Isso é muito grave!
Na Vila del Rey, os arcanjos Gabriel, Rafael e Uriel revelam a Raymundo Lopes que o “plano do Altíssimo” previa três tentativas para que a Igreja fosse a portadora do anúncio do retorno de Jesus: as aparições de Nossa Senhora em Paris (1830), Lourdes (1858) e Fátima (1917).
01 de abril de 2007
Era uma manhã muito bonita. Por volta das 6 horas resolvi dar uma voltinha no condomínio. Caminhava, quando percebi que estava acompanhado. Eram os três anjinhos que nos dias 19 de fevereiro e 18 de março estiveram comigo.
– Ué… resolveram caminhar também? – perguntei.
– Queremos lhe mostrar uma coisa – eles responderam.
Notei que traziam nas mãos as três caixinhas que me deram sérios aborrecimentos das vezes anteriores.
– Ah, não!… Se vocês querem me falar a respeito dessas caixinhas, estou fora, não quero nem saber…
O anjinho do meio, com a caixinha vermelha, começou a rir:
– Sabemos que perturbamos um pouco a sua mente, mas foi para o seu bem. A doce e serena Senhora quer lhe revelar uma coisa importante por intermédio dessas caixinhas.
– Revelar o quê? Primeiro vocês fazem sair delas uma cobra enorme, um lírio murcho e um “M” pequenino. Depois vocês fizeram com que os meus manuscritos1, o quadro de Nossa Senhora do Trajeto e a imagem de Nossa Senhora do Magnificat, das pílulas azuis, fossem parar dentro delas… Isso sem falar que fiquei apavorado quando vocês me pediram para tirar da boca da cobra os meus manuscritos e quando vi numa das caixinhas a imagem toda quebrada. Está tudo muito confuso!…
E o anjinho da caixa azul disse:
– Os recados, mensagens, visões que são permitidos pelo Altíssimo são às vezes confusos aos olhos humanos, porque são provindos de uma fonte completamente diversa de vocês. As leis do Altíssimo são imutáveis, e vocês as violam por séculos e milênios, até que a linguagem celeste se torna turva ao cotidiano de vocês.
– Se aperfeiçoarem o espírito, tudo se mostrará claro – disse o anjinho da caixa amarela.
– O que vocês pretendem me mostrar? – perguntei.
Eles me fizeram sentar debaixo de uma árvore, e depois sentaram ao meu lado.
– Vamos abrir de novo as caixinhas? – perguntou o anjinho da caixa amarela.
– Qual delas?
– Vamos começar pela vermelha.
Abrindo então a caixinha vermelha, vi dentro dela a figura minúscula de uma freira idosa, de hábito preto e com um chapéu largo na cabeça2. Ela estava ajoelhada aos pés de um sacerdote, que me parecia ser o papa por causa da vestimenta. Perto deles havia um padre, a quem ela entregou uma folha de papel onde estava escrito o nome “Aladel”3, e ele a entregou ao papa.
Nisso o anjinho me disse:
– A serena Senhora deseja que tome conhecimento desses escritos.
Então vi o que estava escrito no papel, em francês, e por incrível que pareça pude entender, embora não conheça a língua. Era isto:
“Na altura do peito Ela sustinha um globo de ouro encimado por uma cruz, oferecendo-o a Deus. Ela levantava os olhos e depois os baixava. Nos dedos da bela Senhora havia três anéis, um com pedra azul, um com pedra vermelha e outro com pedra amarela, e delas jorravam raios de luz de diferente intensidade e beleza.
Ela, então, disse:
– Este globo representa a Terra, que irá receber a segunda vinda de Jesus, e estes anéis que você vê em meus dedos representam que fui escolhida como medianeira da Santíssima Trindade para proclamar isto. Faça com que esta revelação chegue ao papa, através do seu confessor. Peço que faça cunhar uma medalha conforme está vendo. As pessoas que a trouxerem receberão muitas graças por sua revelação.”
Eu, muito confuso com o que tinha visto, disse ao anjinho da caixa vermelha:
– Mas isso é muito grave… A Medalha Milagrosa então era para ser cunhada conforme esse modelo, e representa a segunda vinda de Jesus. É isso mesmo que estou entendendo?…
– Sim, é isso mesmo que você entendeu.
– Então a Igreja escondeu o fato?
– Sim, a Igreja escondeu o fato – disse o anjinho da caixa vermelha.
