Maria Santíssima retoma algumas advertências transmitidas pela Irmã Lúcia à cúpula da Igreja: a influência de uma ciência sem Deus, o descrédito diante dos dogmas, a devastação da doutrina, a necessidade de levar o Evangelho ao mundo inteiro e outras.
31 de março de 1992
No dia 31 de março de 1992, Nossa Senhora estava comigo na Capela Magnificat. Era o oitavo encontro dos nove que havia me pedido. Além do diálogo que pretendia publicar, ficava um trecho para o qual Ela me pedia reserva. Eu somente poderia mostrá-lo ao padre Mário Gerlin, recomendando-lhe que o levasse ao meu arcebispo. Se isto não fosse possível, nós dois deveríamos guardar segredo sobre o assunto, colocando-o em público somente em dezembro de 1996. Ela também me esclareceu que nesta data o padre Mário não poderia mais falar sobre isso, pois Jesus já o teria levado1. Eu perguntei a Ela:
– A Senhora sabe quando o padre Mário vai morrer?
– Não, mas até dezembro de 1996 ele não estará mais entre vocês.
– Posso falar isso a ele? – perguntei.
– Não, este é um assunto sobre o qual você não deverá falar.
Este documento foi redigido em 21 de abril, na presença do padre Mário Gerlin. Tornou-se conhecido ao grupo missionário no dia 1º de dezembro de 1996, na Capela Magnificat. Cinco dias antes, após a mensagem Abram a Bíblia e façam uso do Evangelho, Nossa Senhora havia me antecipado que só poderia publicá-lo quando tivesse em mãos algumas palavras da irmã Margarida. Eu estranhei, pois essa irmã havia falecido alguns meses antes2. Na manhã de 1º de dezembro, chegou à Vila del Rey a missionária Sara Campos Rodrigues trazendo uma carta da “florzinha beneditina”3 a uma religiosa de Bom Despacho. Entendi então que havia chegado o momento de atender ao pedido da Mãe de Deus.
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Vou procurar então relatar aqui, com a maior exatidão, o que escutei da Santíssima Virgem naquele dia. Esclareço que já falei com o padre Mário, o qual me prometeu tentar falar com o arcebispo sobre o assunto. Entretanto, atendendo ao que Ela me recomendou, nada lhe disse sobre a sua morte.
Foram estas as palavras de Nossa Senhora:
“No ano da Terra de 1917, falei à pequena pastora Lúcia de coisas hoje conhecidas por vocês. Fiz conhecer também um assunto que pedi que mantivesse em segredo e fosse revelado somente após o ano da Terra de 1960. São acontecimentos que, somente após esta data, seria conveniente que fossem levados a público. Lúcia o redigiu anos depois, para que, cumprindo pedido meu, fosse oficiosamente entregue ao papa que estivesse no comando da Igreja.
Seus membros deveriam conscientizar-se dos momentos perigosos, quando a força de Satanás estivesse liberada entre eles, no período que compreendesse 1960 a 2015, e pedir a Deus a sua divina intervenção. Caso contrário, se isto não fosse feito, Eu retomaria o assunto das minhas aparições utilizando de todos os meios para uma conscientização e uma mobilização leiga que pudessem atenuar este degradante processo, porque, por vontade de Deus, no fim destes tempos o meu Coração Imaculado deverá triunfar.
Alertei para o fato de que a Igreja de Cristo estaria, próximo do término deste milênio, susceptível a toda sorte de desgastes morais e financeiros, e que devido a isto seus alicerces seriam abalados pela ganância e pelos interesses pessoais de líderes leigos, bispos, arcebispos e cardeais. Uma tecnologia maligna dominaria o mundo. Os líderes religiosos seriam arrebanhados como doces ovelhas, iludidos pelo brilho efêmero de suas luzes, a seguir o falso pastor, que os enganaria com promessas vãs, sem consistência espiritual e moral. O coração da Igreja de Cristo seria invadido pela ciência sem Deus e por uma tecnologia comandada pelo Diabo. O descrédito diante dos dogmas causaria uma devastação sem precedentes em sua doutrina. E tudo isso aconteceria sutilmente em seus bastidores, como um câncer a corroer todo o corpo da Igreja, comprometendo o seu organismo espiritual, quando no futuro a razão sobrepujaria a fé.
Pedi que o Evangelho fosse urgentemente viabilizado em toda a Terra, que fosse facilitada a sua compreensão pela camada leiga e simples da Igreja, para que então pudesse ser vivido em plenitude. Isso deveria ser feito pela Igreja Católica Romana com testemunhos de fé incontestáveis, para que se evitasse o máximo possível uma grande evasão de fiéis e, consequentemente, a proliferação de seitas promovidas pelo Diabo, que levariam os cristãos a sangrentas lutas, à divisão e ao descrédito.
O meu pedido não foi levado em conta, porque os papas deste tempo se calaram, acreditando mais na eficácia da lógica do comportamento adotado pela Igreja humana do que em se entregarem à luta comandados pelo Espírito Santo. Desprezaram a teologia mística e deram vazão à teologia da razão.
