“A Maçonaria se infiltrou na AcdP”

Catequese
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O padre Manuel Guerra dá detalhes sobre o ideário e o modo de atuação da maçonaria. Revela ainda como a maçonaria tem se infiltrado em várias entidades católicas da Espanha.

Gabriel Ariza. Maçonaria

Infovaticana, 16 de junho de 2018.

[https://infovaticana.com/2018/06/16/la-masoneria-se-ha-infiltrado-en-la-acdp/].

Tradução. Bruno Braga.

 

É surpreendente a revelação que faz o sacerdote burgalês D. Manuel Guerra, o maior especialista em Maçonaria do nosso país [Espanha], entrevistado pelo InfoVaticana. No próximo sábado, 350 propagandistas serão chamados a votar entre a continuidade do projeto Romero Caramelo ou a renovação, apostando em uma ACdP [Asociación Católica de Propagandistas] baseada na sua própria vocação católica.

Pergunta: Há poucos dias o senhor, em seu blog, falou sobre a influência da Maçonaria através do Clube Bilderberg, que acaba de celebrar sua reunião anual em Turim [Itália].

Resposta: De fato, pode-se ler no meu blog ou no site da InfoVaticana o artigo digital “A Santa Sé no Clube Bilderberg?”

Pergunta: O senhor acredita na existência de uma “conspiração maçônica” para a transformação da sociedade?

Resposta: Os maçons mesmos reconhecem que a Maçonaria foi e é a promotora da mudança da sociedade. Por exemplo: “As ideias cultivadas nas lojas mudaram a sociedade” (Pierre Lambichi, Grão-Mestre ou presidente do Grande Oriente da França, 2008-2010, Las loges de la République, Editions du Moment, Paris, 2009, pp. 29-30); “A loja é o laboratório da sociedade” (Pierre Simon, Grão-Mestre da Grande Loja da França, De la vie avant toute chose, Mazarine, Paris, 1979, p. 103). Este livro “foi retirados das livrarias a pedido das autoridades maçônicas da época por desvelar com claridade excessiva as intenções da Maçonaria”, segundo o maçom Maurice Caillet (Yo fui masón, Libros Libres, Madrid, 2008, p. 178). A Maçonaria está conseguindo transformar a sociedade, especialmente a Ocidental (Europa, América), e a “ocidentalizada” (Filipinas, Austrália), tradicionalmente cristã, em naturalista, relativista, laicista, sincrética, dialógica e gnóstica, ou seja, maçônica.

Pergunta: Então existe uma conspiração maçônica?

Resposta: Não, pelo menos não necessariamente. A respeito da transformação da sociedade propriamente, não se pode falar de “conspiração”, apesar de às vezes parecer, mas de transformação “programada”. É lógico e coerente que as lojas maçônicas, como qualquer outro grupo social, aspirem transformar a sociedade de acordo com os seus princípios e ideias. Quem não tenta é um egoísta, se o medicamento é bom e benéfico para os demais. Mas, se o maçônico é tão bom, por que o segredo? Por que o fazem “em segredo” ou, como eles dizem, “de forma discreta”? Sei que agora, parece, querem se abrir. Até o boletim digital da Grande Loja da Espanha e do Grande Oriente Espanhol tem como lema para este ano de 2018: “Estabilidade e abertura”.

Claro que a eficácia do segredo dos maçons se complementa e se reforça com o silêncio dos responsáveis pelo Magistério da Igreja, que esqueceram o conselho e a ordem do Papa Leão XIII a todos os Bispos da Igreja Católica: “nós desejamos que o vosso primeiro ato seja arrancar a máscara da Maçonaria, e deixar que ela seja vista como realmente é” (Encíclica Humanum Genus, 31). Mais de uma vez eu me lembrei dos canes muti de São Gregório Magno (Papa por vota do ano 600), “os cachorros mudos”, que não afugentam com os seus latidos o lobo, disfarçado às vezes de ovelha e até de cordeiro.

Pergunta: Como a Maçonaria tem conseguido transformar a sociedade nos últimos trezentos anos (1717-2017)?

Resposta: Quero fixar-me apenas em um dos seus recursos, o seu predileto. Para a difusão tanto do bem quanto do mal, assim como para a substituição de uma cultura e mentalidade por outra, “é necessário assenhorar-se antes da opinião pública”. Foi o que disse Voltaire, maçom por poucos anos ao final de sua vida, mas que morreu católico, confessando os seus erros e recebendo os santos sacramentos.

