Mt 5, 17-48
Jesus proferiu Seu discurso com a intenção de nos ensinar, mais profundamente, a doutrina divina. Ele disse: "Vós ouvistes o que foi dito: 'amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo'. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem".
Quando Jesus fala: "Ouvistes o que foi dito aos antigos", referia-se ao passado; e quando diz: "Tendes ouvido", dirigia-se ao presente. Podemos concluir, então, que estas palavras se reportam ao Antigo e ao Novo Testamento.
Ao mencionar a Lei do Antigo Testamento, Ele diz: "Aquele que violar um só destes mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém, que os praticar e ensinar, será chamado grande no Reino dos Céus." Quanto à justiça, alerta: "Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e a dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus." E, "Quem observa a Lei e, por fraqueza humana, a escuta errada, está violando a Lei."
Jesus dividiu este Evangelho em duas partes.
Na primeira diz: "Eu não vim abolir a Lei e sim aperfeiçoá-la". Os fariseus estavam transmitindo errado o que aprenderam corretamente. Nesse caso, seriam os menores no Reino de Deus. Quando fala: "Até que passem o Céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei", Ele quis dizer que nada, nem um i, nem uma vírgula da Lei serão mudados.
Na segunda parte, Jesus se refere àqueles que escutam e ensinam o que é certo; estes serão considerados grandes no Reino de Deus.
A ideia de amar o próximo e odiar o inimigo é uma deturpação da Lei, pois uma coisa é odiar o erro, a maldade, o pecado, outra é odiar a pessoa; a ela devemos desejar a conversão, por se tratar igualmente de uma criatura de Deus. Por isso, Jesus explicou que o inimigo é o seu próximo com os mesmos direitos e oportunidades. "O Pai que está nos Céus faz nascer o sol igualmente sobre maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos." Portanto, devemos fazer somente o bem.
"Sede perfeitos como o Pai é perfeito". "Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não. O que for além disto vem do Maligno".
Lucas (6,24) compreendeu que o "Ai de vós", que Jesus falou, é bem mais do que dizer: cuidado, sejam prudentes! Cuidado com as consequências. É, portanto, uma advertência.
Referência: LOPES, Raymundo. O Pensamento de Jesus II: Mt 5, 17-48. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 81.