O Evangelho não foi levado ao Oriente, onde ainda prevalecem seitas milenares, perigosas à doutrina cristã, que desconhecem inteiramente Jesus. Temiam mártires, achando que bastariam mudanças drásticas, facilitando coisas na Igreja, para abri-la aos países asiáticos. Não contavam que com isso estariam também abrindo uma perigosa fissura na Igreja, facilitando a entrada de conceitos estranhos à doutrina de Cristo.
Deus, em sua Divina Misericórdia, permitiu que tomasse lugar no trono de Pedro um polonês escolhido por mim, para tomar sobre si, nos últimos tempos, o peso desse pecado de omissão e procurar atenuar com a minha assistência esse processo degenerativo da Igreja. Mesmo sabendo agora da impossibilidade da sua eficácia plena, pôs-se à luta. Esse homem, ao ter conhecimento do meu alerta, tomou sobre si esse pesado fardo, colocou-se em campo imbuído da férrea vontade de servir a Deus e ao meu pedido feito em Fátima no ano da Terra de 1917, e de salvar a maior quantidade de almas possível. Por isso fiz minha presença nestes últimos setenta anos da Terra, numa profusão ininterrupta de aparições a leigos, com mensagens, sinais, locuções, etc., no sentido de colocar o meu Coração Materno em ajuda a esse escolhido por mim, para que pudesse ter forças e não sucumbisse. Deus, agora, como estava previsto, permite a final provação à sua Igreja. Ela própria desfere o golpe final nesse homem, e numa velada desaprovação aos seus constantes deslocamentos, tentando fazer nestes últimos tempos aquilo que deveria ter sido feito desde o início, quando o pedi no ano da Terra de 1917, o fere mortalmente no coração.
Estamos no início do fim destes tempos, e o braço de Jesus baixará para a colheita. Foram muitos os chamados, mas infelizmente serão poucos os escolhidos. O mundo inteiro preocupa-se com catástrofes naturais, devido à perplexidade e ao silêncio dos papas sucessores ao tomarem conhecimento do que relatei à pastora Lúcia. Previno agora: elas virão, em resposta à omissão do corpo clerical superior da hierarquia católica, para o qual foi colocada por Jesus a tarefa de fazer a sua Palavra conhecida e vivida no mundo inteiro antes do término destes tempos. O castigo pela omissão foi bastante atenuado pelo trabalho desse polonês, mas, como está escrito, virá.
Agora, no raiar da aurora desses novos tempos que se aproximam, o meu Coração Materno se volta para a América Latina, pois desejo salvá-la, pela vontade do Deus Todo-Poderoso, desta catástrofe da falta de fé. Esta é, pois, a razão por que tanto me manifesto na América e, agora, especialmente no Brasil.
Medjugorje é para mim a intenção de salvar um povo em guerra e dar ao mundo um modelo de paróquia voltada à evangelização pelo amor. Mas, mesmo lá, sentirei no final o gosto amargo da traição ditada por interesses mundanos.
Na América, é minha intenção evitar uma iminente guerra religiosa fratricida. Abram as igrejas à prática do Rosário. Sucedam-no ou precedam-no de Missas. Deixem o leigo rezar e chamar sobre si o Espírito Santo. Consagrem a América ao meu Coração Imaculado. Usem dos leigos; façam aquilo que o Concílio lhes proporcionou: maior liberdade de ação, e salvem a América Latina da apostasia do terceiro milênio. Levem este meu último apelo à hierarquia eclesiástica latino-americana, e façam uma barreira ao fétido vento proveniente de uma Europa apodrecida pelo pecado da dessacralização. Desejo salvar a Igreja no Brasil, para que estenda a luz do Espírito Santo a toda América Latina. Não esmoreçam diante da indiferença comandada por interesses mundanos e de uma distorcida teologia interesseira, direcionada pura e unicamente a fazer a vontade dos homens, perdendo o seu precioso tempo em batalhas sociais que poderiam ser resolvidas vivendo o Evangelho.
Que isso seja relatado a Dom Mário4 e levado ao seu arcebispo. Se este não tiver o coração aberto, retorne a você até dezembro de 1996. Que o livre-arbítrio voltado para o bem aja. Entrego a Deus minha tarefa cumprida, pois nada mais poderei fazer. Entretanto, com a permissão do Todo-poderoso, o meu Coração Imaculado estará triunfante.
Hoje lhe peço: ofereça as injustiças cometidas contra você em sacrifício pela conversão dos pecadores.
Muito obrigada por ter atendido ao meu pedido”.
Preocupado, perguntei:
– A Senhora me disse palavras de grande importância. Como vou me lembrar de tudo isso?
– O que lhe falo, falo ao seu coração; você lembrará.
Dizendo isto, a visão começou a se desvanecer, até desaparecer por completo.
1 O padre Mário Gerlin faleceu em 27/02/1993.
2 A irmã Margarida faleceu em 01/05/1996.
3 Apelido com que Nossa Senhora se referia à irmã Margarida.
4 Padre Mário Gerlin.
Referência: LOPES, Raymundo. Final de Milênio I. In: LEMBI, Francisco. O Terceiro Segredo: A Vinda de Jesus. Belo Horizonte: Sim, 2005. p. 62-66.