Lc 4, 1-1 3; Mt 4, 1-11
A Igreja de Cristo e a resposta de Jesus a Satanás.
Jesus é levado pelo Espírito (dirigido sob inspiração do Espírito Santo) para o deserto; e lá é tentado. Mas, como? Jesus seria levado pelo Espírito para ser tentado no deserto? Tentado por quem? Por Satanás?… Ele sabe que isso não dá em nada. Mas se houve a tentação é porque ele tinha algo para tentar: o lado humano de Jesus.
A primeira tentação no deserto é a questão da fome. Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites. Foi quando Satanás o tentou, dizendo: "Tem fome? Aqui estão pedras, transforme-as em pão."
"A tentação do sucesso material." A Igreja nascia e precisava desse alimento para se estabelecer. Mas Jesus respondeu: "Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus." A Igreja não subsistiria somente pelos bens, mas pelo testemunho da Palavra de Deus. Da mesma forma o homem necesssita dos dois alimentos: o do corpo e o do espírito.
Os primeiros 600 anos da Igreja caracterizam-se por esse surgimento: a Igreja nascente, humana, que se desponta e necessita de alimento para caminhar.
"Satanás vem novamente, leva-o a uma alta montanha e mostra-lhe os reinos do mundo: 'Tudo isso será seu, basta apenas que me obedeça.'"
Nesta segunda ele tenta Jesus pelo poder, mostra-lhe os reinos do mundo com o seu esplendor. Propõe a Jesus que o siga, mas Jesus diz: "Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e a ele só prestarás culto."
Esta tentação corresponde a mais 600 anos da Igreja. Até o ano 1200, aproximadamente. A Igreja se expande, ensoberbece; e quanta
coisa se fez em nome de Deus, como perseguições etc.
Na terceira Satanás O tenta pela soberba, dizendo-lhe: "Se és Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem a
Seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em alguma pedra. Responde-lhe Jesus: 'Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus.'"
São mais 600 anos. Até por volta do ano 1800. Nessa última tentação, a Igreja se transforma, se moderniza, adquire uma nova postura: substitui seus valores, passando a adorar o progresso, o prestígio, o consumo…
Até mais ou menos 1800, temos o que foi a Igreja: da primeira tentação, 600 anos, da segunda, mais 600 anos, e da terceira, os 600 anos restantes, configurando-se o que chamamos de 666, o número 6 três vezes, de 600 + 600 + 600 anos. De 1800 para cá, como diz em Lc 4,13, o demônio se afastou esperando uma nova oportunidade: "Tendo acabado toda a tentação, Satanás o deixou até o tempo oportuno."
Que outra ocasião é essa que queria para voltar a tentar Jesus, se sabia que, logo depois, Jesus morreria na cruz e ressuscitaria? Que
quarta tentação é essa?
Em 13 de outubro de 1884, o papa Leão XIII teve uma visão sobre a qual chegou a dizer: "Ó que quadro horrível me foi dado a contemplar".
Aquele Papa, imediatamente, escreveu uma oração a São Miguel Arcanjo e, posteriormente, determinou que fosse rezada no final de
todas as Missas. Mas, o que o papa Leão XIII viu?…
Trinta e três anos depois de sua visão, Nossa Senhora aparece em Fátima, Portugal, pedindo para que rezássemos o Terço e nos convertêssemos; caso contrário, teríamos problemas seríssimos.
Não há como acreditar que o Terceiro Segredo de Fátima fale apenas da tentativa de assassinato de um papa. Vários papas conheceram esse segredo e engavetaram-no; mas um deles foi claro ao falar: "Isto não é para o meu tempo", e outro "declarou ironicamente que aquilo não lhe dizia respeito".
Esse Segredo de Fátima é sobre a segunda vinda de Jesus. Por quê? Na quarta tentação é Jesus que dará, através da Imaculada, a resposta ao demônio, não seremos nós, já não temos condições para isso.
O número 666 configura-se nessas três tentações no deserto: a tentação à Igreja humana.
O papa Leão XIII teve a visão dessa tentação, da situação da Igreja e da humanidade. Nossa Senhora de Fátima, 33 anos depois (1917), vem nos trazer essa mesma imagem, pede para que nos convertamos e que estejamos preparados para o retorno de Jesus, que se fará em meio a sofrimentos e provações. Mas esse anúncio foi engavetado pelo Vaticano. E agora, em Belo Horizonte, Ela faz sua quarta e última tentativa, "sabendo que daqui tudo será feito".
Referência: LOPES, Raymundo. A Tentação no Deserto: Lc 4, 1-1 3; Mt 4, 1-11. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 59.