O anjinho da caixa amarela então interrompeu a nossa conversa:
– Vamos abrir a segunda caixa?
– Agora eu estou ansioso, vamos abri-la.
Abrindo a caixinha amarela, vi dentro dela a figura de uma freira4 ajoelhada aos pés de um sacerdote, que também me pareceu ser o papa. E perto havia um padre, a quem a freira disse:
– A Senhora que vejo manda dizer que é aquela que anuncia a segunda vinda de Jesus à Terra, e está aqui por causa disso.
O padre que estava ao lado perguntou:
– Ela falou algo sobre ser a Imaculada Conceição?
– Ouvi Ela dizer apenas isso. Então perguntei quem era Ela, e Ela respondeu: “Sou a Imaculada, aquela que deve anunciar a vinda de Jesus; por isto estou aqui”.
– Tinha algo nas mãos?
– Tinha contas coloridas, e delas jorravam raios de luz de diferente intensidade e beleza.
– Era um rosário?
– Não sei responder, acho que não.
– Por quê?
– Porque faltavam muitas contas, e das contas coloridas saíam cores como o amarelo, o azul e o vermelho.
– Meu Deus, isso é Lourdes!… – exclamei em seguida.
– Sim, é Lourdes – disse o anjinho da caixa amarela.
Então o anjinho da caixa azul nos interrompeu:
– Vamos abrir a última caixa?
Abri a caixinha azul, e vi a mesma cena. Uma freira ajoelhada aos pés de um sacerdote que me pareceu ser o papa, pois estava vestido como tal. Perto dele havia um padre, que pediu à freira5:
– Conte o que viu.
– Vi uma linda Senhora que pairava em cima de uma velha azinheira.
– Ela disse alguma coisa?
– Sim, disse, mas não posso relatar agora.
– Quando, então?
– Será escrito e entregue a ele – a freira respondeu olhando para o papa6.
Depois vi esta freira escrevendo em português:
“Venho até aqui para anunciar, pela terceira vez, a vinda de meu Filho à Terra. Já a anunciei duas vezes e não obtive resposta. Agora, esta é a terceira vez. Depois disto, se não obtiver uma resposta da Igreja, falarei fora dela, porque a humanidade necessita ser avisada de tal acontecimento. Não me foi revelado o dia nem a hora, mas me foi revelado que está próximo, e a Igreja necessita estar preparada para esta chegada. Fale disso ao papa.”
Havia mais coisas que não pude ler.
– Tenho aqui uma quarta caixa, que somente você poderá abrir.
Os três aproximaram as caixas, e elas se uniram transformando-se numa caixa branca, que me entregaram:
– Abra.
Abri, e vi que estava vazia.
– Ela está vazia, não tem nada – eu lhes disse.
– Coloque dentro dela as três caixas que lhe mostramos.
Eu coloquei dentro da caixa branca as três caixinhas: a vermelha, a azul e a amarela, que se fundiram numa só. Não sei por quê, mas senti necessidade de abrir também esta caixa. Dentro dela tinha quatro datas: 1830, 1858, 1917 e 1997.
– O que significa isto? – perguntei.
– Significa o que você sempre diz: ninguém pode ser condenado sem ser julgado. A doce Senhora, em nome de Deus, providenciou para que a Igreja fosse a anunciadora do grande acontecimento que se aproxima, e isso foi racional e providencialmente escondido. A doce e serena Senhora confia em você.
Dizendo isto, eles retomaram a caminhada, deixando as caixas no chão. Eu corri até eles, chamando-os de volta, por causa das caixas. Um deles voltou-se, e me disse:
– Não há mais caixas.
Quando virei para ver se as caixas estavam no chão, elas tinham desaparecido. E voltando em seguida para os anjinhos, já não os vi mais.
1 Um dia Raymundo perdeu o controle da mão, que passou a escrever algo estranho no papel. Mais tarde Raymundo descobriu que se tratava do nome de Jesus em hebraico.
2 Catarina Labouré.
3 O padre Aladel foi o confessor de Catarina Labouré.
4 Bernadete Soubirous.
5 Irmã Lúcia.
6 As aparições de Fátima aconteceram no ano de 1917, mas o Terceiro Segredo foi redigido pela irmã Lúcia apenas em janeiro de 1944.
Referência: LOPES, Raymundo. Isso é muito grave. In: LEMBI, Francisco. Veni, Domine Iesu. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 60-63.