O papa Bento XVI articula um encontro sigiloso com Raymundo Lopes em Castel Gandolfo. Nossa Senhora esclarece: “Você estará diante do racionalismo, e por isso os meus contatos anteriores viram ruir por terra o meu pedido de anúncio da chegada do meu Filho de retorno à Terra, reclamando o elo perdido no Paraíso”.
3 de dezembro de 2009
Desde 1992 nunca tive tanta dificuldade para escrever como estou tendo agora. Meu coração anda inquieto, e estou me sentido muito mal, com a minha saúde muita abalada.
No dia 18 de novembro, eu me encontrava descansando no Rio de Janeiro. Por volta das 8 horas recebi um telefonema de Dom Giovanni no celular.
– Você gostaria de ter um encontro com o papa?
– Gostaria, mas acho isso impossível – respondi.
– Por quê?
– Porque ele é uma figura muito importante, procurado por pessoas importantes do mundo inteiro, e eu um leigo insignificante morando no Brasil. Acho isso impossível.
– Não é impossível. Para agosto, isso é possível. Ele deseja falar com você, e me incumbiu de intermediar esse encontro. Tudo será feito no mais perfeito sigilo. Mais tarde entrarei em contato com você para que isso se realize. Você terá um encontro com Sua Santidade, por tempo indeterminado.
– O que ele deseja de mim?…
– Não sei; estou apenas intermediando esse encontro.
– Mas eu não tenho dinheiro nem para viagens curtas aqui no Brasil, como vou parar no Vaticano?…
– Fui autorizado a lhe dar apoio. Somente não poderemos pagar a sua passagem; mas, estando aqui, ficará na nossa casa, e nós o levaremos a Castel Gandolfo, local do seu encontro com Sua Santidade. Não se preocupe comigo; estou bem, muito bem… Entreguei a ele dez cartas que foram enviadas de Belo Horizonte. Ele as recebeu, e depois me perguntou: “São todas iguais?” Respondi que sim. Daí ele completou: “Se eu ler uma, estarei tendo ciência de todas as outras?” Respondi: “Sim, Santidade”. E ele então disse: “Muito obrigado, lerei”. E ainda sobre o encontro, não traga testemunhas, nem intérprete; o papa fala português muito bem e deseja sigilo sobre esse encontro. E eu lhe prometi que as suas ordens serão cumpridas.
– Mas eu não viajo sozinho; vou ter que levar a minha esposa.
– Tudo bem, mas ela não o acompanhará no encontro. Diga isso a ela, e que tudo isso seja um segredo absoluto, que nenhum sacerdote ou leigo ligado à Igreja tenha conhecimento disso, está me entendendo?
– Estou; farei o possível para que tudo ocorra dentro de segredo.
– É, caso contrário o prejudicado será você, está me entendendo?…
– Sim, Dom Giovanni, estou entendendo!
– Voltaremos a nos comunicar. Um abraço, e continue rezando por mim.
Em seguida desligou o telefone.
De volta a Belo Horizonte, fiquei sabendo que o Dom Giovanni tinha sido nomeado bispo no dia 14 de novembro.
Cheguei a Belo Horizonte no dia 25 de novembro pela manhã. No dia 26 recebi um telefonema de um sacerdote da congregação orionita, e ele me pediu para dar uma passada lá. Daí eu perguntei:
– Por quê?
– Recebemos um telefonema do nosso bispo nos solicitando para ter um encontro com você, a respeito da sua ida a Roma. Pode estar conosco amanhã, por volta das 9 horas?
– Posso, estarei aí. Com quem devo encontrar?
– Meu nome é José Wilson.
– Ok, estarei aí.
Chegando lá, o padre José Wilson me disse:
– Recebemos um telefonema do nosso bispo solicitando que seja dado apoio à sua viagem a Roma, em agosto de 2010. Ele nos disse que você ficaria na nossa casa lá. Você já tem passaporte?
– Tenho, está atualizado – respondi.
– Somente não podemos pagar a sua passagem, mas estamos à disposição, pode contar conosco. O nosso bispo pediu uma discrição muito grande, que não comentássemos com ninguém. Você está a par disso?
– Estou.
– Muito bem. Caso necessário, entraremos em contato; temos todos os seus telefones e endereços.
No dia 1º de dezembro, recebi um telefonema de um padre italiano. Ele me disse que se chamava Albino; estava de passagem por Belo Horizonte e desejava falar comigo. Marquei para quarta-feira, dia 2. Nesse dia, eu estava impossibilitado de ir à Pampulha, porque estava sozinho e já não dirijo. Telefonei para ele, e ele me disse para esperá-lo na Catedral da Boa Viagem por volta das 16 horas. Cheguei à catedral, e ele me recebeu na secretaria dizendo:
– Você que é o Raymundo?
– Sou.
– Você está muito falado no Vaticano…
– Falado como?…
– Comenta-se… comenta-se… Mas vamos ao necessário. Estou de passagem por sua cidade, não estou aqui por sua causa; você não tem essa importância que imagina.
