VIII- A entrega do segundo sinal: encontro com o Papa Bento XVI em 2007
A pedido de Nossa Senhora, Raymundo Lopes viaja a Roma e entrega pessoalmente ao papa Bento XVI, com o auxílio providencial do arcanjo Uriel, uma cruz de São Bento e um livreto em latim com revelações dadas nas aparições de Belo Horizonte.
Na manhã do dia 30 de junho de 2007, Raymundo passeava pelo jardim de sua casa, na Vila del Rey. De repente ouviu uma música suave e desconhecida que se tocava no órgão da Capela Magnificat. Intrigado, Raymundo entrou na capela, e encontrou uma das crianças que costumam visitá-lo sentada ao órgão.
– Daniel! disse o Anjinho ao vê-lo.
Depois anunciou:
– A doce e serena Senhora deseja falar com você.
– Falar comigo? Onde? perguntou Raymundo.
– No mesmo lugar onde falou com você aqui na capela.
Raymundo então seguiu com muito cuidado pelo corredor. Após algum esforço para interiorizar-se no amor pela bela Virgem, distinguiu um vulto branco sentado na cadeira da sacristia.
– É a Senhora que está aí? perguntou ele.
– Sou eu, Daniel, e desejo falar com você.
Os traços da Mãe de Jesus foram aos poucos ganhando nitidez. Ela estava vestida de branco, com um véu que deixava descobrir algo do cabelo. Tinha os pés descalços e acariciava um lírio que estava ao lado da cadeira.
– Você crê que Jesus pode retornar à terra para dar cumprimento ao que disse? perguntou a doce Maria.
– Já dei provas bastantes que creio.
– Então está disposto a mais uma etapa?
– Em que fase?
– Ir a Roma e entregar diretamente a Bento XVI a cruz de São Bento que você fez, com os escritos, tudo no estojo que está em seu poder.
– A Senhora quer dizer ir ao Vaticano? -, Raymundo perguntou assustado.
– Sim!
– Até parece que a Senhora não conhece o Vaticano!
– Conheço muito bem, melhor do que você e melhor do que todos os sacerdotes do mundo.
– A Senhora deseja então que eu peça ajuda a algum Bispo?
– Não, deixe isso por conta de Jesus e minha.
– Eu não tenho dinheiro para viajar.
– Eu também não, mas não é uma questão de dinheiro.
– O que é, então?
– Uma questão de fé em Jesus e em Seu poder.
– Estão preparando uma excursão à Europa, que já tem até data.
– Eu sei; você irá nela.
– Gostaria que minha esposa e meu filho fossem também.
– Eles irão.
– Mas não temos dinheiro, insistiu Raymundo.
– Eu também não, mas não é uma questão de dinheiro.
– Já sei; uma questão de fé em Jesus.
– Sim. O dono da mentira tentará afastá-lo da viagem até a última hora, mas confie em Jesus, porque Ele deseja que você vá ao Vaticano.
Raymundo permanecia confuso:
– Mas, Senhora, como vou entregar a cruz ao Papa? Isso é impossível!
– Para Jesus nada é impossível.
– Então fale com Ele para arranjar alguém lá que me ajude.
– Isso já foi providenciado.
– Quem?
– Seu amigo sacerdote, que o recebeu quando você entregou a minha imagem de Aparecida.
– Dom João?
– Sim; entre em contato com ele.
– Ele não vai me receber com uma incumbência dessa.
– Você será instruído, em etapas. Aceita mais este compromisso?
– Se a Senhora garante, aceito.
– Eu garanto, disse a Santa Virgem com uma altivez toda delicada.
– Tem mais alguma coisa que a Senhora deseja me falar?
– Tenho.
– Qual?
– Faça com que essa história seja colocada na língua da Igreja.
– Latim?
– Sim.
– Mas isso já está sendo feito.
– Eu sei, porque foi inspirado a você pelo Céu. Mas insista que um pequeno livreto acompanhe a cruz, com o relato de minhas aparições até Guadalupe.
– Vou tentar.
– Não seja racional. Jesus está lhe abrindo caminhos; não é você.
– Me desculpe, mas isso tudo é uma loucura! Desabafou Raymundo.
– Não, loucura é aceitar tudo o que o dono da mentira lhes proporciona. O mundo vive uma loucura racional, acreditando somente no poder de valores. Vocês vivem numa avalancha material sem precedentes, acreditando que uma tecnologia limitada lhes oferecerá segurança. Isso é loucura.
– Já entendi, Raymundo rendeu-se por fim.
– Que bom que entendeu; tenho que ir.
Dizendo isso, Nossa Senhora desapareceu.
A partir desse dia iniciaram-se os preparativos para a viagem. Raymundo entrou em contato com a empresa Menfis Turismo, de Rondonópolis, e confirmou presença na excursão que passaria por Roma e terminaria em Paris. Em seguida telefonou para Monsenhor Giovanni, que riu da ideia de entregar um presente ao Papa, mas em todo caso aceitou recebê-lo, contanto que o encontro fosse protocolado na Secretaria do Vaticano.
