Cardeal holandês culpa a Amoris Laetitia do Papa Francisco por “rachar” a Igreja

Amoris Laetitia do Papa Francisco

Dorothy Cummings McLean. Amoris Laetitia do Papa Francisco

LifeSiteNews, 07 de março de 2018.

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Tradução. Bruno Braga.

Um Cardeal da Holanda declarou que a questão dos católicos divorciados e civilmente “recasados” receberem a Sagrada Comunhão está “rachando” a Igreja. A fonte da confusão, diz ele, é a Exortação do Papa Francisco Amoris Laetitia, especialmente o seu parágrafo 305 [1].

O Cardeal Willem Jacobus Eijk concedeu recentemente uma entrevista à revista mensal italiana Il Timone, na qual defendeu a doutrina tradicional da Igreja. Ele comentou o estrago causado à Igreja por causa da falta de clareza do Papa Francisco sobre o assunto.

“A questão sobre se é possível permitir ao chamado divorciado e civilmente recasado receber a absolvição sacramental e, consequentemente, a Eucaristia, está rachando a Igreja”, afirmou.

“A fonte da confusão é a Exortação Pós-Sinodal Amoris Laetitia”, continuou. “Essa confusão diz respeito sobretudo ao parágrafo 305 da Exortação”.

Eijk observou que algumas conferências de Bispos apresentaram regulamentações pastorais que insinuam que casais divorciados e civilmente recasados podem ser admitidos à Sagrada comunhão, enquanto outras “excluem isso como uma possibilidade”.

Isso cria um problema, um problema que o Cardeal espera ser resolvido por Francisco.

“O que é verdadeiro no local A pode ser falso no local B”, disse Eijk.

“As diferentes interpretações da Exortação a respeito de questões doutrinais estão causando confusão entre os fiéis. Por isso, eu ficaria feliz se o Papa Francisco garantisse a clareza sobre essa matéria, e de preferência na forma de um documento magisterial”.

O Cardeal disse que não pode haver um novo casamento na Igreja Católica se uma união válida já existe.

“O relacionamento entre Cristo e a Igreja é uma doação total e mútua”, explicou Eijk.

“A doação total de Cristo à Igreja é realizada na oferta de Sua vida na Cruz. Essa doação se faz presente no Sacramento da Eucaristia. Quem participa da Eucaristia deve estar pronto para fazer uma doação total de si mesmo, com a qual participa no oferecimento total de Cristo à Igreja. Quem se divorcia e se casa novamente em uma cerimônia civil, apesar de o primeiro casamento não ter sido declarado nulo, viola a doação total e mútua que o primeiro casamento implica. O segundo casamento em uma cerimônia civil não é um casamente verdadeiro e legítimo”, disse.

O Cardeal disse que violar a “doação total” do primeiro casamento válido torna a pessoa envolvida no segundo casamento “indigna” de receber o Santíssimo Sacramento, embora, claro, a pessoa possa ainda participar da celebração litúrgica e receber os cuidados pastorais.

Na situação em que o casal vive junto e não pode se separar por alguma razão séria, por exemplo, por causa das obrigações para com os seus filhos, eles podem ser admitidos aos Sacramentos da Reconciliação (Confissão) e da Sagrada Comunhão somente se cumprirem as condições mencionadas no parágrafo 84 da Familiaris Consortio e no parágrafo 29 da Sacramentum Caritatis, afirmou Eijk.

“Uma dessas condições é a de que eles devem se comprometer a viver como irmão e irmã, ou seja, devem parar de ter relações sexuais”.

Ele também explicou durante a entrevista como a Holanda deslizou na “pista escorregadia” das consequências morais indesejadas em direção ao aborto em massa e à eutanásia. Eijk culpou a ONU, outras instituições internacionais e determinados países por disseminar a desumana “teoria do gênero”.

A entrevista completa foi publicada no OnePeterFive [2].

Um homem extraordinariamente muito bem qualificado, Eijk tem vários doutorados. Formou-se em Medicina na Universidade de Amsterdã antes de ser ordenado padre. Mais, tarde, completou um PhD em Medicina com uma dissertação sobre eutanásia. A tese do seu próximo doutorado, em Filosofia, foi intitulada “The ethical problems of genetic engineering of human beings” [tradução livre: “Os problemas éticos da engenharia genética de seres humanos”. O seu último doutorado, em Teologia, foi premiado pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma.

Em 2017, Eijk foi nomeado por Bento XVI Arcebispo Metropolitano de Utrecht e, em 2017, Bento XVI o fez Cardeal. Eijk esteve presente nos Sínodos Ordinário e Extraordinário sobre a Família, onde argumentou contra a admissão de adúlteros impenitentes aos Sacramentos.

Eijk também discutiu contra a novidade no “Eleven Cardinals Speak on Marriage and the Family: Essays from a Pastoral Viewpoint” [tradução livre: “Onze Cardeais falam sobre o Casamento e a Família: Ensaios a partir de um ponto de vista pastoral”], publicado em 2015 pela Ignatius Press. Ele foi um dos treze Cardeais que escreveram para o Papa Francisco, pedindo para que ele não deixasse o Sínodo Ordinário ser sequestrado pela questão do divorciado e recasado [3].

NOTAS.

[1]. Cf. [].

[2]. Cf. [].

[3]. Cf. [