Adeus, Wojtyla e Caffarra

Paglia e Francisco.

Por Sandro Magister, Settimo Cielo, La Repubblica, 19 de setembro de 2017. Tradução: André Sampaio |  – O terremoto que mudou a cara da Pontifícia Academia para a Vida atingiu também o Instituto para Estudos sobre Matrimônio e Família, criado por João Paulo II e com o teólogo e logo cardeal Carlo Caffarra como seu primeiro presidente.

Com efeito, assim se lê no artigo 1.º do Motu Proprio Summa familiae cura, publicado esta manhã, com o qual o papa Francisco “pôs a assinatura” na virada [em 8 de setembro, dois dias após o falecimento de Caffarra, .]:Hoje [: exatamente 1 ano após o endereçamento dos dubia a Francisco pelos cardeais Brandmüller, Burke, Caffarra e Meisner], esse histórico Instituto foi abolido e substituído por outro Instituto com um nome diferente.

“Com o presente Motu Proprio estabeleço o Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, o qual, vinculado à Pontifícia Universidade Lateranense, sucede, substituindo-o, ao Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, criado pela Constituição Apostólica Magnum Matrimonii Sacramentum, o qual, portanto, vem a cessar.”

E no artigo 4.º:

“O Pontifício Instituto Teológico, assim renovado, adequará suas próprias estruturas e disporá dos instrumentos necessários – cátedras, docentes, programas, pessoal administrativo – para realizar a missão científica e eclesial que lhe é designada.”

Estão despedidos, consequentemente, todos os docentes do falecido Instituto, enquanto conservam seus cargos o atual grão-chanceler Vincenzo Paglia e o presidente Pierangelo Sequeri, cujas nomeações por parte do papa Francisco se mostraram, um ano atrás, o prelúdio do atual cataclismo.

Os dois acompanham a publicação do Motu Proprio com uma nota, que sublinha o “envolvimento direto” do papa, o qual – prosseguem dizendo – “confia a tarefa de modelar as regras, as estruturas e a operacionalidade do novo Instituto Teológico” às mesmas “autoridades acadêmicas do histórico Instituto João Paulo II”, ou seja, justamente, precisamente a eles dois, e não a outros.

Ao descrever o “mais amplo horizonte” sobre o qual deverá mover-se o Instituto, Paglia e Sequeri remetem, naturalmente, à Amoris laetitia, mas também à Laudato si’ e ao “cuidado pela criação”.

Resta agora ver quais serão os docentes da nova instituição, quais serão confirmados e quais não, tanto em Roma quanto nas outras sedes pelo mundo.

Assim também se verá que destino terão as últimas publicações do falecido Instituto, especialmente o “vade-mécum” sobre a reta interpretação da Amoris laetitia, o qual é visto como peste pelos paladinos da comunhão aos divorciados recasados e do qual o mesmo Motu Proprio Summa familiae cura parece tomar distância, quando escreve que não mais se consentirá em “limitar-nos a práticas da pastoral e da missão que refletem modelos e formas do passado”.

 

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