A abertura do 3º Selo: o Terço da Divina Chama
Nossa Senhora, Santa Teresinha e Catarina Labouré abrem o terceiro dos três Selos que marcam as aparições de Belo Horizonte: o Terço da Divina Chama. Trata-se de uma invocação do Espírito Santo para que não se caia na dispersão, na confusão e na apostasia destes tempos.
11 de fevereiro de 1995
Dirigi-me à Igreja de São Bento, local que havia escolhido para receber Nossa Senhora. Acredito que fui inspirado por Ela mesma nesta escolha. Havia cerca de cem pessoas na igreja. Começamos a rezar o Terço às 15 horas. A Santa Missa teve início às 16, e foi celebrada pelos padres José Celestino e Rubem Schuch.
Depois da Missa, exatamente às 17 horas, Nossa Senhora apareceu com todo o esplendor de luz. Ela estava linda na veste branca, o rosto brilhante como uma estrela. Os olhos azuis reluziam como águas-marinhas. As mãos moviam-se com suavidade, e os pés descalços flutuavam sobre uma nuvem. Um pequeno facho de luz brilhava aos seus pés.
Desta vez Nossa Senhora apareceu trazendo as mãos ao peito. Quando toda a sua figura se formou, Ela baixou os braços exatamente como na imagem da Medalha Milagrosa. Suas mãos irradiaram uma luz intensa, e no meio dela formaram-se as figuras de duas freiras. Nisso Ela tomou a palavra:
– Obrigada por ter atendido a todos os meus chamados, e por chegar até aqui, conforme lhe pedi. Você está em uma igreja de pedra; necessitamos transformá-la com o coração alicerçado na espiritualidade. Rezem neste local para que isto aconteça. Hoje você terá conhecimento da minha terceira aliança com vocês. Preste atenção no que vai escutar de suas diretrizes no Céu. Estas são Teresinha e Catarina.
Santa Teresinha estava à direita de Nossa Senhora, e Santa Catarina à esquerda. As duas continuavam envoltas pela luz que emanava das mãos da Virgem. Teresinha vestia um hábito marrom-escuro, com uma capa bege e um véu preto na cabeça. Seu rosto era delicado, e ela aparentava vinte e poucos anos. Catarina parecia mais velha, uns cinquenta e poucos anos. Era baixa, clara, e tinha olhos azuis. Vestia um hábito preto, uma espécie de babador no peito e um véu na cabeça aberto para os lados.
As duas irmãs traziam um terço pequeno e brilhante nas mãos. Na primeira conta do terço, elas rezaram o Credo. Nas contas seguintes, três Ave-Marias. Depois elas disseram, enquanto se persignavam:
– Em nome do Pai, do Filho e, através do Espírito Santo, dizemos amém.
Na sequência, rezaram o Pai-Nosso. Nas contas em que normalmente rezamos as Ave-Marias, Teresinha dizia:
– Vinde, Espírito Santo…
E Catarina completava:
– Sede a nossa força e o nosso entendimento.
Elas rezaram as cinco dezenas deste modo. Por último, rezaram em uníssono a seguinte oração:
– Vinde, Espírito Santo, fazei de nós receptáculos de vossos dons, para que possamos fornecer aos nossos irmãos o caminho seguro nestes tempos confusos.
E depois concluíram com o sinal:
– Em nome do Pai, do Filho e, através do Espírito Santo, dizemos amém.
Encerrado o Terço, as irmãs desapareceram. Nossa Senhora, que estava num plano mais alto, desceu até quase tocar com os pés o altar-mor, repleto de coisas levadas pelas pessoas para serem abençoadas. Eu então lhe perguntei:
– É para rezar o Terço desta forma?
