O testemunho do Cardeal Meisner sobre Fátima e os dubia

Como informamos no início desta semana, o Cardeal Joachim Meisner, um dos quatro Cardeais dos dubia, faleceu no dia 05 de julho. O Cardeal alemão adormeceu pacificamente enquanto rezava o seu breviário em preparação para oferecer pela manhã o Sagrado Sacrifício da Missa.

Image credit: Dr. Michael Hesemann

Maike Hickson.

OnePeterFive, 08 de julho de 2017.

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Tradução. Bruno Braga.

Como informamos no início desta semana [1], o Cardeal Joachim Meisner, um dos quatro Cardeais dos dubia, faleceu no dia 05 de julho [2]. O Cardeal alemão adormeceu pacificamente enquanto rezava o seu breviário em preparação para oferecer pela manhã o Sagrado Sacrifício da Missa.

Na esteira das notícias da morte do Cardeal Meisner, o Dr. Michael Hesemann – o historiador alemão da Igreja que nos forneceu um importante documento de 1918 dos Arquivos do Vaticano sobre o plano maçônico para atacar o trono e o altar [3] – escreveu na sua página do Facebook um tributo ao Cardeal alemão que ele conheceu pessoalmente, e bem [4].

Na sua homenagem, o Dr. Hesemann cita uma carta particular que o Cardeal Meisner lhe escreveu no dia 29 de dezembro de 2016, palavras que agora parecem uma parte do testemunho espiritual do Cardeal (Meisner também escreveu um testamento espiritual público, ao qual retornaremos mais tarde. Este testamento mais privado, contudo, é até mais pertinente, na medida em que o Cardeal Meisner foi o único dos quatro Cardeais dos dubia que nunca fez declarações públicas sobre sua própria participação e apoio à iniciativa). Aqui seguem algumas das palavras privadas do Cardeal Meisner no final de 2016, tal como citadas pelo Dr. Hesemann:

“‘Vivemos em um tempo de confusão, não somente na sociedade, mas também na Igreja‘, ele [Meisner] me escreveu ainda em 29 de dezembro de 2016; como estava certo! E ele acrescentouescrevendo como se fosse uma mensagem para todos os Bispos e ao mesmo tempo como uma explicação para a sua assinatura dos dubia: ‘O pastor é eleito por Cristo com o objetivo de preservar o rebanho do erro e da confusão'” [ênfases adicionadas].

Depois de citar essas palavras memoráveis sobre a crise atual na Igreja e sobre o dever intrínseco do Papa, o Dr. Hesemann continua, referindo-se à importância que o Cardeal Meisner dava à mensagem de Fátima:

“Ele [Meisner], que está mais intimamente ligado à mensagem de Fátima que qualquer outro Bispo alemão, e que se encontrou várias vezes com o a Irmã Lúcia, a vidente, na época [dezembro de 2016] depositou muita esperança sobre o Ano de Fátima de 2017, e esperava ‘que a Mãe de Deus não nos deixaria afogar na confusão e no pecado'”.

É possível ver quão penetrantes são essas palavras de oração quando consideramos as seguintes palavras do Dr. Hesemann:

“Ele [Meisner] não poderia prever que, no mesmo ano [2017], a Alemanha facilmente passaria e aprovaria o ‘casamento’ homoafetivo anticristão [Veja aqui mais informações [5]]. Contudo, as últimas palavras que ele escreveu para mim tornaram-se ainda mais pertinentes – sim, elas soam como um testamento, seu último aviso para o nosso tempo: ‘Desde então, mal existe na nossa sociedade a memória da criação, também se esqueceu quem e o que é o homem. Por isso, agora a confusão total, e ainda se pensa assim servir a humanidade”.

Somos gratos ao Dr. Hesemann por publicar as palavras de um dos quatro corajosos Cardeais dos dubia, e que recebeu em um passado recente muitas críticas por tê-los assinado. Em dezembro de 2016 [6], noticiamos em fortes tons que vieram de fontes alemãs – isto é, do braço alemão da Rádio Vaticano e do , o website da Conferência dos Bispos da Alemanha – que utilizaram palavras como “traição” e “renegado” com relação ao Cardeal Meisner. Como relatamos naquela época, Meisner pode ter sido especialmente escolhido por essa crítica também pelo fato de ele ter sido a força condutora no Conclave de 2005 para ter Joseph Ratzinger eleito Papa [7].

