Sexta-feira Santa à disposição da Bela Senhora

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Nossa Senhora permite que as almas resgatadas do Purgatório pelas orações dos missionários deem o seu testemunho, como o de Santo Hilário: “Devido alguns questionamentos, estava no Purgatório até esta data. Foi o pedido de vocês que permitiu que as forças celestes, encabeçadas por Maria, a Mãe de Jesus, viessem em meu auxílio”.

10 de abril de 2009

No dia 10 de abril (antes, no dia 1º, conversando com o Francisco, vi que o dia 10 seria Sexta-Feira Santa), fiquei atento. Levantei-me cedo e fiquei mais quieto, nas proximidades da capela. Pela manhã recebi a visita da dona Heloísa, que almoçou comigo, e pela tardinha chegaram a Neida e a Elci, acompanhadas de outras pessoas, que ficaram comigo até as 18 horas, aproximadamente.

Por volta das 15 horas, tinha resolvido rezar o Terço, lembrando ser a hora em que a Igreja celebra a agonia de Jesus na cruz. Afastei-me, e fiquei sozinho no meu quarto rezando.

Por volta das 21 horas, olhei pela janela do quarto. Achei estranho que a capela estivesse toda azul, uma luz estranhamente azul envolvia tudo. Desci, entrei na capela e vi uma cena impressionante. Pessoas andavam no corredor da capela. Eram como vidro, transparentes, todas saindo da capelinha onde fica a poltrona na qual Nossa Senhora se assenta quando me visita. Corri entre elas em direção à cadeira, e vi Nossa Senhora direcionando essas pessoas ao altar central onde temos o Santíssimo Sacramento.

Perguntei então a Ela:

– Quem são essas pessoas? Por que estão assim?

– São almas que foram resgatadas pelas orações de vocês. Elas estavam no Purgatório desde os primeiros séculos da era de vocês, e agora foram libertadas devido aos meus pedidos e amparadas na oração de vocês.

– São muitas, Senhora?

– São milhares, mas algumas delas irão lhe falar.

– Falar comigo?…

– Sim. Desejo, a pedido de Jesus, que propague essa oração inspirada, porque é um meio poderoso de resgatar almas que estão no Purgatório há séculos, muitos séculos, e algumas que tiveram o privilégio de se verem livres agora, porque lhe inspirei uma fórmula simples com a qual vocês entram em contato com o coração de Jesus e o meu. Lembra-se quando declarei que o meu Imaculado Coração triunfaria, e depois declarei que triunfou?

– Lembro sim, Senhora.

– Pois se essa oração for rezada nas Missas, será também um triunfo para o meu Imaculado Coração, porque Satanás não consegue segurar, como tentou segurar, o braço de Jesus oferecendo a vocês a misericórdia.

Então algumas dessas almas começaram a falar, e as outras, que não obtiveram a autorização de Nossa Senhora, dirigiam-se para o Sacrário. E todas elas parece que entravam no Sacrário e desapareciam. Enquanto falava, cada alma adquiria uma cor: avermelhada, amarelada ou azulada.

Hilário (tom avermelhado)

– Sou Hilário. Vim ao mundo no ano Domini 315. Fui casado e tinha uma filha. Minha família era importante, mas pagã. Fui sagrado bispo em 350, e como bispo não compareci ao Sínodo de Arles, em 353, nem em Milão, em 355. E nesse ano promovi uma resistência a Saturnino, metropolita da Gália, e foi por essa causa que Constâncio me desterrou para a Ásia Menor. Lá escrevi De Trinitate. Participei do Sínodo de Selêucia, e depois fui ao encontro do imperador, solicitando-lhe uma conversa pública com Saturnino. Mas fui impedido, e por causa disso retornei à Gália. Tentei uma excomunhão de Saturnino, e devido a isto a Gália foi reconquistada ao catolicismo. Mais tarde tentei com o imperador o afastamento do bispo Auxênio. Depois da morte de Constâncio, fiz desmoronar o arianismo² no ocidente. Eu estava convicto de que a dignidade da fé requer uma adequada forma de apresentação, mas os meus escritos eram difíceis de entender. Fui um dos maiores teólogos do ocidente, e o Comentário de Mateus me trouxe notoriedade. Em 365 escrevi os Tractatus super psalmos, em latim, e o Tractatus mysteriorum. Na minha concepção, a fé na divindade era fundamental. Eu dizia que Jesus tomou a natureza humana no seu corpo, contudo não era um corpo terrestre, mas corpo celeste, porque Ele mesmo se formou na Virgem Maria. Eu dizia que os milagres de Jesus não foram propriamente milagres, mas um modo natural de ser e agir. Jesus não experimentou dor e nem necessidades. Como afirmava Clemente, da cidade de Alexandria, Jesus não podia morrer. Devido a estes questionamentos, e alguns outros, estava no Purgatório até esta data. Foi o pedido de vocês que permitiu que as forças celestes, encabeçadas por Maria, a Mãe de Jesus, viessem em meu auxílio.

