Padre Amorth, chefe exorcista: Padre Pio conhecia o Terceiro Segredo

Maike Hickson.

OnePeterFive, 23 de maio de 2017.

Em um recente artigo sobre o Segredo de Fátima [1], Steve Skojec, o fundador e editor do OnePeterFive, publicou, até onde sei, pela primeira vez em língua inglesa, palavras do exorcista chefe de Roma, padre Gabriele Amorth (falecido em 2016), sobre o Padre Pio e o seu conhecimento do Terceiro Segredo de Fátima. Elas provêm de um novo livro publicado e escrito por José María Zavala, intitulado O segredo mais bem guardado de Fátima (El Sécreto Mejor Guardado de Fátima). O colaborador do OnePeterFive, Andrew Guernsey, foi muito prestativo ao encontrar essas citações. O artigo de Skojec é um pouco longo, e muitos leitores podem não ter percebido a importância da entrevista com o padre Amorth, que foi publicada somente após a morte do sacerdote. A seguir, citarei exaustivamente a publicação de Steve, que primeiro fala da convicção do padre Amorth de que a consagração específica da Rússia ainda não aconteceu, e depois entra em uma discussão mais ampla sobre Fátima:

“Uma peça do quebra-cabeça de Fátima apareceu na forma de entrevista com o famoso (e agora falecido) exorcista romano, padre Gabriele Amorth, também conduzida por José María Zavala. O padre Amorth conheceu pessoalmente o Padre Pio por 26 anos, e é dessa figura imponente de santidade católica do século XX que ele afirma ter aprendido o conteúdo do Terceiro Segredo de Fátima.

“O padre Amorth foi entrevistado em 2011 por Zavala, que manteve a entrevista em segredo até a morte do exorcista, publicando-a pela primeira vez no seu livro sobre Fátima. Nessa entrevista, o padre Amorth relata – como fez em outro momento – que ele acredita que a consagração do mundo, feita por João Paulo II, em 1984, não foi suficiente para satisfazer os requisitos estabelecidos por Nossa Senhora.

“‘Não houve tal consagração ali’, diz o padre Amorth. ‘Eu testemunhei o ato. Eu estava na Praça de São Pedro naquela tarde de domingo, e muito próximo do Papa; tão próximo que eu quase podia tocá-lo’.

“Pressionado por Zavala sobre os motivos que o levam fortemente a crer que a consagração não foi feita, o padre Amorth responde: ‘Muito simples: João Paulo II queria mencionar a Rússia; mas no fim ele não o fez’.

“Zavala forçou a questão com o padre Amorth, dizendo que a própria Irmã Lúcia (como observou acima) afirmou que o Céu tinha aceitado a consagração. Ele descreve uma reação incrédula do padre Amorth. ‘Lúcia disse o que?’, pergunta. E Zavala continua:

“‘Bom, o Cardeal Tarcisio Bertone disse isso em 2000, escondendo-se atrás de uma carta de Lúcia com data de novembro de 1989, na qual ela declarou que o Céu admitiu a consagração mesmo sem uma das mais importantes condições.

“‘Você viu essa carta?’, pergunta, como se estivesse conduzindo um interrogatório policial à procura de evidências.

“‘Nunca’, disse categoricamente.

“‘Eu não acho que irá vê-la, pois estou convencido de que Lúcia não a escreveu’.

“‘Como está tão certo disso?’

“‘Porque Bertone não a mostrou quando deveria, quando o Terceiro Segredo de Fátima foi revelado? Uma simples fotocópia do manuscrito incluída no dossiê do Vaticano teria dissipado qualquer dúvida. Se o Vaticano sempre foi cuidadoso para fornecer a prova documental que autenticava a informação dada por Lúcia sobre as menores questões, qual razão teria para restringir a única evidência documental que, de acordo com Bertone, validava um fato que sem dúvida teve tanta importância como a consagração realizada por João Paulo II?

“‘Sim, é estranho’, admito.

“‘Você pensa realmente que Lúcia levaria cinco anos para escrever que a consagração tinha sido aceita? E que Bertone esperou nada menos que dezesseis anos para anunciar a validade de algo tão crucial como a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria?’ A voz do padre Amorth soa como folhas secas.

“‘Na verdade, é tudo muito estranho’. Eu [Zavala] aceno com a cabeça novamente.

“‘Além do mais’, ele acrescenta, ‘se a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria feita por Pio XII, em 1942, foi apenas parcialmente aceita [editor: porque o Papa não mencionou a Rússia [2]], pois Jesus disse que, em vista disso, a guerra seria somente abreviada, e não imediatamente concluída, por que Ele agora mudaria de ideia, se a Rússia não foi mencionada nessa ocasião?