– É para rezar desta forma e como tradicionalmente você aprendeu. Na forma como lhe foi ensinado agora, é uma exaltação ao Espírito Santo. Quando estiverem em adoração ou se preparando para a comunhão, rezem o Credo, ofereçam tudo em nome do Pai, do Filho, e rezem com a luz do Espírito Santo o Pai-Nosso e essas jaculatórias. O Espírito Santo descerá sobre vocês, e vocês terão a proteção dos anjos do Céu para que não caiam na tentação do pecado da dispersão diante do Santíssimo, da confusão e da apostasia. A minha Medalha Missionária, o Pai-Nosso da Esperança e este modo de rezar, utilizando o terço do meu rosário, refletem a minha aliança com vocês, como escudo de proteção contra a grande tormenta que se aproxima.
– Como podemos chamar este modo de rezar? – perguntei em seguida.
Ela respondeu com um sorriso nos lábios e muita doçura na voz:
– Chame-o Terço da Divina Chama.
– Por que essas invocações foram rezadas por Santa Teresinha e por Santa Catarina, e não pela Senhora?
– Porque elas viveram na Terra a Divina Chama, aquela que nunca se apaga, e quero que isto sirva de exemplo para você.
Depois deste diálogo, que deu início ao nosso encontro, veio a parte intitulada Final de Milênio II, difundida juntamente com Final de Milênio I e Final de Milênio III, também partes de dois outros diálogos, devido às suas características proféticas.
Em seguida, Nossa Senhora fixou o olhar na irmã Margarida, do Mosteiro de São Bento, que estava ao meu lado, providencialmente trazida por Ela para este momento, e disse:
– Estou vendo nas mãos da minha querida flor beneditina os terços de André, Tiago, Matias, Tomé e Bartolomeu, trazidos à minha presença conforme pedi. Diga a ela que os distribua da seguinte forma. O terço de André, entregue-o a meu caro Dom Celestino. Eu o estou forjando para esta Obra, dobrado como um aço nobre colocado ao meu serviço. Que ele faça jus, juntamente com Dom Schuch, ao meu olhar de Mãe. O terço de Tiago, o irmão de João, peça à minha florzinha que entregue a Ediwal, porque ao acreditar e não vacilar, ele tem a minha benção. Que ele o use em meu nome com inteligência, porque quando os lobos atacaram a Obra, ele a defendeu com firmeza e dignidade. O terço de Matias, Margarida deverá entregar ao doutor Cardoso. Esse médico é um dom de Deus que aproximei da minha Obra. Que ele cultive este dom precioso que lhe vem de Deus.
Eu perguntei preocupado:
– Qual doutor Cardoso, Senhora? Não conheço nenhum!…
Ela respondeu com um sorriso:
– O médico que lhe encaminhei.
– O doutor Bruno?
– Ele mesmo.
Dando continuidade, Ela disse:
– O terço de Tomé, minha querida flor deverá entregar a Vicente. A ele dei um sinal sem nenhuma constatação extraordinária, como prova para que o discernisse e procurasse a verdade, e assim ele o fez e isto muito me agradou. Que ele continue sempre procurando a verdade, custe ela o que custar. O terço de Bartolomeu, que fique nas mãos desta que foi o meu instrumento para que esta graça de Deus acontecesse entre vocês. Antes que ela me percebesse, Eu já a via no claustro. Conforme lhe prometi, a minha pequena Margarida aqui está, para que você mesmo lho entregue, em meu nome. Que o amor que fiz brotar entre vocês dois perdure sempre, até o momento do encontro definitivo comigo no Paraíso. Através de São Bento, esses terços vieram até você; através de São Bento, entrego-os definitivamente às diretrizes da minha Obra. Que o exemplo dessa alma dedicada a Deus os guie, para que orem e trabalhem em nome do Céu. Para completar esse elo entre vocês, quero que chegue às mãos de Godoy o terço de Filipe.
– O terço que pertenceu ao padre Narciso? – perguntei surpreso.
– Esse terço Eu o coloquei sob a guarda de Dom Schuch para este momento. Ele está totalmente impregnado da paz de Narciso e da minha, paz que provém de Deus. Quero que esta paz resida no coração de Dom Schuch e Godoy, para que, juntos, possam divulgar com amor o meu nome. Desejo que Dom Schuch coloque esse terço nas mãos de Godoy, agora, nesta igreja.