João de Éfeso (tom avermelhado)

– Sou João de Éfeso. Nasci em 507 e morri em 586. Fui um convicto monofisita e fui bispo de Constantinopla, quando era imperador Justiniano. Fui preso em 572, por ordem desse imperador, e passei a viver uma vida errante. Escrevi a História Eclesiástica em 566, quando eu estava desterrado, e uma história dos santos orientais. Permaneci no Purgatório até agora, e fui resgatado devido às orações de vocês e à interferência de Maria, a Mãe de Jesus.

João (tom amarelado)

– Eu também sou João, João Mosco. Nasci no século quinto, fui monge em Jerusalém, no Egito, no Sinai e em Antioquia. Depois que Jerusalém foi conquistada pelos persas, fui a Roma com Sofrônio, e foi em Roma que morri. Escrevi Pratum spirituale, contando histórias de milagres e coisas edificantes. Em 519 escrevi, junto com Sofrônio, uma biografia de João, o Esmoler. Cometi pecados que Deus permitiu que não relatasse, mas fui retirado do Purgatório devido à oração de vocês e da Mãe de Jesus.

Sofrônio (tom amarelado)

– Eu sou Sofrônio, amigo de João Mosco. Fui patriarca em Jerusalém. Na mesma época, e durante o reinado de Diocleciano, escrevi Cirilo e João. Fui retirado deste local por Maria, a Mãe de Jesus, e as orações de vocês.

 Leôncio (tom avermelhado)

– Sou Leôncio de Neápolis, cidade do Chipre, e morri em 650. Escrevi Uma Vida de João, o Esmoler, juntamente com meus dois amigos João Mosco e Sofrônio. Escrevi a vida de Simeão de Salis, monge maravilhoso que viveu no tempo de Justiniano, no deserto sírio. Fui salvo deste lugar pela Mãe de Jesus e as orações de vocês.

Gerôncio (tom azulado)

– A Vita Melanie Iunioris foi escrita em grego por mim, Gerôncio, presbítero e administrador dos mosteiros de Santa Melanie, no monte das Oliveiras, em 485. Estive no Purgatório por todo este tempo, por pecados os quais Deus me perdoou, e fui resgatado devido às orações de vocês e o empenho de Maria, a Mãe de Jesus.

Bardesanes (tom amarelado)

– Meu nome é Bardesanes, da cidade de Edessa. Morri em 222 da era de vocês, e apresentei a minha doutrina com o meu filho Harmônio. Lá contém o Diálogo do Destino, mais conhecido como Livro da Lei dos Países, e foi redigido por meu discípulo Filipe. Fui astrólogo e filósofo. Saí do Purgatório devido à interferência da Mãe de Jesus e as orações de vocês.

Basílides (tom avermelhado)

– Eu sou Basílides, e nasci no século segundo, em Alexandria. Escrevi um evangelho e um comentário sobre ele. Fui condenado a ficar no Purgatório por todo este tempo, e fui resgatado pelas orações de vocês e a interferência da Mãe de Jesus.

 Orígenes (tom avermelhado, era o mais escuro)

– Sou Orígines e, com a autorização da Senhora, desejo falar. Eu sou talvez o pior dos condenados, porque designava os pecados capitais ou pecados mortais como incuráveis, sem que sejam de modo absoluto por não se subtraírem inteiramente ao poder das chaves que possui a Igreja. Não podem ser perdoados, como os pecados menos graves, somente por um simples ato de misericórdia, devem ser expiados por penitência pública de longa duração e que inclui a excomunhão. Um dos pontos capitais da minha doutrina foi a apokatástatis pânton, isto é, as almas que pecaram na Terra irão depois da morte para um fogo purificador. Pouco a pouco, porém, todos, inclusive os demônios, subirão de grau em grau, até que por fim, inteiramente purificados, ressuscitarão com corpos etéreos e novamente Deus será tudo em todos. No entanto, esta restauração a que me referia não significa o fim do mundo atual, existirão outros mundos e, depois deles, ainda outros acontecerão. Visava os ensinamentos de Platão, onde os mundos se repetem numa mutação interminável. Eu negava a eternidade do Inferno. Eu pensava que a Carne e o Sangue de Cristo, na Eucaristia, se formavam por influência do Logos de Deus e da epiclese dos homens sobre os elementos naturais. Aderi ao subordinacionismo sobre as relações das pessoas da Trindade. Acentuava a eternidade do Filho de Deus, chamava-o homoúsios, ao Pai chamei autotheos, e dizia que o Espírito Santo era inferior a Jesus. Concebia a criação como um ato eterno, a onipotência e a bondade de Deus nunca podem ficar sem um objeto para a sua atividade. Fui resgatado, depois de tantos séculos, devido ao perdão de Deus, a pedido de Maria, a Mãe de Jesus, e as orações de vocês.

Evágrio (tom amarelado )

– Sou Evágrio. Nasci em 430 e escrevi Altercatio simonis iudæi et theophili christiani contra os judeus. Por isso mereci o Purgatório, e de lá fui resgatado pela mão de Maria, a Mãe de Jesus, através das orações de vocês.