“Sim, seria uma incongruência’.

“‘Sim’.

“‘Então’…

“‘Eu não tenho dúvida de que a consagração não foi feita nos termos requeridos pela Virgem Maria. Mas não devemos perder de vista o que Ela queria nos dizer através de Lúcia: ‘por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz’ […]

A entrevista aqui é desviada do tema de Fátima, mas Zavala retorna a ele mais tarde:

“‘Perdoe-me por insistir no Terceiro Segredo de Fátima: o Padre Pio o relata, então, como a perda da fé dentro da Igreja?

“O padre Gabriele franze a testa e projeta o queixo. Ele parece bastante afetado.

“‘De fato’, ele afirma, ‘um dia o Padre Pio me disse com muita tristeza: ‘sabe, Gabriele? Satanás foi introduzido no seio da Igreja, e em muito pouco tempo irá dirigir uma falsa igreja‘.

“‘Meu Deus! Um tipo de Anticristo! Quando ele profetizou isso para você?’, pergunto [Zavala].

“‘Deve ter sido por volta de 1960, eu já era padre’.

“‘Foi por causa disso que João XXIII entrou em pânico sobre a publicação do Terceiro Segredo de Fátima, para que as pessoas não pensassem que era ele o anti-Papa ou o que quer que fosse?’

“Um ligeiro mas vivo sorriso enrola os lábios do padre Amorth.

“‘O Padre Pio disse algo mais sobre futuras catástrofes? Terremotos, inundações, guerras, epidemias, fome? Ele fez alusão às mesmas pragas profetizadas nas Santas Escrituras? ‘ [pergunta Zavala].

“‘Nada disso importava para ele, por mais terrível que fosse, exceto a grande apostasia dentro da Igreja. Essa era a questão que realmente o atormentava e pela qual ele rezou e ofereceu grande parte dos seus sofrimentos, crucificado por amor‘ [diz o padre Amorth].

“‘O Terceiro Segredo de Fátima?

“‘Exatamente‘.

“‘Existe alguma forma de evitar algo tão terrível, padre Gabriele?’

“‘Há esperança, mas é inútil se ela não é acompanhada por obras. Comecemos por consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, recitemos o Santo Rosário, rezemos todos e façamos penitência‘” [ênfases adicionadas].

E assim termina a apresentação de Steve Skojec das passagens do novo livro de Zavala sobre Fátima.

O padre Amorth é aqui uma testemunha do que o Padre Pio – que ele conheceu pela primeira vez quando era um jovem de dezessete anos – disse direta e pessoalmente a ele. O padre Amorth afirma na mesma entrevista que o Padre Pio o deixava até mesmo ler às vezes o seu próprio diário espiritual.

Como relatamos anteriormente [3], o padre Amorth também declarou ao longo de sua vida que não acreditava que a Consagração da Rússia tivesse sido feita (declaração confirmada pelo Cardeal Paul Josef Cordes [4]). Em dezembro de 2015 o padre Amorth disse:

“A Consagração ainda não foi feita. Eu estava lá, no dia 25 de março [1984], na Praça de São Pedro. Eu estava na primeira fila, a uma distância em que praticamente podia tocar o Santo Padre. [Papa] João Paulo II queria consagrar a Rússia, mas a sua comitiva não, temendo que os ortodoxos fossem contrariados, e eles quase o frustraram. Assim, quando Sua Santidade consagrou o mundo de joelhos, ele acrescentou uma sentença que não estava na versão distribuída, e que dizia consagrar ‘especialmente aquelas nações de que Vós pedistes a consagração’. Isso incluía indiretamente a Rússia. No entanto, uma consagração específica ainda não foi feita. Você pode sempre fazê-la. Na verdade, certamente será feita” […].

Como com outros filhos espirituais do Padre Pio – o Dr. Ingo Dollinger [5] e o padre Luigi Villa [6], por exemplo – parece que o Padre Pio ainda está efetivamente conosco, trabalhando por meio daqueles que ele conheceu e guiou enquanto ainda estava na Terra. Parece ser parte do seu legado nos ajudar nestes tempos difíceis. Rezemos então para o Padre Pio e peçamos a sua intercessão!

NOTAS.

[1]. Cf. [].

[2]. Cf. [].

[3]. Cf. [].

[4]. Cf. [].

[5]. Cf. [].

[6]. Cf. [].

Fonte: [].

Tradução. Bruno Braga.