Há anos, com o heterodoxo Cardeal Marx à frente, os Bispos alemães com frequência colocam desafios para a fé católica, questionando os seus dogmas e consolidando posições absolutamente incompatíveis com ela.
Infovaticana, 16 de março de 2019.
Tradução. Bruno Braga.
A Conferência Episcopal Alemã pretende debater em junho sobre os métodos contraceptivos e o sentido do celibato.
A situação da Igreja Católica é delicada em todo o Ocidente. Mas, em um lugar, ela o é de forma especial: na Alemanha. Há anos, e com o heterodoxo Cardeal Marx à frente, os Bispos alemães com frequência colocam desafios para a fé católica, questionando os seus dogmas e consolidando posições absolutamente incompatíveis com ela.
Tal como relata o Infocatólica [1], durante a Assembleia Plenária celebrada em Lingen, a Conferência Episcopal Alemã abordou as possíveis causas e razões da atual crise de abusos sexuais no seu país. Os oradores convidados apresentaram a ideia de ordenar os chamados viri probati, assim como aceitar a contracepção, as relações sexuais antes do casamento, as relações homossexuais e a ideologia de gênero.
Os Bispos alemães decidiram continuar discutindo esses temas em uma série de debates através de um “caminho sinodal”.
O Cardeal Marx, presidente da Conferência de Bispos da Alemanha e Arcebispo de Munique-Freising, concedeu uma coletiva de imprensa, na qual assinalou que os Bispos alemães irão abordar os problemas “sistêmicos” relacionados com a crise de abusos, algo que “não foi discutido em Roma”, na recente cúpula realizada no Vaticano. Trata-se de “perigos de uma natureza sistêmica”, indicou o Cardeal, que acrescentou: “Somos a única Igreja local que enfrenta essa questão neste momento”.
Na realidade, não. A Igreja alemã não é a única que tagarela sobre os abusos neste momento. Quase todas o fazem. Em vez disso, é a única que tagarela sobre os abusos com tal desprezo pela ortodoxia e pela doutrina da Igreja.
A coletiva de imprensa havia atrasado, como Marx revelou, porque apenas trinta minutos antes da coletiva os Bispos alemães se colocaram de acordo em iniciar um “processo sinodal” na Alemanha para discutir mais a fundo esses assuntos.
Para isso, haverá três fóruns de discussão: sobre o celibato, dirigido pelo Bispo Felix Genn; sobre a moralidade sexual, dirigido pelo Bispo Franz-Josef Bode; e sobre questões de poder e participação, sob a direção do Bispo Wiesemann.
Os primeiros resultados serão apresentados em setembro. Esse processo será levado a cabo “junto com o Comitê Central de Católicos Alemães” (ZdK), explicou o Cardeal Marx, que se mostrou muito satisfeito com o resultado da Plenária. Ele assegurou ter chamado rapidamente o professor Thomas Sternberg, presidente do ZdK, para receber o seu compromisso de colaborar.
Sternberg é conhecido por ser a favor de abolir o celibato, de ministrar a Comunhão a adúlteros, e em geral de ser a favor de qualquer coisa que contrarie a doutrina e a disciplina católica tradicional.
O Cardeal Marx apontou três aspectos, ao explicar os temas propostos que serão discutidos mais a fundo pelos Bispos alemães: a questão do poder, o celibato e a moral sexual da Igreja.
“A pergunta está permitida: deve existir sempre o celibato?”. Marx recordou que “a Igreja Católica já tem sacerdotes casados”. Ele também se referiu a um dos oradores durante a assembleia episcopal, o professor Eberhard Schockenhoff, que propôs uma mudança no ensinamento moral da Igreja para incluir a aceitação da contracepção, a convivência fora do matrimônio, a ideologia de gênero e os casais homossexuais. O Cardeal Marx comentou com simpatia a contribuição desse orador, e disse que Schockenhoff “apresentou muito bem o debate sobre a moral sexual”. Também há “uma necessidade de discussão sobre o Catecismo”.
O purpurado assegurou que “a maioria dos Bispos” pensa que “há uma necessidade de mudança” na moral sexual da Igreja.
Os Bispos alemães acordaram por unanimidade iniciar um “processo sinodal”, ao fim do qual poderão, disse Marx, enviar uma “carta a Roma, caso haja pontos que não possamos esclarecer”, apresentando assim suas propostas à Igreja Universal.
Marx indicou que em momentos passados os Bispos alemães já tinham visto a necessidade de tal discussão, inclusive enviando, após o seu Sínodo de Würzburg nacional, na década de 1970, um conjunto de perguntas a Roma, mas que não receberam nenhuma resposta. Naquele momento, certas coisas todavia não podiam ser discutidas abertamente, “porque alguém poderia ter problemas com Roma”. “Mas aquele momento já terminou”, concluiu.
O Cardeal Marx deixou claro que houve um “ponto de inflexão” na Igreja. “As coisas já não podem continuar como eram feitas”, afirmou.
NOTAS.
[1]. Cf. [http://www.infocatolica.com/?t=noticia&cod=34430].