Salviano (tom azulado)

– Sou Salviano, da cidade de Marselha. Deixei o mundo em 480. Escrevi De gubematione Dei. Retrata a calamidade de migração dos povos e a miséria, e declarava que Deus não se importava com as coisas terrenas. Tracei um quadro assustador das disposições morais dos católicos romanos da Gália, da Espanha e da África, a respeito da dureza do coração para com os indigentes e da injustiça na vida social. Devido a isso, por que não me arrependia, fui sentenciado ao Purgatório e saí devido aos pedidos da Mãe de Jesus e à oração de vocês.

Arnóbio (tom azulado)

– Sou Arnóbio, monge africano. Vivi em 432, em Roma, e fui contra a doutrina de Agostinho sobre a graça. Conflictus cum serapione, Expositiunculæ in Evangelium, Liber ad gregoriam e Commentari in psalmos são meus. Escrevi lendas hagiográficas de nenhum valor. Fui condenado ao Purgatório até este final de tempos, e saí graças às intervenções de Maria, a Mãe de Jesus, e as orações de vocês.

Simplício (tom avermelhado)

– Fui papa em 483. Quando morri, meu nome era Simplício. Assentei uma ridícula validez perpétua das decisões pontifícias em questão de fé, que nenhum valor tinha diante do poder de Deus. Somente Jesus é o real depositário da fé. Tive que aceitar as decisões do Alto e fui libertado pelas mãos de Maria, a Mãe de Jesus, e as orações de vocês.

Neste momento, Nossa Senhora interrompeu duas almas no corredor, disse-lhes:

– Desejo que falem a Daniel quem são vocês.

De repente, ouvi uma voz feminina:

 Amélia (tom amarelado)

– Sou Amélia, e fui amiga de Maria Lúcia de Jesus (a pastora Lúcia, de Fátima), que depois de receber o hábito foi também do Coração Imaculado. Fui retirada do Purgatório a pedido de Maria, a Mãe de Jesus, e as orações de vocês ajudaram para que esse processo se concretizasse. Minha sentença é que eu ficasse aqui por mais alguns anos ainda, mas, acreditando que a Mãe de Jesus poderia fazer algo por mim, recorri a Ela, e, confiando nas orações que se elevavam ao Céu da Capela Magnificat, pude deixar este lugar. Convivi com a família de Lúcia, em particular com a sua irmã mais velha, e lá aprendia o ofício de tecer coisas. Maria, a Mãe de Jesus, solicitou à Lúcia penitência para reparação dos pecados com os quais ofendemos a Deus. Ela aceitou. E a você, Ela inspirou uma oração que vale para nós como um bálsamo e um caminho para o Céu.

Estava do lado dela um homem que, pelo que dizia, era um padre na Terra:

 Joaquim Maria Afonso (tom avermelhado)

– Meu nome era Joaquim Maria Afonso. Fui da congregação claretiana e estava no Purgatório desde 1981. Estava trabalhando em textos da aparição de Maria, a Mãe de Jesus, em Fátima, Portugal. Pedi a Deus para que o ajudasse na Basílica de Lourdes, em Belo Horizonte. Fui atendido devido a essa preocupação, e pela força de Maria, a Mãe de Jesus, pude deixar o Purgatório. Continuarei pedindo a Deus que o proteja no grande anúncio para este século.

Quando terminaram, elas também entraram no Sacrário, e Nossa Senhora me disse:

– Muito obrigada pela disponibilidade. Era o desejo de Jesus, para que fale a todos sobre a misericórdia do seu Sagrado Coração . Desejo que repita comigo: “Agradeço a Deus por me ter criado e permitido que abra os olhos e veja a beleza da criação. Agradeço a Deus por permitir que caia em meu rosto, em minhas mãos e meus pés a água que purifica. Agradeço a Deus por sentir na boca o alimento que me nutre. Agradeço a Deus por me mostrar que existem pessoas mais sábias do que eu, e com elas eu possa aprender muitas coisas mais. Agradeço a Deus por deixar que eu ande e trabalhe, para que outros possam desfrutar de tudo isso que sinto em meu coração”. Continue rezando desta forma e com a oração que lhe inspirei, e peça a todos que o façam, porque você foi escolhido para a grande Boa Nova do seu milênio.

– Como posso escrever tudo isso? – perguntei.

– Não precisa escrever, já está escrito, mas com os erros seus e os acertos do seu grande amigo. Você fará apenas inserir o nosso diálogo e pedir ao seu grande amigo a correção, porque este é o desejo de Jesus.

– Está escrito? A quem pedir a correção? Ao Francisco?

– Sim. Mas como disse, com os erros seus e os acertos do Francisco.

– Onde?

– No seu computador.

– Qual?

– No seu local de trabalho.

– No SIM?

– Lá mesmo, procure lá.

Dizendo isto, Ela desapareceu, ficando apenas um leve perfume.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Sexta-feira Santa  à disposição da Bela Senhora. In: LEMBI, Francisco. Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Magnificat, 2010. p. 91-100.

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