O Cristianismo sob risco de extinção na Europa
Infovaticana, 02 de abril de 2018.
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Carlos Esteban.
Tradução. Bruno Braga.
Há cada vez menos crentes entre os jovens, uma tendência que não para de crescer ano após ano, de acordo com um recente estudo intitulado “Jovens adultos e religião na Europa”.
Se a Europa tem, como é inegável, embora se negue, raízes inequivocamente cristãs, não parece que os seus frutos serão cristãos: há cada vez menos crentes entre os jovens, uma tendência que não para de crescer ano após ano, de acordo com um recente estudo do Centro Bento XVI para o Estudo da Religião e da Sociedade, que pertence à Universidade St. Mary, de Londres, em parceria com o Instituto Católico de Paris, estudo intitulado “Jovens adultos e religião na Europa”.
Na Europa, os jovens – entre 16 e 29 anos – já não são cristãos na sua maioria. O Cristianismo deixou de ser, como se refere o The Guardian, a fé padrão do Velho Continente, o que se deve combinar com o dado de que em apenas uma ou duas décadas haverá na Grã-Bretanha mais muçulmanos que cristãos.
O país mais religioso do continente é a Polônia: apenas 17% dos jovens confessam ser não religiosos. País seguido pela Lituânia, onde a proporção é de 25%.
A Polônia é por certo uma exceção chamativa, como mostram outros dados que apareceram recentemente publicados com relação à Quaresma e referentes à prática cristã. Dois terços dos poloneses (de todas as idades) asseguram que se confessam antes da Semana Santa, segundo uma pesquisa do CBOS, e mais da metade participa do Tríduo Pascal e de retiros espirituais na Quaresma. 85% dos poloneses mantêm o jejum na Sexta-feira Santa.
Mas, se alguém pretende extrair desses dois casos alguma teoria segundo a qual os países que viveram meio século sob o domínio soviético, em regimes comunistas oficialmente ateus, reagiram de forma contrária, abraçando de novo a sua raiz cristã, o país que encabeça a lista na proporção de ateus oferece um desmentido: a República Tcheca, onde nove em cada dez jovens confessam ser não religiosos ou ateus.
Na Espanha – Luz de Trento, Espada da Fé, como já sabem – mais da metade dos jovens – 55% – se declaram não religiosos. Estamos piores que a Suíça ou a Alemanha.
Embora, neste último caso, é difícil saber o que significa “ser religioso” para os 55% que se confessam como tal, pelo menos entre os católicos. De acordo com dados da própria Conferência Episcopal Alemã, 54% dos sacerdotes se confessam apenas uma vez por ano ou menos, assim como 70% dos diáconos e 91% dos “assistentes pastorais”. Apenas 58% dos sacerdotes admitem “rezar uma vez ou mais por dia”.
Com tal exemplo de seus pastores, não surpreende muito que apenas 60% dos leigos creiam na vida após a morte e somente um terço na Ressurreição de Cristo. Em que sentido se confessam católicos – e pagam “religiosamente” o Kirchensteuer [NT: “imposto eclesiástico”] – é algo que escapa à nossa compreensão.
Frente a essa fé moribunda no Continente que a disseminou por todo o planeta e onde a Igreja Católica tem o seu centro, é consolador conhecer que em outros continentes, nas benditas “periferias” às quais se refere o Santo Padre – embora não na sua América Latina – as notícias de conversões em massa são um rumor constante e crescente.
De todos esses tristes dados se poderia – se deveria – extrair as conclusões oportunas sobre essa debandada generalizada. Em especial, a Igreja Católica deveria refletir, coincidindo com o Sínodo da Juventude, o que aconteceu nas últimas décadas para que os jovens se sintam cada vez mais desconectados da mensagem evangélica.