– Eu não imagino nada, e nem sei por que estou aqui – respondi.
– Eu não entendo, não desejo entender; apenas estou cumprindo um pedido de Dom Giovanni. Ele mandou lhe falar que seu encontro está marcado para o dia 17 de agosto, às 17 horas de Roma, entendeu?
– Entendi.
– Ele me pediu para alertá-lo do sigilo, você está entendendo?…
– Estou.
Aí me dei a liberdade de fazer uma brincadeira:
– Isso está me parecendo sequestro!…
O padre ficou roxo, e me respondeu rispidamente:
– Quem sabe Jesus é o sequestrador? Se você acha isso, não vá.
Eu fiquei muito constrangido, e o padre completou:
– Já terminei, não tenho mais nada a tratar com você.
– Posso telefonar para o Dom Giovanni? – perguntei.
– Não. Ele agora possui um telefone que seleciona as ligações que podem ser feitas. Ele não fará nenhuma comunicação com você. Você somente o encontrará em Roma, se estiver lá. Tenho muita coisa para fazer, porque irei ao Rio amanhã e estamos perdendo o meu precioso tempo. Até breve, se for necessário.
E depois o padre saiu da sala, me deixando sozinho e confuso.
Quando foi ontem pela manhã, dia 3 de dezembro, estava preocupado com a chave do meu cofre, porque não a encontrava de forma alguma. Então entrei na capela e pedi:
– Maria Santíssima, me ajude a achar essa chave, a Senhora sabe como isso é importante.
Mais tarde, eram quase 14 horas, eu estava procurando a Bá, quando entrei na capelinha e me deparei com a Mãe de Jesus assentada na poltrona. Parei na porta, e Ela me disse:
– Entre…
Eu entrei com jeito, para não esbarrar no seu vestido. Ela então estendeu a mão e me disse:
– Aqui está a sua chave; tome-a.
Eu não conseguia estender o braço para pegar a chave. Ela então fez um gesto, e colocou a chave do cofre na minha mão.
– Guarde-a; não a deixe à mercê das pessoas, se você dá tanta importância a ela. Está confuso?
– Estou, Senhora, muito confuso!…
– Está com medo?
– Estou, Senhora, com muito medo!…
– Está perdendo a confiança em mim?
– Não, Senhora, isso não; apenas estou confuso e com medo por causa dos últimos acontecimentos.
– Você está entrando na reta final, e a agonia da incerteza tomará conta do seu espírito, mas Deus lhe dá o livre-arbítrio para desistir; basta somente não dar importância e não ir a Roma.
– Não, Senhora, se for de sua vontade, farei o que for necessário.
– Deus está permitindo uma querela entre mim e Lúcifer. Não tenho escolha, senão aceitar o desafio.
– Que desafio, Senhora?
– Você poderá ser taxado de mentiroso, articulador, desonesto, e terá a possibilidade de colocar em xeque tudo o que lhe falei durante esses anos. Aceitei o desafio porque confio em você, porque o conheço antes que nascesse.
– Mas eu estou fazendo tudo direitinho!… – argumentei.
– Isso mesmo, direitinho. E isso assume proporções gigantescas diante do materialismo. Quando lhe falo, seus amigos lhe falam e meu Filho lhe fala, tudo isso é condicionado a leis do espírito, por isso você compreende. Mas quando coisas direcionadas pela razão entram em jogo, muitas coisas do espírito se tornam inoperantes. Deus deseja agora o seu concurso, porque você estará diante do mais influente católico. Você estará diante do racionalismo, e por isso os meus contatos anteriores viram ruir por terra o meu pedido de anúncio da chegada do meu Filho de retorno à Terra, reclamando o elo perdido no Paraíso. Em agosto, a sua razão deverá estar intimamente ligada às coisas do espírito, porque o poder católico estará diante de você, revelando-lhe coisas que pedi no passado e pedindo-lhe explicações sobre o presente que somente você poderá fornecer. Lúcifer estará raivoso pela razão, e a minha mediação, somente com o que já lhe passei pode surtir efeito no âmbito espiritual. Se você falhar, eu falharei, e meu Filho estará entre vocês sem nenhum amparo da Igreja Católica. Será o caos, porque o mundo não poderá compreender a graça recebida. Como devo lhe esclarecer, você corre o perigo de ser desacreditado, vilipendiado, enganado. Você corre esse risco por mim?
– Claro, Senhora, farei de tudo para que isso não aconteça; mas, se acontecer, peço perdão por mim e por todos aqueles que me acompanham.
– Tenho recebido as respostas às velas a mim dirigidas. Eu agradeço. Continuem, porque isso fortalece o vínculo com o espírito e enfraquece a matéria. Continuem, ofereçam chamas a mim, que Deus lhes retribuirá com a minha vitória.
Falando isso, Nossa Senhora desapareceu.
Referência: LEMBI, F. Roma, um desafio. In: LEMBI, Francisco. Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Sim, 2010. p. 211-215.