Recrudesce a perseguição religiosa

Polícia humilha católicos que vão para a igreja

O vaticanista Sandro Magister observou que enquanto no ano de 2016 se dava por iminente a aprovação de um acordo iníquo entre a Santa Sé e o regime comunista de Pequim, hoje se fala muito pouco dele.

Pelo contrário, em vez de notícias de aproximação, chegam de Pequim informações de bispos encarcerados e desaparecidos.

Na Quaresma, o Bispo de Mindong, Dom Vicente Guo Xijin, reconhecido por Roma, mas não pela ditadura, foi preso e conduzido a uma localidade desconhecida.

Ele foi acusado do ‘crime’ de não se inscrever na Associação Patriótica (igreja paralela e fictícia criada pelo regime comunista para atrair e desviar os católicos).

Na hora de prendê-lo, a polícia disse que o levava “para que estude e aprenda”.

Na vigília da Páscoa foi preso em circunstâncias semelhantes o Bispo de Wenzhou, Dom Pedro Shao Zhumin.

Ele havia passado vinte anos de “doutrinamento” carcerário. Foi preso no dia 18 de maio e não se sabe onde está.

Sua mãe é muito anciã e teme que a polícia só lhe devolva uma sacola com o cadáver do filho.

Isso já aconteceu com outros bispos sequestrados, torturados e abandonados até morrer. Os últimos gloriosos mártires foram Dom João Gao Kexian, Bispo de Yantai em 2004, e Dom João Han Dingxian, Bispo de Yongnian em 2007.

Diante do silêncio das autoridades vaticanas em face dessas prisões ditatoriais, o embaixador da Alemanha na China, Michael Clauss, em nota oficial no dia 20 de junho, pediu a libertação do Bispo de Wenzhou e a cessação dos regulamentos religiosos, que ameaçam provocar novos atentados contra a liberdade religiosa.

Prossegue extremamente confuso o isolamento do Bispo de Xangai, Dom Tadeo Ma Daqin, preso por ter rompido os vínculos com a Associação Patriótica após sua sagração em 2012.

Com alguma frequência o regime espalha documentos atribuídos a ele, declarando que está “arrependido” e que aceita as imposições da ditadura socialista.

Mas o bispo não reaparece, sinal de que as tais declarações seriam forjadas pela polícia comunista.

A perseguição em vez de desanimar tonifica a seriedade na fé

Em Roma, as vozes mais concessivas ao comunismo esfriaram o tom e preveem “prazos mais longos”.

Só alguns fanáticos da capitulação ainda estuam otimismo. Em “La Civiltà Cattolica”, o jesuíta José You Guo Jiang, professor do Boston College, fez a apologia do entreguismo:

“A partir do momento que se instale o diálogo, a Igreja Católica e a sociedade chinesa não mais entrarão em colisão”, escreveu.

Mas seria – acrescenta Sandro Magister – “uma mistura de valores tradicionais e de ideologia marxista sob o férreo controle do Estado” como na época do paganismo, quando os imperadores martirizaram centenas de cristãos.

Em 26 de junho, o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Greg Burke, rompeu o silêncio sobre o caso de Dom Pedro Shao Zhumin, bispo de Wenzhou:

“A Santa Sé acompanha com grave preocupação a situação pessoal de Dom Pedro Shao Zhumin, Bispo de Wenzhou, afastado pela força de sua sede episcopal. […]

“a Santa Sé, profundamente dolorida por esse e outros episódios similares, espera que Dom Pedro Shao Zhumin possa retornar o quanto antes à Diocese”.

Foi a primeira vez que a Santa Sé interveio em favor de um bispo preso pelo comunismo chinês e que provavelmente está sofrendo fortes pressões para aderir à Associação Patriótica controlada pelo governo comunista, e assim romper com a Santa Sé, segundo a TV TG2000, do episcopado italiano (ver vídeo embaixo).

A agência “Asia News”, do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras, publicou uma análise dos dez últimos anos da Igreja, feita por “um católico do Nordeste da China que assina com o pseudônimo ‘José’”.

Segundo a análise, todas as promessas foram sendo gradualmente traídas pelos fatos. O governo socialista interfere cada vez mais na nomeação dos bispos, escolhendo e sagrando candidatos não confiáveis.

“José” lamenta o silêncio no Vaticano e do Ocidente sobre a atual perseguição a bispos, sacerdotes e leigos.

Também teme que os badalados diálogos entre a China e o Vaticano causem a eliminação da Igreja dita “não oficial”, odiada pelo governo e que se mantém heroicamente fiel ao Papa.

 

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