VI- O anúncio do retorno de Jesus
O anúncio do retorno de Jesus tem sido um mote recorrente na vidência de Raymundo Lopes. Desde o início das aparições de Nossa Senhora, em 1992, já estava claro que a revelação da Parusia seria um dos carismas do grupo missionário nascido em Belo Horizonte.
Aos poucos, porém, uma história que permanecia escondida em recantos obscuros do Vaticano veio à luz. As aparições de Belo Horizonte são apenas a última das tentativas de anúncio da Parusia. Na verdade, a Igreja de Cristo vem de longa data sendo chamada a assumir o papel de portadora natural desta Boa Nova.
No dia 3 de março de 1992, Raymundo indagou a Maria Santíssima na igreja de São Sebastião, em Belo Horizonte:
– Senhora, o que quer de mim?
– Quero que transmita a todos o meu apelo para que rezem pela Igreja.
– A Senhora tem mais alguma coisa a falar?
– O que tinha a dizer, já o disse em Fátima; algumas coisas já aconteceram, e outras ainda não aconteceram.
– A Senhora poderia explicar melhor?
– Meu Filho está próximo a vir; isto Eu disse à pastora Lúcia, e pedi que guardasse segredo até sua hora oportuna, para que fosse revelado ao Papa da época. A Igreja terá que preparar o mundo para o retorno de Jesus, e somente ela tem o poder dessa revelação.
Esta foi apenas uma das várias menções de Nossa Senhora à negligência da Igreja com relação aos pedidos feitos nas aparições de 1917, em Fátima.
Na madrugada do dia 29 de junho de 2005, Raymundo recebeu a visita já familiar de uma criança, o Arcanjo Gabriel, em sua residência da Vila del Rey. Angustiado, Raymundo estava à procura de muitas respostas.
– Aperte a minha mão, disse o Arcanjo.
Assim que apertou a mãozinha delicada da criança, Raymundo como que entrou em torpor, e depois se viu em um lugar todo azul. Em seguida, ele distinguiu a bela Senhora se aproximando. No diálogo que se seguiu, Raymundo recebeu esta revelação:
– Em Fátima falei a uma leiga, para os Papas, e eles não acreditaram; agora, falo a um leigo, para os leigos. No livro que o Céu lhe permite agora, afirme com veemência esse terceiro segredo, que também foi o de Fátima. Jesus está de retorno à Igreja, e agora serão vocês, leigos, que irão recepcioná-lo. Ele preparou a festa, e o banquete está pronto para ser servido; convidou a Igreja, eles não compareceram à festa; agora, Ele convida os aleijados e os coxos, isto é, vocês. Compareçam à festa que Ele lhes proporcionará!
Neste momento, já estava claro que a Santa Sé havia ocultado parte das revelações dadas em terras portuguesas. No dia 1º de abril de 2007, porém, descobriu-se que o ocultamento da Parusia nas aparições de Nossa Senhora remonta na verdade ao século XIX. A história dessa recusa escatológica já conta quase dois séculos.
Raymundo se encontrava em sua residência, na Vila del Rey. Caminhando pela manhã no condomínio, deparou-se com as três crianças que costumam visitá-lo: os Arcanjos Gabriel, Raphael e Uriel. Cada Arcanjo segurava uma caixa, respectivamente nas cores azul, vermelha e amarela.
– Queremos lhe mostrar uma coisa! disseram eles. A doce e serena Senhora quer lhe revelar uma coisa importante por intermédio dessas caixinhas.
Nisso as crianças e Raymundo se sentaram sob o abrigo de uma árvore.
O Arcanjo Raphael deu início às revelações, e abriu a caixa vermelha. Dentro dela, Raymundo pôde ver Catarina Labouré, a quem Nossa Senhora apareceu na capela das Irmãs de Caridade, em Paris, no ano de 1830. Na visão, Catarina entregou uma folha de papel, onde se lia o nome “Aladel”, a um sacerdote, que por sua vez a entregou ao Papa. Neste manuscrito, redigido em francês, Raymundo pôde ler:
“Na altura do peito Ela sustinha um globo de ouro encimado por uma cruz, oferecendo-o a Deus. Nos dedos da bela Senhora havia três anéis, um com pedra azul, um com pedra vermelha e outro com pedra amarela, e delas jorravam raios de luz de diferentes intensidades e diferente beleza. Ela disse então: ‘Este globo representa a terra, que irá receber a segunda vinda de Jesus, e esses anéis que você vê em meus dedos representam que fui escolhida como medianeira da Santíssima Trindade para proclamar isso. Faça com que essa revelação chegue ao Papa, através de seu confessor. Peço que faça cunhar uma medalha conforme está vendo. As pessoas que a trouxerem receberão muitas graças por sua revelação’.”
