Burke despachado para o outro lado do mundo
O Cardeal Burke foi enviado à Ilha de Guam para investigar um suposto caso de abuso sexual. Aos “normalistas”, trata-se de uma missão como qualquer outra atribuída a um cardeal. Aos bem informados em Roma, embora designado para o caso em outubro passado, a viagem sem prazo de volta, ocorrida neste exato momento, é uma manobra claríssima para retirar Burke da Cidade Eterna enquanto se “reorganiza” a Ordem de Malta, onde sua cabeça como capelão está em jogo.
Por The New York Times | Tradução:
CIDADE DO VATICANO – O Vaticano enviou o cardeal conservador Raymond Burke à ilha de de Guam no Pacífico para investigar um importante caso de abuso sexual, despachando assim o notável jurista que colidiu repetidamente com o papa Francisco para uma delicada missão do outro lado do mundo.
De acordo com o Google a distância entre Roma e Guam é de .
A Congregação para a Doutrina da Fé no Vaticano, em outubro passado, nomeou Burke como juiz para presidir o julgamento do arcebispo de Guam, Anthony Apuron, que enfrenta múltiplas denúncias de abuso sexual de coroinhas durante a década de 1970. Foi o que informou a assessoria de imprensa do Vaticano nesta quarta-feira. Apuron negou todas as acusações e não foi criminalmente processado.
Burke, o americano sediado em Roma, deverá entrevistar um ex-coroinha em Guam, na quinta-feira, que diz ter sido abusado sexualmente por Apuron, segundo informação do Pacific Daily News. Essas missões especiais não são incomuns para os cardeais e as entrevistas com as testemunhas são uma parte fundamental de qualquer julgamento canônico.
Os sobreviventes de abuso clerical, no entanto, há muito tempo criticaram o histórico de Burke como arcebispo nos EUA, pelo tratamento dado por ele aos casos de padres abusivos. Burke disse que cada ato de abuso do clero é um “mal grave”. Mas ele também culpou o clero gay pela crise de abuso sexual na Igreja, dizendo que os padres “que eram feminizados e confusos sobre sua própria identidade sexual” foram os que molestaram crianças.
Burke, um advogado canônico de ponta, liderou a Suprema Corte do Vaticano até 2014, quando Francisco o removeu e o nomeou como patrono da Ordem dos Cavaleiros de Malta. Francisco o afastou recentemente daquela posição depois que Burke se viu envolvido na expulsão problemática de um cavaleiro sênior.
A defesa da Doutrina da Igreja por parte de Burke transformou-o em um herói para os católicos conservadores e tradicionalistas descontentes com a prioridade que Francisco dá `a misericórdia em prejuízo da moral. Ele é um dos quatro cardeais que pediu a Francisco para esclarecer sua abertura controversa para católicos divorciados e casados novamente no civil receberem a Comunhão.
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