No dia 14 de setembro, Raymundo chegou a Roma com a excursão. Levava a cruz de São Bento e a publicação em latim com a verdadeira história das aparições de Paris, Lourdes e Fátima, nas quais a bela Senhora tentou que a Igreja anunciasse o retorno de Jesus, e da aparição de Guadalupe.
Assim que chegou, Raymundo telefonou para Dom Giovanni. E foi direto ao ponto: precisava entregar um presente ao Papa. Dom Giovanni ficou furioso, e sentenciou que isso não poderia acontecer. Mais tarde Raymundo insistiu com outro telefonema, suplicando em nome de Deus para que ele fizesse alguma coisa.
– Você ficou maluco? -, Dom Giovanni perguntou irritado.
– Estou. E se você estiver também, podemos somar nossa maluquice em nome de Deus e de Maria Santíssima.
– Mas que presente é esse?
– Uma cruz.
– Uma cruz?! Dom Giovanni não acreditava no que ouvia.
– Sim, uma cruz de São Bento.
– Raymundo, o que não falta aqui é cruz; o Papa tem aos montes!
– Mas esta é diferente.
– Como assim?
– Ela tem o São Bento e o retrato do Papa atrás.
– Você colocou o retrato do Papa numa cruz de São Bento?
– Sim, coloquei; foi Nossa Senhora que mandou.
– Você ficou maluco? Como Nossa Senhora poderia pedir para colocar o retrato do Papa numa cruz de São Bento?
– Isso eu não sei, mas que mandou, mandou; e eu obedeço.
– Onde está essa cruz?
– Aqui comigo, no hotel.
Houve algum silêncio, e depois Dom Giovanni disse:
– Vou ver o que posso fazer; me ligue daqui a uma hora.
Raymundo começou a sentir-se mal. Passou em seguida a rezar o Terço da Divina Chama: “Vinde, Espírito Santo, sede a minha força e o meu entendimento…” O silêncio do quarto o envolvia com uma solidão angustiante.
– Por favor, doce e serena Senhora, me passe um pouco da sua serenidade. Dom Giovanni não está entendendo nada, e não vou poder entregar a cruz.
Nisso Raymundo escutou um arrulhar de pombas. Uma pombinha branca apareceu na janela. Depois alçou voo, pousou na cabeça de Raymundo e começou a bicar-lhe o cabelo.
– Pare com isso, está me machucando! Reclamou ele.
Logo depois a pombinha voou pela janela fora. E como por milagre, Raymundo sentiu-se calmo.
Na hora marcada, ele telefonou novamente para Dom Giovanni, recebeu de instrução:
– Traga seu presente. Dirija-se à Secretaria e peça ao encarregado para me entregar a cruz.
– Mas, Dom Giovanni, a cruz é para ser entregue ao Papa. Foi Nossa Senhora que mandou.
– Por enquanto, faça o que eu estou mandando.
Na manhã seguinte, Raymundo foi ao Vaticano junto com o grupo da excursão. Vestia um terno escuro e portava seu crachá de Ministro da Eucaristia. Levava o estojo da cruz de São Bento debaixo do braço. Enquanto o pessoal da excursão passeava, ele foi à Secretaria do Vaticano. O porteiro informou-lhe que Dom Giovanni deixara instrução para que recebessem o presente. No entanto, Raymundo caiu no erro de perguntar como o presente chegaria ao Papa. Desconfiado, o porteiro o olhou de cima a baixo. Depois ligou para Dom Giovanni:
– Está aqui um senhor do Brasil com um presente para o Papa. Isso é impossível; não posso receber.
Em seguida o porteiro passou o telefone para Raymundo. Dom Giovanni estava furioso.
– Não diga nunca que essa cruz é para o Papa! Diga que é um presente para mim! (…) Mande entregar a cruz para mim e me telefone daqui a duas horas.
Raymundo então entregou a cruz para o responsável pela Secretaria, e saiu à procura dos colegas de viagem. Duas horas depois, foi a um telefone público.
– Vou fazer a maior loucura da minha vida! -, Dom Giovanni disse angustiado.
– Como assim?
– Já autorizei a sua entrada pela porta de bronze. Esteja aqui às 15 horas em ponto. Sua Santidade vai passar em frente à minha sala.
– O Papa vai passar aí?
– Sim. Vamos fazer o que Nossa Senhora deseja: entregar a cruz ao Papa.
– Louvado seja Deus! Raymundo não se continha de alegria.
– Que Deus seja louvado mesmo, porque depois disso eu posso ser despedido ou afastado do meu cargo.
– Que casa?
– Porque é um ato de insubordinação, e pode levar a segurança do Papa a pensar que estou infiltrando pessoas entranhas junto dele. Estamos em alerta devido a uma série de informações sobre atentados. Tudo deve parecer natural. Que Deus nos ajude!
