Agosto – Quinta-feira

Raymundo tem um sonho intrigante. “As pessoas designadas para distribuir os pedaços do corpo entravam no meio daquela multidão comprimida com uma facilidade impressionante, e assim todos recebiam a sua porção. À medida que cada um consumia a sua, olhava para a nuvem brilhante e gritava com força: ‘Estou entendendo agora!’”

04 de julho de 1999 

Esta noite eu tive um sonho intrigante. Estava num local árido e sem limites, parecendo um deserto. O local estava repleto de pessoas, todas muito juntas e sem cabelo, de modo que não era possível distinguir-lhes o sexo.

No meio desse mar de cabeças sobressaía uma grande mesa feita de ossos humanos. Diante dela estava sentado um homem altivo e forte. Os olhos eram de um azul brilhante, os cabelos negros à altura dos ombros, sem barba. A túnica era também de um azul brilhante.

À sua esquerda vi sentada uma mulher de cabeça baixa, cujo rosto não consegui distinguir. Parecia rezar. À direita, quase à sua frente, estava de pé um homem de cabelos longos, túnica branca brilhante como o sol da manhã. De costas para a multidão, parecia estar com toda a atenção voltada para o homem do centro.

Acima deles pairava uma nuvem, de onde saía uma energia que tudo dominava. Por trás, percebi uma página enorme de calendário, com as palavras: AGOSTO e QUINTA-FEIRA, mas não conseguia ler o dia do mês e nem o ano.

Começaram a aproximar-se da mesa muitas pessoas com vestes de tom amarronzado. Todas ostentavam na cabeça algum adereço: chapéu, mitra, lenço, coroa, faixa etc. E esse homem, no centro da mesa, ia tirando aqueles adereços e os jogava longe. Essas pessoas permaneciam de pé, apertadas num cubículo. Percebi que isso se dava pela força desprendida da nuvem que pairava no alto, pois essas pessoas não desejavam de forma alguma aproximar-se umas das outras.

Aconteceu então uma coisa estranha. O homem de branco, que estava de costas para a multidão, começou a tirar pequenos pedaços do corpo do homem de olhos brilhantes, que dominava a cena, colocando-os em potes de barro e entregando-os às pessoas confinadas no cubículo, para que os distribuíssem à multidão. Entretanto, apesar de serem retirados dele esses pedaços, o seu corpo não diminuía. Pelo contrário, de cada pedaço que saía brotavam dois, e assim a sua estatura só fazia crescer e o seu olhar se tornava cada vez mais brilhante.

As pessoas designadas para distribuir os pedaços do corpo entravam no meio daquela multidão comprimida com uma facilidade impressionante, e assim todos recebiam a sua porção. À medida que cada um consumia a sua, olhava para a nuvem brilhante e gritava com força: “Estou entendendo agora!” A mulher, que continuava de cabeça baixa, me disse: “Escreva logo pela manhã o que viu”.

 

 

Referência: LOPES, Raymundo. Agosto – Quinta-feira. In: LEMBI, Francisco. O Terceiro Segredo: A Vinda de Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2005. p. 87.