Paul Badde, um jornalista alemão, acadêmico e especialista em Vaticano que conheceu o Cardeal Meisner pessoal e intimamente, e por muitos anos – e que até o teve como conselheiro ao escrever sobre as notícias da Igreja – também nos recordou, no seu particular e emocionante tributo ao Cardeal alemão, o papel importante de Meisner no Conclave de 2005 [8]. Badde diz que foi Meisner quem “durante o Conclave, descobriu e frustrou a trama do chamado grupo Sankt Gallen contra a mesma eleição [a de Joseph Ratzinger]”. Badde continua:

“Naquela época, ele tornou-se o ‘criador do Papa’ [‘pope-maker’], ao lado do Espírito Santo, claro. ‘Hoje lutei como nunca antes na minha vida’, ele me disse naquele momento, no caminho de casa da Capela Sistina ao seu alojamento no fundo da colina de Gianicolo. Mais, ele não tinha permissão para dizer” [ênfase minha].

Retornemos ao tema de Fátima. O Cardeal Meisner uma vez descreveu em uma conferência como, durante os seus mais de 40 anos de vida sob o Comunismo na Alemanha Oriental, os comunistas sempre tiveram uma aversão especial contra Fátima, e relatou que eles nunca permitiram um católico viajar a Fátima [9]. “Sempre nos foi negado”. “Não nos era permitido falar muito sobre Fátima, porque isso seria sempre interpretado como propaganda anti-soviética”, explicou o Cardeal Meisner. Para ele, pessoalmente, era um sinal de que “o demônio percebe quando está seriamente em perigo”.

Em 2016, pouco depois do breve encontro em Cuba entre o Papa Francisco e o Patriarca ortodoxo Kirill, o Cardeal Meisner propôs, na mesma conferência citada acima, que esse evento histórico poderia inspirar os líderes católico e ortodoxo a “nos consagrar todos à Mãe de Deus em meio às dificuldades atuais, como os videntes de Fátima propuseram” [ênfase adicionada]. Portanto, ele apoiava a ideia da Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria.

O Cardeal Meisner mostrou sua devoção a Fátima em outras ocasiões. Em 2013, em uma homilia na Vigília da Festa de Nossa Senhora de Fátima [10], no dia 13 de maio, o Cardeal Meisner fez uma apresentação muito bonita sobre a importância de Fátima, do Rosário em particular. Recordando o ano de 1917, o prelado disse:

“A luz da Fé se extinguiu no Leste Europeu (com a Revolução Russa), mas, no Ocidente, a luz da Fé uma vez mais surgiu: isto é, a mensagem de Maria sobre a superação do mal com o bem, sobre a derrota de tanques e canhões por meio da oração. E isso foi em Fátima”.

Meisner acrescentou que foi em Fátima – em Portugal – que Nossa Senhora “encontrou uma base a partir da qual ajudou a superar a incredulidade”. Então, ele completa: “Bendita és tu, Portugal, porque acreditaste!”

Foi depois do atentado de 1981 contra o Papa João Paulo II – que acreditava fortemente que sua vida fora salva por intercessão de Nossa Senhora de Fátima – que o Papa pediu para o Cardeal Meisner celebrar uma Santa Missa em Fátima, em 1990, no “primeiro dia de Fátima sem o Império Bolchevique”, e celebrá-la “em ação de graças pela libertação do Comunismo” (voltaremos a essa homilia de 1990). Aos olhos de Meisner, foi por meio de Fátima que a mudança política aconteceu no Leste Europeu, em 1989. “Como uma arma contra a impiedade, a Mãe de Deus nos deu a oração, especialmente a oração do Rosário”, explicou o Cardeal.

O Cardeal Meisner, que tinha uma forma muito viva e calorosa de proferir suas homilias, recordou um encontro que teve certa vez, em 1975, quando ainda era um jovem Bispo na Alemanha Comunista. Um grupo de turistas veio até a sua Missa, em Erfurt (Alemanha Oriental), um grupo de católicos da União Soviética que não participava de uma Santa Missa há 30 anos! “Estamos com saudade da Igreja!”, disseram a ele após a Missa. E um homem colocou para Meisner uma questão muito pertinente: “Você poderia nos dar uma informação muito importante? Que doutrina da Fé nós precisamos passar para os nossos filhos e para os nossos netos para que eles possam obter a vida eterna?” [ênfase adicionada].

