Judas

Jo 13, 21-33.36-38

"Jesus perturbou-se interiormente e declarou: 'Em verdade vos digo: um de vós me entregará.'"

Neste Evangelho em que Jesus anuncia a traição de Judas[1], temos a oportunidade de observar que a força do Diabo é enorme e, apesar disso, menosprezamos essa força. Ele só não tem poder diante do sangue de Cristo. Vamos compreender melhor isto.

A última ceia estava próxima, tudo que haveria de acontecer estava em andamento. Aquilo que iria produzir o milagre do pão e do vinho já estava preparado. Ao lado de Jesus estavam a Igreja divina, representada por João, e a Igreja humana, representada por Pedro.

"Estava à mesa, ao lado de Jesus, o discípulo que Jesus amava. Simão Pedro acenou para dizer-lhe: 'Pergunta-lhe de quem é que Ele fala.' Reclinando-se esse mesmo discípulo sobre o peito de Jesus, interrogou-o: 'Quem é, Senhor?'" Vimos que a Igreja humana pede à Igreja divina para perguntar a Jesus, isto porque ela fica sempre em dúvida diante do Cristo, diante de Sua humanidade. É ela que questiona, que fala, que procura a razão de tudo, que pede ajuda à Igreja divina, que possui aquele fio condutor entre a Igreja humana e Jesus.

Jesus, então, responde de uma forma impressionante. Poucos conseguem perceber o que existe por trás daquela resposta: "É aquele a quem Eu der o pão que vou emudecer no molho. Tendo embebido o pão, Ele o toma e dá a Judas Iscariotes, filho de Simão. Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele".

Jesus quis de fato dizer: É aquele a quem Eu der o pão molhado no molho e não no vinho. E entregou a Judas apenas o seu Corpo e não o seu Sangue; por isso Satanás entrou nele. Se Jesus tivesse molhado o pão no vinho, estaria dando a Judas o significado do Seu Sangue, e assim Satanás não entraria nele, pois sobre o sangue de Jesus ele não tem poder. Tanto o vinho como o sangue simbolizam a vida. Desta forma, Judas não entregaria Jesus, que por sua vez não redimiria a humanidade, e assim não seria glorificado. Jesus teria de ser entregue, para ser glorificado na cruz. Ele mesmo disse: "O Filho do Homem é agora glorificado e Deus foi glorificado nele."

Observamos que Judas estava perto do Cristo, participando da ceia, ao lado da Igreja humana e da Igreja divina, mas presente também estava Satanás, que aguardava o momento certo para entrar nele. Nisso vemos a sua força. Ele está no meio de nós, em nossa mente. Precisamos estar sempre vigilantes, não podemos nos iludir, o diabo age nas pessoas sem que percebam, mesmo estando próximas de Jesus.

Tudo isto faz parte do plano de Deus para a salvação da humanidade. E como Deus sabe da presença do demônio na terra, contou com a sua participação, para que Jesus fosse entregue por Judas e glorificado na cruz, redimindo a humanidade.

Vimos a seguir que Pedro, a Igreja humana, aquela que questiona Jesus com insistência, torna a perguntar: "Senhor, por que não posso te seguir agora? Darei a minha vida por ti! Jesus lhe responde: 'Darás a tua vida por mim? Em verdade te digo: antes que o galo cante, amanhã tu me negarás.'" O próprio Jesus alerta a Igreja humana, por saber que ela o negaria. Isto, para nos mostrar que essa Igreja que questiona, que argumenta, que procura a Igreja divina para interceder por ela junto a Jesus é santa mas também pecadora.

Aprendemos aqui valiosas lições com Jesus. Quando Ele embebeu o pão no molho e não no vinho, dava a Judas uma comunhão consigo sem o sentido da graça, que é o Seu Sangue. O corpo sem o sangue não tem vida. Isto, porém, não tem relação com a prática da Igreja em distribuir a Eucaristia em uma só espécie: a Hóstia consagrada. Esta comunhão é plena, e torna-se mais plena nas duas espécies: pão e vinho.

 

 [1] Judas é a personificação do mal, do não, do negativo que tenta separar as Igrejas. Judas é a divisão na Igreja, inspiração de sua segmentação futura.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Judas: Jo 13, 21-33.36-38. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 197.

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