Durante a tarde, o Vaticano foi literalmente invadido. Milhares de pessoas tentavam entrar na Basílica de Pedro. Pela fisionomia, era possível distinguir grupos de várias nacionalidades.
A quinze minutos da hora marcada, Raymundo correu até a Porta de Bronze. Quatro guardas suíços o barraram, pedindo uma série de informações. Nisso Raymundo se enrolou com o italiano, e entrou em pânico. A língua travou-lhe na boca; não conseguia responder nada.
Aflito, ele se afastou dos guardas procurando um lugar reservado. Começou então a rezar, sabendo que suas forças já não bastavam:
– Me perdoe, Senhora. Preciso de sua ajuda!
Neste momento Raymundo sentiu um aperto na mão. Voltou-se, e viu uma criancinha bastante familiar: o Arcanjo Uriel.
– Que loucura! Você por aqui? perguntou admirado.
– Sim; o Senhor Jesus me enviou para ajudá-lo no plano da doce e serena Senhora.
– Estou perdendo a hora; como você pode me ajudar?
– Segure firme em minha mão e venha comigo. Se for necessário, diga que sou seu filho.
Raymundo e o Anjinho caminharam em direção à Porta de Bronze. Na entrada, passaram por dois guardas suíços sem serem interrompidos. Um pouco mais à frente, passaram novamente por mais dois guardas. Subiram um lance de escadas e no segundo piso se depararam com outro guarda. Ele permaneceu estático, como se os dois não existissem. Logo em seguida alcançaram a sala de Dom Giovanni.
– Você está perdendo a hora, Dom Giovanni disse aflito. Sua Santidade já está a caminho. Quem é esta criança?
Intrigado, Raymundo respondeu:
– Meu filho.
O Anjinho sentou-se em uma cadeira da sala. Dom Giovanni pegou o estojo da cruz e puxou Raymundo para o corredor. Bento XVI se aproximava com dois Sacerdotes, que pareciam Bispos.
Dom Giovanni interrompeu o Papa na frente da sala.
– Santidade, este senhor é do Brasil; foi um grande amigo de Dom Neves, e deseja lhe presentear com uma cruz.
Assustado com a interrupção, Bento XVI olhou Raymundo de cima a baixo. Depois disse a Dom Giovanni em italiano:
– Qual o motivo do presente?
– É uma escultura que ele mesmo fez e deseja lhe ofertar.
– Ela já foi vistoriada?
– Sim, Santidade.
– Deixe-me vê-la.
O Papa então abriu o estojo e examinou a cruz. No verso da cruz, viu seu retrato com as palavras de São Bento. Depois disse a Raymundo em português:
– Muito bonita e muito bem feita. É São Bento?
– Sim, Santidade.
Raymundo rezava para que o Papa não visse o livro com o relato sobre as aparições de Nossa Senhora.
– Você foi amigo do Cardeal Neves? continuou o Papa.
– Sim, Santidade. E estive com o senhor por duas vezes no apartamento dele.
– Comigo?
– Sim, o senhor era Cardeal.
– Ainda sou Cardeal.
– O senhor é Papa.
– Sou um Cardeal que Deus quis que fosse Papa. Qual é o seu Bispo responsável?
– O de Belo Horizonte.
– Ele sabe de sua viagem?
– Não, Santidade.
– Ele sabe que o senhor é escultor?
– Acho que não, Santidade. Mas não sou escultor.
– Não foi você que fez a cruz?
– Foi, Santidade.
– Então é um escultor. E em seguida o Papa encerrou a conversa:
– Estou com um compromisso agora e tenho que ir.
Nisso Bento XVI entregou a cruz para o Sacerdote ao lado. Fez um gesto como que abençoando Raymundo, e partiu.
Instantes depois, Dom Giovanni ainda suava em bicas.
– Fiz tudo isso por Nossa Senhora; agora espero que Ela segure o meu emprego. (…) Agora você precisa se retirar o mais urgente possível. Você foi revistado na entrada?
– Não, respondeu Raymundo, e depois contou como havia chegado à sala.
– Mas, como? -, Dom Giovanni perguntou confuso.
– Não sei. Mas passamos por todos os guardas e não fomos interrompidos.
– Então é melhor retornar por outro caminho. Venha comigo.
Raymundo e o Anjinho acompanharam Dom Giovanni. Desceram várias escadas e saíram dentro da Basílica de São Pedro.
Nisso Raymundo pediu:
– Você pode tirar uma foto nossa?
– Foto de vocês? Você não está surpreso com o acontecido? Isso foi uma tremenda exceção! Isso não acontece! E você ainda deseja uma foto?
– Só uma! insistiu Raymundo.
Resignado, Dom Giovanni pegou o celular de Raymundo e tirou a foto. Depois partiu pelo mesmo caminho. Logo em seguida apareceu um grupo enorme de japoneses, e o Anjinho se perdeu na multidão.
A cruz estava na mão do Papa, como era o desejo de Nossa Senhora.