-75.

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