Retocando o rosto de algumas imagens, Raymundo deixa cair alguns frascos de tinta num velho corporal. A tinta derramada deixou milagrosamente gravada no corporal a Sagrada Face. “Raymundo, no dia 25 lhe dei um presente. Desejo que fale a todos que, ao olharem as minhas imagens, procurem ver Jesus, pois é este o meu desejo”.
25 de dezembro de 1996
Na noite de 24 para 25 de dezembro de 1996, eu estava na minha residência retocando o rosto de uma das 15 imagens da Rosa Mística doadas pelo alemão Horst Mering e banhadas em Montichiari, na Itália. Essas imagens comporiam a nossa primeira pastoral, a Pastoral da Visita1.
Eu utilizava uma tinta própria, visando obter uma tonalidade aveludada no rosto da imagem, e um velho corporal, já fora de uso. Cuidadosamente comecei a limpar o seu rosto. Ao abrir dois pequenos frascos de tinta, eles se romperam derramando um pouco de tinta no corporal. Decepcionado, deixei tudo e fui dormir.
No dia seguinte, notei com surpresa que naquele pano estava estampado o rosto de Cristo, formado pela tinta que havia caído dos frascos.
Na terça-feira seguinte, dia 31, Nossa Senhora me disse após ditar a mensagem:
– Raymundo, no dia 25 lhe dei um presente. Desejo que fale a todos que, ao olharem as minhas imagens, procurem ver Jesus, pois é este o meu desejo.
No dia 14 de janeiro de 1997, a Virgem fez três interrupções enquanto ditava a mensagem. Numa delas, para abençoar algumas cópias do rosto estampado no corporal que estavam na mesa. Em seguida me pediu que escrevesse sobre elas estas palavras: “Mirem-se em mim e vejam Jesus”, e que lesse João 20, 1-10.
Na madrugada de 21 de janeiro, após a mensagem, Nossa Senhora me pediu para não sair de casa no domingo seguinte, a não ser para a Missa, permanecendo na capela o quanto pudesse, pois teria uma bela surpresa.
Naquele domingo, dia 26, levantei um pouco ansioso. Ao voltar da Missa fiquei à espera do que poderia acontecer. Sozinho na capela, numa doce penumbra causada pela tarde, pensava naquilo que havia escutado de Nossa Senhora.
Por volta das 18 horas a campainha tocou. Era um garoto de aproximadamente 16 anos. Estava descalço, vestido de branco, pele alva, olhos castanho-claros brilhantes e cabelos quase louros. Ele então me dirigiu a palavra:
– A paz do Senhor Deus, nosso Pai, esteja com você. Posso entrar?
Surpreso e sem saber o que fazer, o convidei para entrar. Ele, com firmeza na voz, perguntou:
– Podemos conversar na capela?
– Podemos, mas quem é você?
– Vamos à capela, lá será esclarecido.
Ele entrou e me pediu que seguisse à frente. Em seguida, sentou-se ao meu lado na capela.
– Raymundo, Jesus e Maria decidiram que eu viesse ao seu encontro para lhe pedir que divulgasse, com o maior entusiasmo possível, o presente que lhe deram neste Natal.
– Que presente?… Explique, por favor, quem é você.
– O presente você sabe, pois está fazendo um belo altar para recebê- lo.
– Está se referindo ao corporal que ficou manchado de tinta e nele apareceu o rosto de Nosso Senhor?
– Sim, isto mesmo.
– Mas quem é você?
– Sou aquele que foi designado para permanecer ao seu lado até o fim dos seus dias.
– Você é um anjo?
– Para que compreenda, estou autorizado a dizer que sim.
Ao dizer isto, lembrei-me dos anjos que tinha visto antes. Eram parecidos, o mesmo sorriso e o mesmo semblante sereno. Apesar de terem diferenças físicas, havia algo nele comum aos outros. Levantei-me, encostei-me no altar e comecei a rezar: “Vinde, Espírito Santo, sede a minha força e o meu entendimento”. Ele então me disse:
– Não tenha medo. Não vim lhe fazer mal algum, apenas lhe trazer esta mensagem do Senhor Jesus e de sua Mãe Santíssima, e peço que escreva o que vou ditar.
Perplexo com o que estava acontecendo, me preparei para escrever. Foi quando ele ditou a seguinte oração:
“Meu Jesus querido,
Permitistes que vossa Mãe Santíssima realizasse o milagre de imprimir no pequeno corporal a vossa Sagrada Face, com a recomendação de que vos vejamos refletido em todas as imagens que representam as visitas dela à Terra.
Permiti-nos, Jesus querido, que possamos realizar em todo o mundo o milagre de fazer cair o preconceito e ver em todos os nossos irmãos, independente de raça, credo ou cultura, também o reflexo do vosso amor, para que tenhamos ciência de que somente através desse amor poderemos chegar até vós.
Entregamos nas mãos co-redentoras de vossa muitas vezes Santa Mãe a tarefa de continuar, através dessas imagens, trazendo até nós a vossa Sagrada Face, para lembrar-nos de que também somos à imagem e semelhança do Deus Todo-poderoso, e que sejamos dignos disto.
Amém.”
Terminada a oração, ele completou:
– O Senhor e sua Mãe Santíssima desejam que faça constar no verso do que publicar do corporal o texto desta oração. Eles desejam fornecer a todos graças abundantes. Se rezarem com fervor estas palavras farão descer no meio de todos a força dos seus Corações unidos, para que não caiam na tentação do desamor e, por conseqüência, de discórdias que os levem a guerras e lutas desnecessárias. Que a bênção de Deus Pai Todo-poderoso fique com você e com todo o grupo missionário.
Em seguida caminhou para o portão e se foi.
1 Essas imagens foram substituídas depois pela imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima.
Referência: LOPES, Raymundo. A Sagrada Face do Corporal. In: LEMBI, Francisco (Org.). Diálogos com o Infinito. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 97.