Vários veículos da imprensa secular no mundo inteiro dão como certo que o Vaticano irá abolir a disciplina do celibato sacerdotal durante o Sínodo da Amazônia.
Infovaticana, 10 de junho de 2018. Sínodo da Amazônia
Tradução. Bruno Braga.
O Sínodo da Amazônia servirá como “campo de testes” para inovações radicais na Igreja, como a abolição do celibato sacerdotal e a introdução de novos “papéis pastorais” para mulheres. É como a maior parte da imprensa interpreta o seu documento preparatório.
Apresentamos nestas páginas o documento que dá o tiro de largada para o Sínodo da Amazônia, um encontro para o qual Sua Santidade dedicou uma evidente ilusão e um considerável esforço, quiçá desproporcionado, por conta da pequena população envolvida. Embora com uma área enorme, a região é escassamente povoada.
O Sínodo da Amazônia, uma experiência.
No momento em que foi anunciado, não foram poucos os comentaristas que apontaram que o que se apresenta como núcleo – a evangelização dos índios – é, na verdade, um pretexto, e que a sua importância para a Igreja é a de servir de “laboratório” para uma inovação eclesial que há décadas é proposta por setores mais progressistas.
E, de fato, embora o documento inicial não seja explícito em nenhum momento nesse sentido, a imprensa secular do mundo inteiro, os grandes meios de comunicação, dão-no como certo:
Europa Press: “O Vaticano afirma que ‘é urgente avaliar e reformular os ministérios’ pensados para mulheres na Amazônia”.
Reuters: “Documento do Vaticano sugere papel para sacerdotes casados e mulheres na Amazônia”.
Associated Press: “Vaticano pede ideias ‘corajosas’ para combater a falta de sacerdotes’. Neste caso, é preciso ir até o texto para descobrir de que ‘coragem’ estamos falando: ‘A Santa Sé encoraja o debate sobre se homens casados e de comprovada virtude – os chamados viri probati – podem oficiar a Missa quando há poucos padres”.
CNN (espanhol): “Vaticano irá propor a inclusão de mulheres e homens casados nos papéis sacerdotais”.
A ordenação de homens casados.
Dissemos que a “Igreja com rosto amazônico” passa pela ordenação de homens casados.
O documento refere-se a ideias “corajosas”, a uma “ação ministerial inclusiva”. Imprecisões de estilo. Mas os que organizam e preparam o Sínodo têm falado com mais clareza, com o que podemos descartar que essas “ideias corajosas” se refiram a estabelecer o tipo de ordem e congregação que está fomentando o maior número de vocações sacerdotais no mundo, como a – agora dissolvida – Fraternidade dos Santos Apóstolos, da Bélgica [1].
É o caso de um dos principais organizadores da reunião, Erwin Kräutler, Bispo Emérito da Prelatura Territorial do Xingu, no estado do Pará. Kräutler deixou muito claro que as reformas às quais vagamente se refere o documento incluem os sacerdotes casados e não excluem o sacerdócio feminino.
“Não há nada impossível”, sugere o Bispo Kräutler.
Kräutler, que passou a ser muito reconhecido após a Encíclica ecológica Laudato Si, e que participou da redação do documento preparatório do Sínodo, já sugeriu no passado a ordenação de mulheres.
Em uma entrevista concedida em 2016, Kräutler assegurou que a Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis, de 1994, que exclui o sacerdócio feminino e cita o Cardeal Luis Ladaria para insistir na proibição in aeternum, “não é um dogma, não tem sequer o peso de uma Encíclica”.
Perguntado sobre a possibilidade de que se empreenda uma revisão desse texto magisterial, o Bispo se limitou a responder: “Aqui não há nada impossível”.
NOTAS.
[1]. NT. Cf. “Papa dissolve a Fraternidade dos Santos Apóstolos, a de maior crescimento na Bélgica” [https://obramissionaria.com.br/papa-dissolve-a-fraternidade-dos-santos-apostolos/].