– Mas, Senhora, eu não trouxe esse terço.
– Ele está aqui; faça o que estou lhe pedindo.
Realmente o terço estava ali, levado pelo padre Rubem.
Em seguida, Nossa Senhora começou a falar num tom pausado e tranquilo:
– Meu filho, quero que transmita aos meus pequeninos1 o que vou lhe falar: “Meus queridos e amados filhos, vocês foram escolhidos por mim para representarem a minha Obra na Terra. Alguns de vocês Eu trouxe para o meu lado com a permissão de Deus, e outros virão antes da grande tormenta. A Obra não será quebrada por causa disso; ao contrário, este vínculo com o Céu será a força de vocês. Todos vocês são importantes, e o que lhes entrego será a minha última tentativa para que o maior número possível de almas se salve. Não me desapontem, porque a unidade desses doze não poderá ser quebrada. Este é o motivo por que quero alguns de vocês comigo, pois daqui receberão toda a força do Espírito Santo, e a transmitirão a vocês nestes tempos confusos e difíceis que se aproximam”.
Nisso eu perguntei:
– Senhora, e se por acaso alguns dos seus escolhidos saírem da Obra, como aconteceu com o representante do terço de João?
Ela respondeu com um ar sério:
– Reze para que isto não aconteça. Caso contrário, o Diabo tomará o comando do movimento, a discórdia nascerá entre vocês, e a cadeia de amor fraternal cairá por terra. Nesse momento nada poderei fazer, porque vocês estarão agindo como aquele que traiu a minha confiança, e a justiça de Deus tomará curso sem a minha presença.
– Nossa Senhora, posso lhe fazer uma pergunta sobre a Medalha Missionária?
– Qual pergunta?
– Se por acaso a Igreja contestá-la oficialmente e proibi-la, estarei agindo contra Ela se a continuar divulgando. Se eu obedecer aos padres, estarei em falta com a Senhora; e se obedecer à Senhora, estarei em falta com a Igreja. Estou preocupado e não sei como agir…
Ela então mudou de semblante, adquirindo um ar atento, e com o olhar bem fixo em mim, chegando a me embaralhar a vista, disse:
– Vou lhe contar uma história. Existia um vale, onde corria um rio. Esse rio fertilizava todo o vale com uma água límpida e saudável. O vale dependia do rio para sobreviver. Um dia, chegou a esse vale um homem, começou a plantar, e muitas pessoas, maravilhadas de como tudo crescia bem, começaram a se aproximar desse homem. E em pouco tempo todos dependiam do vale, do rio e do homem. Tempos depois, preocupados em como o homem fazia maravilhas com a água que provinha do rio, o prenderam e o mataram, e tomaram conta do vale. Resolveram que somente eles poderiam tomar conhecimento do rio, e então represaram as suas águas. O vale começou a secar, e todos, confusos, procuravam as suas águas e lamentavam porque aquele homem que lhes mostrara o vale não existia mais. Mas o rio represado, todos sabem, se romperá um dia, porque é impossível conter um rio. Eu lhe pergunto: é possível conter um rio?
– Acho que não; pelo menos por meios humanos, não.
– Então dê curso ao rio.
E completou:
– Vejo que me trouxeram muitas coisas, meu filho. Nada disso tem valor no Céu, mas Eu toco vocês em espírito, para que as usem em nome de Deus. Eu abençoo a todos, e fiquem em paz.
Dizendo isto, desapareceu.
1 Nossa Senhora escolheu doze “pequeninos especiais”, de quem esperava uma maior dedicação à Obra Missionária.
Referência: LOPES, R. Os terços de André, Tiago (irmão de João), Matias, Tomé e Bartolomeu: O 3º Selo, Terço da Divina Chama. In: LEMBI, Francisco. Diálogos com o infinito. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 128.