 O Cardeal Meisner ainda estava muito tocado por essas palavras quando as relatou novamente na homilia de 2013: “Uma questão tão importante não me havia sido colocada antes nem depois”, disse. Contudo, quando ele propôs que fosse entregue a este homem e a cada um de seus companheiros uma Bíblia e o Catecismo, o homem da União Soviética educadamente recusou, dizendo que não lhes era permitido ter livros religiosos em casa. Quando questionado sobre levar um Rosário para casa, o homem respondeu: “Sim, podemos. Mas o que isso tem a ver com a minha pergunta?” E o Cardeal Meisner respondeu – erguendo o seu Rosário:

“No início do Rosário, está a cruz, onde rezamos o Credo, que contém toda a nossa Fé. Então, vêm as três pérolas: Fé, Esperança, Caridade – todo o ensinamento para a vida. É o que devemos viver. Então, siga as outras pérolas, todos os Evangelhos em uma espécie de roteiro secreto, que pode ser compreendido somente por mãos e corações orantes”.

O homem pegou o Rosário das suas mãos e disse: “O que? Então eu tenho a Fé católica inteira em uma mão!” (ênfase adicionada). A descrição dessa inesperada e duradoura conversa, tal como relatada pelo Cardeal Meisner, deveria ser saboreada na íntegra na homilia original, em alemão, a fim de que a completa beleza moral dessa história possa ser vista. Poderíamos saber o que aconteceu com esses católicos da Rússia desde 1975!

Ao longo dessa homilia, o Cardeal Meisner utilizou algumas belas imagens poéticas e combinações de palavras que saltam de sua profunda Fé e ardente amor por Deus. Ele disse, por exemplo: “Quando eu alcanço a mão de Deus, quero ter algo na minha mão: o Rosário!” [ênfase adicionada]. E: “Quem quer que reze o Rosário de novo e de novo, sentirá o que os irmãos sentiram no caminho de Emaús, quando se perguntaram: ‘Nossos corações não inflamaram?'” E aqui o Cardeal disse: “O coração que está ardendo por Cristo é a esperança do mundo. Maria trouxe esse fogo para o nosso mundo em Fátima” [ênfase adicionada]. “Não teorias, mas corações inflamados mudarão o mundo”, acrescentou. Ele também utilizou a bela imagem de uma mulher doente que tocou a bainha da veste de Nosso Senhor. “Se eu apenas tocar essa bainha, eu estarei curada”. Disse Meisner, então: “É com o Rosário que aquela bainha de Jesus é colocada nas nossas mãos”.

Por causa da beleza dessa homilia, deixe-me citar outras imagens poéticas expressadas pelo prelado:

“Quando nós, juntamente com essas pérolas, recebemos as palavras de Sua vida, essas sementes espirituais produzirão frutos – 30, 60, 100 vezes até a vida eterna! Cada pérola é um germe de vida, porque traz o Evangelho para dentro da nossa vida e traz a nossa vida para dentro do Evangelho” [ênfase adicionada].

O ardente amor do Cardeal Meisner pelo Rosário tornou-se ainda mais claro quando ele fez o seguinte testamento público:

“Quando eu morrer, os Cônegos virão para pegar o meu anel, o meu báculo. Mas, eu escrevi o meu testamento: vocês têm que deixar o meu Rosário! Eu quero levá-lo dentro do meu caixão! Eu desejo mostrá-lo para a Mãe de Deus para que ela possa me mostrar, após este exílio, Jesus, o Bendito fruto da sua vida!”.

No seu completo testamento espiritual, que agora foi publicado na Colônia, Alemanha [11], o Cardeal Meisner escreve uma carta para Jesus como um testemunho de gratidão a Deus, primeiro, por tê-lo criado como ser humano, depois, por tê-lo feito padre e Bispo, “formado e consagrado por suas chagas”, e por ter “me usado na sua Cruz, e por ter-me feito digno nas suas feridas”. Escrito em 2011 – durante o pontificado do Papa Bento XVI – ele também implorou ao seu rebanho para permanecer sempre fiel a Pedro e, assim, permanecer na Fé.

Consideremos agora o que o Cardeal Meisner disse sobre Nossa Senhora de Fátima em 1990, quando visitou Fátima pela primeira vez, e sobre o pedido do Papa João Paulo II. Hesemann gentilmente disponibilizou-me esta homilia, que o Cardeal Meisner lhe deu para ser publicada no seu livro sobre Fátima (Das Letzte Geheimnis von FatimaO último segredo de Fátima [12]).

