Nosso Senhor fala a Raymundo mais uma vez na Capela Magnificat. “Pela força da minha humanização dei à minha Igreja a metade do mundo, para que Ela conquistasse a outra metade pela difusão do Evangelho em toda a Terra. Somente alguns assimilaram as minhas palavras e respeitaram a minha presença”.
04 de abril de 1996
Hoje aconteceu um dos encontros mais lindos entre Jesus e eu.
Eu estava rezando diante do Sacrário, quando percebi uma força poderosa invadindo a Capela. Era como se algo imenso quisesse penetrar no pequeno recinto em que me encontrava. Algo crescia, crescia… Eu já não sabia como controlar a emoção. Mas não era assustador. Ao contrário, era bom estar ali, e me sentia protegido. Entretanto, me sentia literalmente “espremido” num canto, sem poder me mexer devido ao enorme poder que de repente havia tomado conta da pequena capela.
Depois desta experiência, ainda um pouco descontrolado emocionalmente, comecei a escutar o pulsar ritmado de um coração que vinha de dentro do Sacrário. Era como se todo o altar tivesse tomado a forma de um corpo, e o Sacrário fosse o coração.
Eu, maravilhado, olhava para aquela cena sem conseguir conter a emoção que tomava conta de mim. Tinha uma certeza: Deus estava ali, naquele acanhado recinto, comigo. Eu estava com o meu Deus… Tive o ímpeto de abrir o Sacrário e deixar livre o coração que ali pulsava, mas não tive coragem.
Eu não via forma alguma, mas sentia o enorme corpo ali presente. Todo o altar havia se transformado no grandioso corpo de Cristo, e o Sacrário era o seu coração.
Foi quando vi no altar uma espécie de cuia. Pareceu-me uma vasilha de cerâmica, rasa, e ao lado dela estava uma espécie de pão. Assemelhava-se mais a um bolo.
Logo duas mãos fortes apanharam o pão, partindo-o em dois. Uma das partes ficou na mesa. A outra, as mesmas mãos tornaram a dividi-la em inúmeros pedaços e a jogá-los dentro da cuia. Nela havia um líquido vermelho escuro que à primeira vista lembrava vinho ou sangue. Percebi também que só alguns pedaços se embeberam do líquido vermelho e escuro. O resto permaneceu seco, apesar de estar dentro da cuia.
A metade do pão que permaneceu na mesa estava seca. Nisto apareceu outra mão, pequena e feminina, e num movimento rápido virou sobre essa parte do pão tudo que havia dentro da cuia. Os pedaços que não tinham conseguido absorver o líquido vermelho rolaram e caíram no chão. Porém, os que haviam absorvido o líquido se tornaram mais pesados e permaneceram em cima da metade que havia ficado na mesa. Com o líquido retido, começaram lentamente a encharcar o grande pedaço de pão. Somente uma pequena parte permaneceu seca.
Eu então perguntei a quem estava ali, com a certeza absoluta de que se tratava de Jesus:
– Que é isto, Senhor?…
A voz vinha das alturas, mas ao mesmo tempo era como se estivesse dentro da capela:
– Isto é a minha Igreja.
– Como assim, Senhor?…
– Pela força da minha humanização dei à minha Igreja a metade do mundo, para que Ela conquistasse a outra metade pela difusão do Evangelho em toda a Terra. Somente alguns assimilaram as minhas palavras e respeitaram a minha presença. Entretanto, a grande maioria não deu ouvidos à minha voz.
– E a outra mão, Senhor?
– Não conhece esta mão, Raymundo?
– Senhor, acho que conheço, mas não me atrevo a dizer.
– Por quê?
– Porque tenho medo de errar.
– Você tem convivido com esta mão que o acalenta e ensina, e tem medo de reconhecê-la? Sua fé é tão fraca a ponto de necessitar ver o corpo inteiro para identificar a mão que convive com você e que o leva a mostrar ao mundo a minha presença?
– Senhor, me desculpe, é a mão da sua Mãe.
– Isto mesmo, é a mão que derramará o que resta da minha Igreja sobre a outra metade do mundo tentando salvá-la, pois aqueles a quem conferi esta tarefa não souberam fazê-la.
Comecei a sentir como se a capela fosse se esvaziando. Era como se toda a energia que ali se encontrava começasse de repente a voltar para o local de onde viera.
Em poucos segundos, tudo voltou ao normal.
Referência: LOPES, R. Isto é a minha Igreja. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Terceiro Segredo: A Vinda de Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2005. p. 169-170.