Contrariando as instruções, a Igreja ordenou que se cunhasse a Medalha Milagrosa com um modelo diverso, em que a imagem de Nossa Senhora é semelhante à que se usa normalmente para representá-la sob o título de Imaculada Conceição, de pé sobre o globo e com as mãos estendidas emanando luz.
Em seguida, o Arcanjo Uriel abriu a caixa amarela. Raymundo viu então Bernadete Soubirous, que recebeu as aparições de Nossa Senhora na gruta de Massabielle, em Lourdes. Ela estava ajoelhada aos pés do Papa. Havia um sacerdote ao lado, a quem Bernadete disse:
– A Senhora que vejo manda dizer que é aquela que anuncia a segunda vinda de Jesus à terra, e está aqui por causa disso.
– Ela falou algo sobre ser a Imaculada Conceição? perguntou o sacerdote.
– Ouvi Ela dizer apenas isso, então perguntei quem era, e Ela respondeu: “Sou a Imaculada, aquela que deve anunciar a vinda de Jesus. Por isso estou aqui.”
– Tinha algo nas mãos?
– Tinha contas coloridas e delas jorravam raios de luz de diferentes intensidades e beleza.
– Era um rosário?
– Não sei responder; acho que não.
– Que casa?
– Porque faltavam muitas contas, e das contas coloridas saíam cores como o amarelo, azul e vermelho.
De início, Bernadete desconhecia a identidade da jovem que lhe aparecia. Costumava referir-se a ela apenas com o demonstrativo Aquilo. De acordo com o Dicionário de “Aparições” da Virgem Maria, do Padre René Laurentin, a aparição revelou sua identidade no dia 25 de março de 1858, dizendo a Bernadete somente isto: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Esta frase se consagrou na historiografia de Lourdes, muito embora esteja incompleta. O Arcanjo Uriel trouxe à luz que Maria havia se identificado como “aquela que deve anunciar a vinda de Jesus”, principal motivo de suas aparições. Esta revelação foi comunicada ao pároco de Lourdes, e depois chegou à cúpula da Igreja, que novamente se absteve do anúncio.
E por último, foi a vez do Arcanjo Gabriel abrir a caixa azul. Raymundo viu uma cena semelhante à anterior. Uma freira, neste caso a irmã Lúcia, uma das videntes de Fátima, estava ajoelhada aos pés do Papa, com um sacerdote ao lado.
– Conte-me o que viu, pediu o sacerdote.
– Vi uma linda senhora que pairava em cima de uma velha azinheira.
– Ela disse alguma coisa?
– Sim, disse, mas não posso relatar agora.
– Quando, então?
– Será escrito e entregue a ele, respondeu Lúcia olhando para o Papa.
Em seguida, Raymundo viu Lúcia escrevendo estas linhas:
– Venho até aqui para anunciar, pela terceira vez, a vinda de meu Filho à terra. Já a anunciei duas vezes, e não obtive resposta. Agora, esta é a terceira vez. Depois disso, se não obtiver uma resposta da Igreja, falarei fora dela, porque a humanidade necessita ser avisada de tal acontecimento. Não me foi revelado o dia nem a hora, mas me foi revelado que próxima está, e a Igreja necessita estar preparada para esta chegada. Fale disso ao Papa.
Como diria Maria Santíssima a Raymundo mais tarde, “os planos do Altíssimo exigiam três tentativas, e isto foi completado nas terras portuguesas; foi a terceira menina por mim escolhida para a mensagem à Igreja”. Sabe-se que a correspondência de Lúcia com as autoridades católicas foi abundante. Em uma das cartas deste epistolário, portanto, conforme a revelação do Arcanjo Gabriel, ela exortou o Papa a que se valesse da última oportunidade para que a Igreja fosse a anunciadora do retorno de Jesus.
Logo após, os Arcanjos aproximaram as três caixas, que depois se fundiram em uma caixa branca. Raymundo a abriu, distinguindo dentro dela quatro datas: 1830, 1858, 1917 e 1997.
– O que significa isso? perguntou Raymundo.
E juntos, os Arcanjos responderam:
– Significa o que você sempre diz: ninguém pode ser condenado sem ser julgado. A doce Senhora, em nome de Deus, providenciou para que a Igreja fosse a anunciadora do grande acontecimento que se aproxima, e isso foi por ela (a Igreja) racional e providencialmente escondido. A doce e serena Senhora confia em você.