“No dia 13 de maio de 1990, o Cardeal Meisner então declarou:

“‘Na nossa antiga Europa, que uma vez fora a pátria da Cristandade, Jesus Cristo quase não apareceu em público mais. Maria – com a sua Igreja – foi empurrada para as margens das sociedades europeias. Portugal, no entanto, há 73 anos acolheu Maria – como João aos pés da cruz. Em Fátima, Maria poderia começar o seu caminho para trazer Jesus de volta à Europa. Na Rússia, e em outros Estados do Leste Europeu, a fé cristã foi quase proibida. Os povos da Europa Oriental que altamente veneravam Maria foram capazes de dar a ela somente um pequeno espaço, já que o ateísmo conquistou quase todo o espaço vivo. Por isso, Maria veio de Fátima para socorrer os discípulos angustiados do seu Filho nos Estados do Leste Europeu. Fátima é, por assim dizer, a base de Maria, de onde ela subverteu o povo da Europa Oriental para trazer a eles Cristo, que verdadeiramente liberta o homem. A Europa nunca deve esquecer de agradecer a Portugal por ter aberto as portas a Maria para que ela pudesse converter os Estados ateus no Leste do nosso continente […] Naqueles anos de Comunismo, Maria foi a mais modesta, porém, onipresente companheira nos sofrimentos e a auxiliadora dos aflitos […] Não foi Marx quem deu grandeza e dignidade ao homem, mas Maria”.

Quando lemos essas palavras, devemos recordar que elas foram escritas sob a profunda impressão do fim do Comunismo no Leste, depois de décadas de opressão. A intensa gratidão do prelado é evidente nessas palavras (vamos lembrar que, em 2016, quase vinte anos depois, ele chegou à conclusão de que nós ainda necessitamos da assistência de Nossa Senhora de Fátima. No entanto, há razões ainda mais profundas para a devoção do Cardeal Meisner a Nossa Senhora. Em uma entrevista sobre a sua vida, de 2016 [13] – ele nasceu em 1933, sob o regime nazista, viveu por mais de 40 anos sob o Comunismo, na Alemanha Oriental, e enfrentou, como Arcebispo de Colônia, os desafios do relativismo cultural e do catolicismo liberal – fica claro que foi a sua própria mãe quem ensinou a ele o amor à Santíssima Mãe e ao Rosário.

Em 1945, sua mãe teve que fugir dos soviéticos que se aproximavam de Breslau (hoje, na Polônia). Fugiu para o Ocidente levando consigo não apenas seus quatro filhos, mas seis outros parentes – duas avós e mais quatro crianças! (o pai de Meisner estava entre os mortos em batalha na Rússia, e nunca voltou para casa). No trajeto para o Ocidente, a extensa família de Meisner passou por situações terríveis, como estar perdida em uma van em um monte de neve longe da principal estrada rural, e no inverno, em temperaturas congelantes abaixo de zero. No meio desta situação dramática, depois de ter caído uma ladeira nesta van, a mãe levantou o Rosário, dizendo: ‘Deus está conosco!’ Quando mais tarde, procurando à noite em vão por horas um quarto na pequena aldeia da futura Alemanha Comunista, a mãe de repente parou e explicou calmamente aos seus quatro jovens filhos que ela, sua mãe, agora não era capaz de cuidar deles, e que, então, eles juntos agora deveriam se virar para Maria por ajuda. Depois de rezarem três vezes uma oração mariana alemã especial (Hilf Maria, jetzt ist Zeit), um homem veio à rua até eles, convidando-os para a sua casa: “Não posso ficar assistindo a uma mãe e seus filhos do lado de fora, à noite na rua”.

A história de vida do Cardeal Meisner é uma história de fervor e coragem. Eu raramente vi uma tal combinação única de um coração ardoroso e um convicção forte, e que ganhou respeito mesmo entre os seus oponentes declarados. Até a feminista alemã mais proeminente, Alice Schwarzer, fez recentemente o seu tributo ao Cardeal Meisner após sua morte: “Sim, eu gostava dele” [14]. Ela sentia uma amizade por ele e admirava “sua humanidade e fé infantil” apesar das suas diferenças de opinião, por exemplo, sobre o aborto. Schwarzer continuou, dizendo que, no último encontro que tiveram, há um ano, Meisner lhe deu um pequeno cartão de oração com um poema de Santa Teresa d’Ávila. As linhas “nada te atormente, nada te amedronte. Tudo passa, somente Deus permanece o mesmo” tocaram especialmente Schwarzer por serem bastante “consoladoras”.

Não é um verdadeiro testemunho católico aquele que permanece firme na verdade e alcança na caridade com o toque de Cristo os seus próprios oponentes? Isso também não é a combinação de Nosso Senhor e Nossa Senhora? Verdade e amor combinados?

