Carlos Esteban.
Infovaticana, 26 de dezembro de 2017.
[https://infovaticana.com/2017/12/26/escandalo-maradiaga-catolicismo-desaparece-honduras/].
Tradução. Bruno Braga.
Enquanto Maradiaga se defende de forma vaga da acusação de ter levado meio milhão por ano da Universidade, o verdadeiro problema provocado pelo purpurado é a enorme perda de credibilidade da Igreja em um dos países mais pobres do mundo.
Na Religión Digital conhecem não só a verdade verdadeira sobre o escândalo que atinge o Cardeal hondurenho Óscar Maradiaga, mas sabem inclusive por que inventaram tais mentiras: “Caluniam o Cardeal Maradiaga para atacar o Papa e as suas reformas”.
Honestamente, temos que enaltecer a sagacidade e o esforço do jornalismo investigativo do nosso colega José Manuel Vidal, que sabe com certeza não apenas que as acusações contra o Arcebispo de Tegucigalpa são falsas – ou estaria caluniando quem chama de “caluniadores” -, mas lê as mentes e o fundo dos corações, entendendo que é tudo uma montagem – uma conspiração – dirigida contra o Papa “e suas reformas”.
Como ele sabe? Porque o acusado disse que não é verdade, e não seria razoável que alguém, denunciado por um caso tão sério de hipocrisia e enriquecimento desmedido, mentisse para se livrar das responsabilidades, certo?
Não deixa de ser curioso, no entanto, que a notícia lançada indiretamente contra o Papa venha de um informe que o próprio Papa solicitou a um colega argentino, o Bispo Pedro Casaretto, e que continha testemunhos incriminatórios de cinquenta pessoas – o que se chama de um grande exército de conspiradores.
No Infovaticana nos limitamos a apresentar o informe, sem entrar na sua veracidade. Pode ser que o dinheiro tenha sido destinado, como disse Vidal, aos pobres, embora vendo as estatísticas sobre a pobreza em Honduras não pareça que o panorama tenha mudado muito.
Mas Sua Santidade referiu-se à tese de Vidal e, em conversa telefônica com Maradiaga, comentou: “Sinto todo o mal que lhe fizeram, mas não se preocupe”. Bom, esperamos que, no final, tudo tenha sido calúnia, tudo tenha uma fácil explicação e os cinquenta acusadores façam um exame de consciência e se arrependam de suas calúnias.
De qualquer forma, a Igreja não é uma ONG, por mais que o trabalho social seja nela uma consequência necessária e obrigatória da mensagem evangélica. Disposto a julgar friamente o trabalho do presidente da Conferência Episcopal Hondurenha e coordenador do Colégio de Cardeais por vontade do Papa Francisco, faria mais sentido fazê-lo pelos seus resultados apostólicos, não?
Bom, o Espírito sopra onde Ele quiser. Mas, na terra de Maradiaga, não o faz com muitos frutos. E, como afirma El Heraldo de Honduras, o Catolicismo diminuiu aproximadamente em um terço (29%) nos últimos 17 anos, segundo um estudo do Latinobarómetro realizado entre 1995 e 2014, e com o título “Las religiones en tiempos del Papa Francisco” (tradução livre: “As religiões em tempos de Papa Francisco”).
Falamos de um país majoritariamente católico em 1996 – 76% da população – e no qual, já em 2013, a fé católica havia deixado de ser majoritária em termos absolutos, alcançando apenas 47% da população. A palavra que vem à mente diante dessas cifras é “cataclismo”.
Junto com Guatemala, Nicarágua e Uruguai, Honduras é um dos quatro países latino-americanos tradicionalmente católicos em que a fé católica deixou de ser a da maioria. No caso tela, o testemunho é dado pelas seitas evangélicas.
Nós nos arriscamos a dizer que a extrema politização de setores clericais católicos na última geração – a chamada Teologia da Libertação – deixou órfão de verdadeira religiosidade uma base popular que não foi libertada da pobreza. Ou, talvez, no caso dos hondurenhos, haja muitos ex-fiéis que tenham sobre Maradiaga e seus acólitos a mesma opinião deplorável que os caluniadores no informe de Casaretto.