Lc 2, 22-40
Este texto nos dá a idéia do momento em que ocorreu a transição do Velho para o Novo Testamento e, também, o que é cada um deles.
Aqui são mostrados dois personagens: um velho e uma velha (Simeão e Ana). Ele foi ao Templo "movido pelo espírito". Já estava lá, quando chegou Jesus, levado pelos pais.
"Nessa mesma hora" chegou a velha (Ana). Ele representa o Antigo Testamento, com a força da Aliança. "Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte antes de ver o Cristo do Senhor", ou seja, o Antigo Testamento findaria com o surgimento do Novo Testamento, um cedendo lugar ao outro. A ela deu a conhecer o Menino-Deus, o Redentor. Isto parece um paradoxo, porque até hoje os judeus não reconhecem Jesus como o Messias.
Deus quis que aquele homem, Simeão, fosse o representante da Velha Aliança, ou Antigo Testamento. Fosse o representante daqueles aos quais, mais tarde, o Espírito levaria o menino, para lhes falar no Templo. O Antigo Testamento se despede, dizendo: "Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o Teu servo, segundo a Tua palavra".
A Palavra de Deus era a promessa da Velha Aliança, para o que ainda estaria por acontecer. Por isso o velho (Simeão) disse: "…porque meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste em face de todos os povos, luz para iluminar as nações, e glória de Teu povo, Israel." É um discurso de despedida, um divisor de águas. Por isso José e Maria ficaram admirados com o que diziam dele. Mas entenderam e poderiam assim pensar: Este velho está se despedindo de tudo aquilo que representaria a Velha Aliança de Deus para com os homens.
Vimos que naquele lugar tinha uma velha, viúva, que havia vivido com o marido sete anos. Os dons do Espírito Santo dados à humanidade, por Jesus, são sete. Esta velha chegou aos oitenta e quatro anos.
Vejamos: 8+4=12, doze foram as tribos que representaram a Velha Aliança, e doze foram os apóstolos escolhidos por Jesus, fundamentos de Sua Igreja. Isto é, a Velha Aliança terminando para dar lugar à Nova Aliança. Portanto essa profetisa, Ana, representa a Igreja nascente, aquela Igreja a ser implantada por Jesus, através do Novo Testamento, na nova e eterna Aliança.
Após a virgindade, esta mulher vivera sete anos com o marido e depois ficou viúva. Isto é, ela estava nascendo para algo, se desvinculou de uma situação, diante de uma nova situação. Sabemos disso porque ela não se afastava do Templo, servindo a Deus dia e noite.
Este é o discurso do Antigo Testamento se despedindo, face ao Novo Testamento que nascia e se apresentava, já mostrando toda a sua criação, que é a Igreja inspirada nos sete dons do Espírito Santo e alicerçada nos doze apóstolos.
Referência: LOPES, Raymundo. Apresentação de Jesus no Templo: Lc 2, 22-40. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 47.