Após ditar a mensagem semanal, Nossa Senhora exorta Raymundo à perseverança em meio às constantes dificuldades. “Será por meio do seu sofrimento que as minhas mensagens a você terão crédito entre os homens. É alicerçada no seu “sim” que estou passando a vocês todo o meu plano de ajuda à Igreja latino-americana”.
4 de abril de 1995
À medida que o tempo passa, aos poucos me vejo cumprindo, tanto quanto possível, o que Nossa Senhora me pede. Porém, tem sido difícil aguentar tanta pressão.
Fui criado dentro do catolicismo, mas somente hoje reconheço que foi na exterioridade que consegui manter a minha fé, porque se tivesse, quando moço, o conhecimento que tenho hoje dos bastidores da Igreja, talvez já não estivesse professando a minha religião.
Fico impressionado com os que deveriam ser sustentáculo da nossa fé se odiarem. Com que raiva lançam uns aos outros venenos de mentira e de injúria.
Esta semana tem sido para mim o Jardim das Oliveiras. Já pedi a Nossa Senhora que me afastasse esses problemas. Mas, se for impossível, que a sua vontade aliada à de Deus prevaleça.
Nesta terça-feira estou imensamente angustiado, e na expectativa de uma entrevista com o arcebispo, Dom Serafim1.
Quando me preparei para receber a mensagem desta semana no meu apartamento, em Belo Horizonte, o meu pensamento estava em Maria Santíssima, pedindo-lhe que não me abandonasse.
Acabando de ditar, Ela me disse:
– Meu filho, confie em mim. Entretanto, será por meio do seu sofrimento que as minhas mensagens a você terão crédito entre os homens. Desde o início o esclareci sobre este fato, nada lhe escondi. É alicerçada no seu “sim” que estou passando a vocês todo o meu plano de ajuda à Igreja latino-americana. Você será humilhado e terá em seu arcebispo um algoz a lhe espezinhar a alma. Entretanto, não inquiete o seu coração. O que lhe passo não é para o seu gozo, mas para a geração que se avizinha.
Eu, então, perguntei:
– Nossa Senhora, estou muito fraco para enfrentar o arcebispo, como devo proceder?
– Deixe que Eu conduza tudo. Responda apenas aquilo que ele lhe perguntar, porque estarei colocando em sua boca as minhas palavras. Seja humilde, mas firme. Estará ao seu lado o seu anjo da guarda iluminando o seu espírito.
– O que devo pedir ao arcebispo?
– Peça para rezar o Terço na basílica.
– Sem ler as mensagens?
– Sem ler as mensagens – Ela respondeu.
– E se ele negar?
– Tudo continuará tendo curso conforme o plano de Deus.
– Posso então saber qual é este plano?
– Não, você não terá acesso a ele. Eu agirei em você para que seus atos sejam meus atos.
– Se as autoridades da Igreja quiserem que eu receba a mensagem entre eles, devo aceitar?
– Leia João 20,292. Você sabe o que está escrito lá?
– Não sei não, Senhora. Eu não consigo guardar passagens do Evangelho. Sei algumas coisas, mas esta não sei. E se a Senhora fala em capítulos e versículos, aí é que não sei mesmo…
– Não exponha as minhas palavras a esses teólogos sem substância. Por isso lhe falo no silêncio da noite. Eles não pregam que todos devem crer pela fé? Então, que isto seja feito.
– Mas, Senhora, por que não faz um milagre entre eles, para acreditarem que a Senhora fala comigo?
– Porque isso não tem importância para eles. Querem apenas acreditar neles próprios. Meu milagre será a conversão de milhares, se seguirem os meus conselhos e viverem as minhas mensagens. Desejo salvar a Igreja, e eles terão que crer como qualquer leigo. Não é isto que ensinam?
– Não sei, Senhora. Desculpe, achava que o caminho seria esse.
– Não é não. O caminho é seguir o Evangelho, acreditar na presença de Jesus entre vocês por meio da Eucaristia, ser humilde e caridoso.
1 A angústia de Raymundo, que provocou este diálogo, decorreu da proibição da reza do Terço na Basílica de Lourdes, dirigido por ele às 17 horas de toda terça-feira, quando também lia a mensagem ditada por Maria Santíssima na madrugada do mesmo dia. o qual deixou de fazer por seis meses, retornando em 17 de outubro de 1995.
Essa proibição foi comunicada a Raymundo pelo então pároco da basílica no dia 28 de março de 1995, após a reza do Terço. Em seu gabinete, o pároco lhe entregou a seguinte carta:
“Belo Horizonte, 20 de março de 1995
Ilmo. Sr. Raimundo Lopes
Rua Alameda Serra Mantiqueira
Prezado Sr. Raimundo,
Faz mais de dois anos, o Sr. veio pedir-me licença para rezar o Terço de Nossa Senhora em nossa Basílica de Lourdes, às 17 horas de todas as terças-feiras. A licença foi concedida tendo em vista a grande devoção do povo fiel à reza do Terço, prática secular e tão recomendada pela Igreja.
Acabo, porém, de receber uma comunicação de nosso Arcebispo, Exmo. Sr. Dom Serafim Fernandes de Araújo, em que ele me manifesta a sua atitude de não aprovação de sua reza do Terço em nossa Basílica, por estar vinculada a visões e locuções que a Igreja não aprova.
Em outras palavras, a devoção ao Terço de Nossa Senhora, apreciadíssima pela Igreja, não pode ficar ao serviço de fenômenos ditos místicos, não comprovados.
Em razão disso, por esta, estou-lhe comunicando que, a partir de Terça-Feira Santa, dia 11 de abril próximo, não terá mais lugar, em nossa Basílica de Lourdes, a reza do Terço às terças-feiras, 17 horas.
Desejando-lhe as melhores bênçãos de Deus para sua pessoa e família, respeitosamente
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Pe. João Batista Megale, cmf
Pároco da Basílica de Lourdes
Rua da Bahia, 1596
30160-011 Belo Horizonte, MG”
O Terço voltou a ser rezado na Basílica de Lourdes no dia 17 de outubro de 1995.
2 “Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram”.
Referência: LOPES, Raymundo. Todos devem crer pela fé. In: LEMBI, Francisco. Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Magnificat, 2010. p. 163-165.