Após ditar a mensagem “Jesus que a Igreja unida como era no princípio”, Nossa Senhora conforta Raymundo em relação à morte de dois missionários. “Eduardo tem aqui comigo, pela graça infinita de Deus, o cargo de guiar as pessoas que sentirem no coração o desejo de se dedicar ao meu serviço, à Obra Missionária”.
23 de maio de 1995
A morte dos missionários e pequeninos especiais1 Hélio Lembi e Eduardo Carvalho tem me deixado triste e chateado. Aliás, cada pequenino que entrego a Deus em nome da Santíssima Virgem me faz uma falta enorme. Meu lado humano ainda não se acostumou com esses acontecimentos, mesmo sabendo que são para o bem da Obra Missionária, como me disse Nossa Senhora.
Nesta terça-feira o meu coração ainda estava triste, embora conformado com a ida do Eduardo para o Céu, por ter estado com ele na hora do seu falecimento. Tive o conforto e a certeza da presença da Mãe de Deus no seu momento final, pois naquela hora a ouvi dizer: “Como prometi, estou aqui. Coloque o seu terço na mão do Eduardo”.
Após ditar a mensagem desta noite, Jesus quer a Igreja unida, como era no princípio, percebendo que os anjinhos não cantavam, veio-me a certeza de que Nossa Senhora não tinha ido embora. Esperei um pouco, e depois perguntei:
– A Senhora ainda está aqui?
Ela respondeu com uma voz suave:
– Sinto que quer falar comigo. Estou à sua disposição; o que quer dizer?
– Só estou um pouco chateado com a morte do Eduardo, o resto está bem.
– Você está no novo local que Eu lhe dei. Isto não lhe agrada?
– A Senhora está falando do apartamento?
– Isto mesmo. Ele não lhe agrada?
– Agrada sim, Senhora. Eu lhe agradeço muito. Aqui vou poder ficar mais tranquilo para cuidar das coisas da Obra.
– Escutei você falar de morte. Que morte?
– Ora, a Senhora sabe, a do Eduardo…
– Mas o Eduardo está vivo comigo, porque meu Jesus garantiu isto a vocês: “Quem crer em mim e seguir os meus mandamentos, viverá para sempre.” Não é isso?
– É isso mesmo, me desculpe. Porque estou do lado de cá, não consigo pensar dessa forma.
Depois Ela se calou. Eu então perguntei:
– O Eduardo está bem?
– Como uma pessoa no Céu pode estar mal?
– Está bom, Senhora, estou falando bobagens…
– Não, meu filho, você não está falando bobagens. Você sente a falta terrena das pessoas, e isto é normal. É necessário agora que coloque seus sentimentos a serviço de Deus, para que a Obra Missionária siga o seu caminho. Eduardo tem aqui comigo, pela graça infinita de Deus, o cargo de guiar as pessoas que sentirem no coração o desejo de se dedicar ao meu serviço, à Obra Missionária. É dele o comando, fruto da sua dedicação para a causa de Deus e comigo na Terra. Do menorzinho até o mais importante entre vocês, podem contar com ele, porque a sua fragilidade terrena se tornou forte diante de Deus. Tudo aquilo que pedi a vocês, que rezassem por ele, foi porque Satanás o assediava, e somente a dedicação de vocês poderia salvá-lo. Deus assim o permitiu porque tudo está no plano dele.
– E o terço dele, a Senhora quer que eu tome alguma providência?
– Gostaria muito que esse terço fosse entregue à Obra Samaritana, e lá ficasse como exemplo de um amor muito grande de um homem para comigo. Todas as vezes que louvarem a Jesus Sacramentado naquele local, rezem nele. Será a força do amor atuando ali, com vocês reunidos. Você prestou atenção no crucifixo que lá está e que lhe mostrei na minha casa no Céu2?
– Eh, com surpresa verifiquei ser o mesmo que vi naquele sonho com a Senhora.
– Foi só isso?
– Desculpe, Senhora, mas acho que sim…
– Você prestou atenção nele?
– Sinceramente, para definir detalhes não, a não ser a coroa que era muito verde.
– Isso mesmo, a coroa de espinhos verde. Quero lhe falar sobre ela. Desejo que vocês ali façam um trabalho de tirar da cabeça de Jesus aquela coroa e trocá-la por esperança. Diga ao povo samaritano que pratique o mais que puder a caridade espiritual, dê esperança aos que procuram aquele local. Este foi o motivo por que lhe permiti que descobrisse o crucifixo somente às vésperas do encontro do Eduardo comigo. Queria que refletisse sobre o sofrimento que estava presenciando com o seu amigo, aliado ao sofrimento que pesa na cabeça do meu Filho, amparado num só seguimento: a esperança. Fique na paz de Deus.
Em seguida os anjinhos cantaram. Era o sinal de que Ela se retirava.
1 Nossa Senhora escolheu doze “pequeninos especiais”, de quem Ela esperava uma dedicação especial à Obra Missionária.
2 Em sonho, Nossa Senhora apresentou a Raymundo a sua casa no Céu. Essa casa era decorada com objetos dos missionários. À época, Raymundo não conseguiu identificar de quem era o crucifixo mencionado.
Referência: LOPES, Raymundo. Sob o comando do Eduardo. In: LEMBI, Francisco (Org.). Diálogos com o infinito. Belo Horizonte: Sim, 2007. p. 68-70.