04 de fevereiro de 1992
Na madrugada do dia 4, por volta das 2 ou 3 horas da manhã, acordei com a mesma voz me chamando da sala. Levantei-me, e segui para o local. Ao abrir a porta que separa a sala dos aposentos, encontrei tudo iluminado. A luz brilhante e azulada enchia toda a sala. Fiquei assustado e com muito medo; tive palpitações. O meu primeiro impulso foi voltar para o quarto e chamar a minha esposa. Antes, porém, que eu pudesse tomar alguma atitude, aquela voz macia e delicada fez-se ouvir novamente:
– Não tenha medo. Conforme lhe falei da vez anterior, estou de volta para conversarmos.
– Quem está aí? – eu perguntei.
Como na última terça-feira, a luz de vez em quando diminuía, e a voz ficava fraca e dizia coisas incompreensíveis.
– Por que você voltou? – continuei a perguntar. – O que você deseja de mim?… O que quer?…
A voz então voltou ao normal:
– Quero que você entenda os meus sinais e reze muito. Quero também que você vá à Igreja de São Sebastião na próxima terça-feira, às 5 horas da tarde. Estarei lá esperando por você.
– A igreja de que você fala é a da avenida Augusto de Lima?
– Esta mesma.
– Posso levar alguém comigo?
– Pode. Entretanto, previno-o de que talvez tenha dificuldade para que as pessoas acreditem em você.
– Por quê?
– Porque somente você verá a minha luz e escutará as minhas palavras.
– Durante a nossa primeira conversa, muita coisa ficou confusa e contraditória. Você pode me explicar isso? Estou com medo…
– Não tenha medo. Durante as nossas próximas conversas tudo ficará claro. Existe um plano para tudo isso.
– Posso saber qual é?
– Por enquanto, não. Reze, reze muito para que Deus o ilumine o bastante para que você entenda as minhas palavras e os meus sinais.
Em seguida, a voz transformou-se, não era mais a mesma. Era uma voz rouca, completamente diferente, era quase uma voz masculina:
– Você não acredita que está me vendo? – ela perguntou.
– Não estou vendo nada, apenas uma luz.
– Então diga a todos que você viu uma luz.
Senti como se a voz estivesse rindo. Depois voltei a escutar a voz anterior, feminina e suave:
– O amor de Jesus por você está permitindo este nosso diálogo. Tenha fé, porque somente através da fé e da oração podemos alcançar os nossos objetivos. Tudo o que lhe peço você terá que fazer de coração, sem se sentir obrigado: você não tem obrigação. Entretanto, existe um plano para que tudo isso aconteça, e só você poderá decidir se quer participar dele. Eu estarei lá à sua espera. Fique tranquilo. Para que você tenha a certeza material dos nossos encontros, lhe darei um pequeno sinal físico. Na igreja você compreenderá, quando o vir. Boa noite, e que Deus o ilumine.
A luz então apagou-se. Foi como se eu despertasse de um sonho. Voltei para a cama assustado, e fiquei sem dormir o resto da noite.
Referência: LOPES, Raymundo. Estarei lá à sua espera. In: LEMBI, Francisco. Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Sim, 2010. p. 18.