Algumas das inspirações adicionais para a coragem e o testemunho católico de Meisner vêm de ninguém menos que do Cardeal Josef Mindszenty, o grande mártir húngaro do Comunismo. Foi no dia 06 de maio de 2017, não muito antes de sua morte, que o Cardeal Meisner deu testemunho deste grande homem [15]. Em uma homilia em Budapeste, Hungria, reconta como ele, então um garoto de 13 anos, viu uma foto do Cardeal Mindszenty sob acusação em um tribunal comunista. Meisner foi tão tocado por essa imagem – que o fez imediatamente recordar o próprio Nosso Senhor sendo falsamente acusado – que ele fixou essa imagem na parede do seu quarto e sempre olhava para aquele Cardeal antes de dormir e ao acordar. “Ele foi o modelo de Bispo para mim”, explicou o Cardeal Meisner na sua homilia. E acrescentou:

“E em mim cresceu o desejo de que eu, um dia, quisesse ser como o Cardeal, uma testemunha de Cristo que tivesse a coragem também de enfrentar os Poderosos deste mundo” [ênfase adicionada].

Mais tarde, o Cardeal Meisner encontrou novamente a mesma foto do Cardeal Mindszenty. Ele colocou a imagem dentro do seu breviário – “para que estivesse conectado a ele todos os dias em oração” – e foi o mesmo breviário que permaneceu nas mãos do Cardeal Meisner quando ele morreu. “Quando nós Bispos não somos mais confessores, o povo de Deus não está em boa situação”, Meisner acrescentou, depois de primeiro falar sobre o testemunho corajoso e o engajamento pela humanidade de Mindszenty. Meisner mostrou-se especialmente grato pela solidariedade e compaixão de Mindszenty com 9 milhões de alemães que fugiram do seu país após a II Guerra Mundial – entre eles, a família de Meisner. “Exceto o Cardeal Mindszenty, nenhum outro Bispo nos defendeu” [ênfase adicionada], acrescentou Meisner. “Bispos não têm que pensar apenas em uma boa reação da mídia, mas especialmente na proclamação da verdade que foi confiada a ele”.

O Cardeal Meisner não desafiou apenas os seus colegas Bispos. Ele também desafiou todos nós católicos quando uma vez disse, em 2016, que agora é a “grande chance de se tornar um cristão completo – cristãos-pela-metade vão perecer!” “A responsabilidade tem que ser preservada, ou ela será perdida”. Ele viu uma “grande chance de testemunhar que somos cristãos!” E esse testemunho – com o qual nós agora também aprendemos com o Cardeal Meisner, com a sua vida e com o seu ato final de assinar os dubia – nós só podemos realizar com a ajuda de Maria, enraizada no amor a Cristo.

No dia 04 de abril de 2005, o Cardeal Meisner – de forma significativa, pouco antes do Conclave de 18-19 de abril de 2005, em que ele desempenhou um papel tão importante – visitou a Sagrada Face (Volto Santo) de Manopello [16] com Paul Badde [17]. O Cardeal foi tão profundamente tocado pela amável Face de Deus que ele fez uma pequena, e mais uma vez poética, inscrição, que deve nos inspirar a um profundo amor por Nosso Senhor:

‘A face é o ostensório do coração. No Volto Santo, o coração de Deus torna-se visível’. + Joachim Card. Meisner, Arcebispo de Colônia, Pax Vobis! 4/4/2005″ [ênfase adicionada].

O amor ajuda a superar o medo, como o professor Josef Pieper uma vez explicou e exemplificou ao meu marido, o Dr. Robert Hickson. A palavra latina cor – coração – também pode ser encontrada na palavra coragem. O amor torna a pessoa corajosa, como a mãe do Cardeal Meisner lutando pelos seus pequenos. Que possamos todos nós aprender a amar Nosso Senhor e Nossa Senhora, amá-los tanto que lutaremos como leões por Eles. Que possamos rezar pelo descanso da alma do Cardeal Meisner, e que possamos adequadamente esperar que ele irá logo interceder por nós. E que possam então as suas palavras de 2016 sobre Fátima e os dubia também alcançar o coração do Papa Francisco.

NOTAS.

[1]. Cf. [].

[2]. Cf. [].

[3]. Cf. [].

[4]. Cf. [].

[5]. Cf. [].

[6]. Cf. [].

[7]. Cf. [].

[8]. Cf. [

[9]. Cf. [

[10]. Cf. [

[11]. Cf. [].

[12]. Cf. [

[13]. Cf. [

[14]. Cf. [].

[15]. Cf. [].

[16]. Cf. [

[17]. Cf. [].