O Papa assinou novamente uma dissolução de uma ordem, a da belga Fraternidade dos Santos Apóstolos, criação do então Arcebispo de Malinas-Bruxelas e primado da Bélgica, André Léonard.
Muito “tradicionalista”? Na verdade, não; fundada em 2013, buscava a “reforma da reforma” animada pelo Papa Bento XVI.
Infovaticana, 16 de abril de 2018.
Carlos Esteban.
Tradução. Bruno Braga.
O que sim foi a muito jovem fraternidade sacerdotal, inspirada no carisma do padre francês Michel-Marie Zanotti-Sorkine, é uma história de sucesso. Em um país especialmente afetado pela descristianização, em uma época na qual a crise de vocações sacerdotais alcança níveis de “alerta vermelho”, contava já com seis sacerdotes e 23 seminaristas. Para colocar essas cifras em perspectiva, na zona francófona da Bélgica, ingressaram no ano passado em um seminário exatamente zero aspirantes.
A fraternidade teve o mesmo destino que o de seu fundador, um primado que não foi honrado com o cardinalato e do qual se aceitou a aposentadoria quando cumpriu 75 anos, o que é canônico, mas excepcional, para ser substituído por De Kesel – este sim nomeado Cardeal -, um “protegido” do poderoso Cardeal Daneels, a pessoa que se vangloria abertamente em um livro de ter controlado a “mafia Sankt Gallen” para eleger Jorge Bergoglio.
Uma das primeiras medidas tomadas por De Kesel ao ocupar o seu novo cargo foi precisamente acabar com a presença da fraternidade na capital belga. A razão alegada foi a de que muitos dos seus seminaristas eram de nacionalidade francesa e que, por “solidariedade episcopal”, seria melhor que voltassem para as suas dioceses de origem.
O pretexto, além de inverossímil, é surpreendentemente fraco, já que no seminário nacional de Namur, dos 80 seminaristas, apenas 25 são belgas e, no entanto, não se aplica o mesmo princípio em tal caso.
Um grupo de leigos recorreu da decisão de De Kesel à Congregação para o Clero, que definiu, aparentemente sem dar motivos, a favor do novo Arcebispo, confirmando o decreto de dissolução da fraternidade.
Uma nova apelação levou o caso ao “supremo tribunal” da Igreja, a Assinatura Apostólica. O Cardeal Raymond Leo Burke já não estava no tribunal, substituído pelo Monsenhor Dominique Mamberti. A causa foi aceita pelo Promotor de Justiça e a audiência, da qual tanto esperavam os defensores da fraternidade, estava prevista para o outono passado. Mas, no dia 25 de novembro, chegou uma carta da Assinatura dando como encerrada a causa sem que fosse julgada.
O prefeito da Congregação para o Clero, Beniamino Stella, levou o decreto de dissolução à Sua Santidade. Francisco finalmente o assinou, dissolvendo uma das ordens mais dinâmicas e fecundas de uma Igreja que, na Europa, definha por falta de sacerdotes.
Os caminhos da misericórdia são certamente misteriosos.