Na Amazônia, diáconos já celebram a “missa”. E o Papa sabe…
Há alguns dias circula na internet um vídeo em que um sacerdote italiano muito conhecido, dos mais próximos de Jorge Mario Bergoglio, diz que na Amazônia a celebração da “missa” por diáconos casados já é uma realidade, e tem a autorização dos Bispos locais. Informado disso, o Papa Francisco teria dito: “Vá em frente!”.
Sandro Magister.
10 de setembro de 2019.
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Há alguns dias circula na internet um vídeo em que um sacerdote italiano muito conhecido, dos mais próximos de Jorge Mario Bergoglio, diz que na Amazônia a celebração da “missa” por diáconos casados já é uma realidade, e tem a autorização dos Bispos locais. Informado disso, o Papa Francisco teria dito: “Vá em frente!”.
O autor dessa revelação explosiva não é uma pessoa qualquer. Trata-se de Giovanni Nicolini, 79 anos, admirado sacerdote da Arquidiocese de Bolonha, cujo Arcebispo, Matteo Zuppi, Francisco há poucos dias fez Cardeal [1].
Dom Nicolini é atualmente assistente eclesial nacional das Associações Católicas dos Trabalhadores Italianos (Associazioni Cattoliche dei Lavoratori Italiani-ACLI); antes foi diretor da Cáritas de Bolonha, e pároco num bairro onde fica uma prisão. Sacerdote dos pobres, dos prisioneiros, dos imigrantes: este é o seu perfil mais conhecido.
Mas, antes de tudo, ele foi filho espiritual de Giuseppe Dossetti (1913-1996), político de enorme relevância na Itália pós-guerra e, depois como monge e sacerdote, protagonista do Concílio Vaticano II com o Cardeal Giacomo Lercaro.
Seguindo os passos de Dossetti, Dom Nicolini fundou nos anos 1970 a “Família da Visitação” [2], uma comunidade que hoje é formada por cerca de trinta monges e monjas, e outros tantos casados, divididos entre as zonas rurais de Bolonha e as missões da Arquidiocese na Tanzânia e em Jerusalém.
Além disso, Dom Nicolini está ligado ao influente think tank católico progressista “Escola de Bolonha”, que teve como fundador o próprio Dossetti. Tem o historiador da Igreja Alberto Mellone e o fundador do mosteiro de Bose, Enzo Bianchi, como diretores e gurus, ambos ultradefensores de Bergoglio.
Eis o link para o chocante vídeo de Dom Nicolini: [].
O vídeo é parte de uma “lição” mais ampla de Dom Nicolini, e que também foi gravada [3] na escola de verão da associação político-cultural “La Rosa Bianca” [4], realizada em Terzolas, Trentino, entre os dias 21 e 25 de agosto.
Em seguida, a transcrição de suas palavras sobre o celibato do clero e as “missas” que já estariam sendo celebradas por diáconos casados com a autorização dos Bispos locais, e com o aval do Papa Francisco.
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O Papa disse: “Vá em frente!”
Creio que é hora de recordar com vocês que a Igreja dos sacerdotes está chegando ao fim. É uma profecia? Não, é a realidade. É necessário ter isso em conta, porque muda completamente tudo. Estamos chegando agora ao ápice da loucura, cada sacerdote tem seis paróquias. Mas isso acabou. Essa crise do sacerdócio irá crescer de forma implacável até que não se leve muito a sério a ideia de abolir o celibato sacerdotal.
Enquanto durar o celibato dos sacerdotes, a queda é irrefreável, também porque muitas vezes não se reflete sobre o fato de que eu, por exemplo, sou um sacerdote, mas antes de ser um sacerdote sou um monge. Francisco, que está aqui, é um monge, e nós, que somos uma pequeníssima comunidade monástica de oração, demos cinco sacerdotes à Igreja de Bolonha. Mas pudemos fazer isso porque pertencemos a outra raça. Porém, enquanto durar esta situação, segundo a qual – vocês sabem, certo? – o fato de ser celibatário é uma pura disposição de ordem disciplinar, jurídica, não é um voto, não é um dom de Deus, não está apoiada na vida da comunidade… Nada, ele não se casa, por regra não pode se casar. Mas está claro que, quando sei que um sacerdote de trinta anos, que vem se confessar comigo, é transferido para uma zona rural sozinho, está claro que em seis meses já tem uma amante. Por isso que essa queda agora será muito rápida. Anteontem me disseram que se calcula que Bolonha, em 2030, terá 30 sacerdotes; hoje são 450, e os números baixaram muito. Portanto, essa estrutura da Igreja não existirá mais.
Em breve teremos o Sínodo dos Bispos para a Amazônia. Soubemos que, certa noite, houve uma chamada telefônica de uma missão paroquial perdida da Amazônia. Era um diácono idoso, de uns sessenta anos, casado, que disse ao seu Bispo: “Tenho que lhe dizer que amanhã não haverá Missa, porque não tem padre”. E o Bispo respondeu: “Vá você e celebre a Missa”. Os diáconos casados, com filhos já independentes, são chamados de “anciãos”, e os Bispos dão a eles autorização para presidir a Liturgia. Contaram para o Papa, e ele disse: “Por enquanto não podemos escrever nada, mas vão em frente!” Eu me perguntei, quando soube que ele convocou a assembleia mundial dos Bispos para a Amazônia, que talvez pudesse ou quisesse dizer algo. No entanto, a Igreja, em sua atual estrutura concreta e jurídica, está chegando ao fim.
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Essas foram as palavras de Dom Giovanni Nicolini. Delas surgem perguntas que devem ser respondidas, antes inclusive do início do Sínodo da Amazônia.
É verdade o que disse sobre as “missas”, que já estão sendo celebradas por diáconos casados na Amazônia?
É verdade que o Papa Francisco deu o sinal verde?
NOTAS.
[1]. cf. [].
[2]. cf. [].
[3]. cf. [].
[4]. cf. [