Benção gay, grande tensão entre os Cardeais

Catequese
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Infovaticana, 17 de fevereiro de 2018.

[https://infovaticana.com/2018/02/17/bendiciones-gais-gran-tension-los-cardenales/].

Artigo de Marco Tosatti, publicado originalmente em La Nuova Bussola Quotidiana .

[http://www.lanuovabq.it/it/benedizioni-gay-alta-tensione-tra-cardinali].

Tradução. Bruno Braga.

Uma batalha está sendo travada no território de língua alemã da Igreja sobre a benção de casais homossexuais, uma discussão lançada pelo vice-presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, Monsenhor Böde, e de alguma forma apoiada e compartilhada pelo presidente de tal Conferência, o Cardeal Marx.

Depois da forte condenação por parte do Cardeal Josef Cordes, antigo prefeito do Cor Unum, veio a condenação de Monsenhor Laun, Bispo Emérito de Salzburgo, cuja demissão por ter alcançado o limite de idade foi aceita rapidamente pelo Papa.

Mas, contra ele, levantou-se a voz do Cardeal Christoph Schönborn, Arcebispo de Viena, e de outros Bispos da Conferência Episcopal austríaca, sobretudo progressistas. Laun falou de ações contra os mandamentos de Deus e citou, entre outros, o extermínio programado nos campos de concentração e as organizações de crime organizado. Schönborn declarou que “não é em absoluto aceitável mencionar o valor das uniões entre pessoas do mesmo sexo e a máfia ou os campos de concentração como, lamentavelmente, aconteceu. Estas coisas não são comparáveis. Falar assim não é aceitável”. Laun pediu desculpas, dizendo que “existem pessoas que pensam que, de alguma forma, eu as insultei. Não o fiz e nunca quis fazê-lo. Se alguém assim pensa, sinto muito e posso pedir perdão”. Laun declarou que sua intenção era apenas sublinhar que “o denominador comum é que vai contra os mandamentos de Deus, portanto, a Igreja não pode dar a sua benção, nem por pecados pequenos nem por grandes pecados”. O Bispo acrescentou que a maior parte das pessoas entendeu o que ele queria dizer, “e muitos me agradeceram”.

Porém, talvez mais interessante que a polêmica sobre a qualidade e a adequação dos exemplos utilizados pelo Bispo Emérito de Salzburgo é a posição apresentada pelo Cardeal Schönborn, “nomeado” pelo Papa como o seu intérprete autorizado da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, sobre o objeto principal da discussão, a saber: a aceitação ou não por parte da Igreja das uniões entre pessoas do mesmo sexo.

“O matrimônio coloca para todos nós, como Igreja, alguns desafios para os quais não temos fórmulas seguras”, declarou o purpurado. “Temos que encontrar respostas precisas para essas questões que concernem à dignidade e à salvação das almas interessadas”. Um periodista católico, citado anonimamente pelas agências, comentou: “Para o Cardeal Schönborn parece justo criticar o Mons. Laun, mas onde está a sua crítica contra o Cardeal Marx?” O presidente da Conferência Episcopal alemã afirmou, concretamente, que é tarefa de cada sacerdote decidir que atitude adotar, também a partir do ponto de vista da benção ou não, com os casais homossexuais que pedem um reconhecimento de sua união por parte da Igreja. Além disso, Schönborn, durante o Sínodo sobre a família, em 2015, pediu em uma entrevista o reconhecimento dos “elementos positivos” presentes nas uniões homossexuais.

“Podemos e devemos respeitar a decisão de formar uma união com uma pessoa do mesmo sexo e encontrar o modo, nas leis civis, para proteger sua vida junto com leis que garantam essa proteção”. Em 2016, no boletim de sua Catedral, Santo Estevão, publicou um artigo sobre dois homens e seu filho adotivo, apresentando-os como casados.

Entretanto, faz alguns dias, o Cardeal Gerhard Müller, antigo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, falando em uma conferência em Bratislava, organizada pela Universidade Comenius, e sobre o tema da Veritatis Splendor, criticou duramente a hipótese adiantada pelo Mons. Franz Josef Böde e apoiada pelo Cardeal Marx. Depois da conferência, ele respondeu assim uma questão: “Se um sacerdote abençoar um casal homossexual, é uma atrocidade cometida em um lugar sagrado; é aprovar algo que Deus não aprova”. Müller, em sua intervenção, lamentou a separação entre o ensinamento moral e o doutrinal na Igreja, e disse que “a transformação da Igreja em uma ONG para melhorar as condições da vida mundana” é “uma modernização suicida” que priva a humanidade da verdade divina.

Com relação à Amoris Laetitia, o Cardeal disse sentir-se triste diante da pluralidade de interpretações por parte das Conferências Episcopais. “Nas questões dogmáticas não pode haver pluralismo. Há um único Magistério e as Conferências Episcopais só podem decidir sobre questões pastorais. Ideias contraditórias em tema de Sacramentos levam a situações de caos”, disse o purpurado. “Quem vive em estado de pecado mortal não pode receber a Sagrada Comunhão”. Para Müller, o dever do Papa “é unir a Igreja, é para isso que é Papa”. É o que disse Müller ao Papa Francisco: se as Conferências Episcopais apresentam interpretações distintas da Amoris Laetitia, a Igreja entra “em uma situação semelhante à que estava antes da Reforma”.

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