Como assenhorar-se da opinião pública? Voltaire e a Maçonaria projetaram fazê-lo semeando ideias por meio da “Enciclopédia” e do controle da educação da juventude. “A Enciclopédia será o meio mais eficaz para ‘minar secretamente e sem estrondo o edifício do ‘altar’ [Igreja Católica] e do ‘trono’ [Monarquia] e fazer com que se derrubem a si mesmos” – escreveu, no dia 13 de agosto de 1775, Frederico II da Prússia, maçom desde a juventude, a Voltaire, colaborador da Enciclopédia com vários artigos. O mesmo Voltaire, em uma de suas cartas a Damilaville, reconhece: “Interessa-me muito uma boa peça de teatro, mas prefiro mais um bom livro de filosofia que esmague para sempre l’Infâme [“a infame”: a Igreja Católica]! Coloco minhas esperanças na Enciclopédia” (cf. Jean de Lannoy, La Révolution preparée par la Franc-Maçonnerie, “Omnia Veritas”, 21-29).

Pergunta: E a educação?

Resposta: A Maçonaria sempre se preocupou com a educação interna dos adultos dentro das lojas e de todos, especialmente de crianças e jovens, fora delas. O seu lema e ideal tem sido “escola laica, pública, obrigatória e única” (cf. Manuel Guerra, El árbol masónico. Trastienda escaparate de Nuevo Orden Mundial, Digital Reasons, Madrid, 2017, 338-401).

Pergunta: A Maçonaria também age em centros particulares católicos?

Resposta: A divisão de centros “públicos-privados” não é correta, pois todos são “públicos”, estão a serviço do bem comum e de todos. Uns são “estatais” e outros “não-estatais” ou com princípios próprios: cristão, marxista, agnóstico, etc. É uma injustiça e uma clara discriminação que os pais dos alunos desses centros devam bancar o ensino dos seus filhos neles (colégios, universidades particulares) e, ademais, os centros estatais com os impostos.

É lógico que a Maçonaria tente influenciar também nos centros privados, católicos. Ela se infiltrou na Universidade de Comillas (Madrid) e na Asociación Católica de Propagandistas (AcdP). Os seus membros levarão isso em conta nas eleições dos diretores da AcdP, no próximo dia 23 de junho? Por sua vez, consta que maçons e mulheres da Maçonaria contataram professores da Universidade Católica Santo Antônio de Murcia e da Universidade de Navarra. Desconheço se algum já foi iniciado na Maçonaria, embora por certos sintomas inclino-me à resposta afirmativa. Por “infiltrar-se” entendo que um ou mais membros estejam vinculados a alguma loja maçônica.

Penso às vezes que, dadas as circunstâncias atuais, mais que na iniciação formal, ritual, de alguém na Maçonaria, é preciso considerar se há contágio ideológico. Basta recordar que todos os partidos políticos do atual arco parlamentar espanhol falam e votam geralmente conforme os critérios da maçônica Nova Ordem Mundial, embora nem todos os políticos do PP, PSOE, Ciudadanos, etc., sejam maçons.

Pergunta: Para terminar, a Maçonaria tem algo a ver com as imigrações em massa para as costas meridionais da Europa?

Resposta: Tem alguma relação, pelo menos em seu projeto originário. Richard Nikolaus Couldenhove-Kalergi (1894-1972), iniciado na Maçonaria em 1922, é o fundador do movimento popular para uma Europa unida, que com o tempo resultou no projeto da União Europeia. Sintetizado em 28 teses, ele propôs o chamado “Plano Kalergi” no manifesto Pan-Europa, publicado em 1923 (edições Paneuropa, Viena), e em sua obra principal em três volumes: Kampf um Paneuropa, “A luta pela Europa” (1925-1928). Não custa dizer que “Pan”, em grego, significa “todo”. Uma das superlojas, a Pan-Europa, deve o seu nome ao conde Kalergi, que a fundou em 1947 (cf. sua natureza político-financeira e os nomes de vários de seus membros, entre os quais conhecidos espanhóis, na obra citada El árbol masónico, pp. 201-205).

O conde de Kalergi justifica a diminuição da população europeia, causada pelas guerras, com a propaganda desde o poder e as crises econômicas. Seria a aplicação de uma das normas da Maçonaria: Ordo ab Chao, “uma (nova) Ordem a partir do Caos” espontâneo ou provocado. Como remédio, ele propõe a imigração em massa e contínua de negros, asiáticos, muçulmanos, latino-americanos e ameríndios, que originará uma raça mestiça, passiva e dócil à manipulação pela “raça superior: a aristocracia judia”. Assim restará muito debilitada e inclusive desaparecerá a tradicional unidade cristã da Europa, sendo substituída por um multiculturalismo ou pluralismo religioso-cultural. Kalergi foi o primeiro a receber o prêmio Carlos Magno (ano 1950).

Dizem que há uns 400.000 imigrantes na Líbia esperando que as máfias os levem até as costas europeias. Ninguém pede contas ao presidente Obama e à senhora Clinton pelas previsíveis consequências de terem pretendido impor a democracia nos países de maioria islâmica, limítrofes com o Mediterrâneo oriental e meridional, a paradoxa e ironicamente chamada “Primavera árabe”? Além dos 625 que chegaram a Valência na manhã de domingo, 17 de junho, mais 900 foram resgatados no Estreito de Gibraltar em um dia e meio. Quantos cederão ao efeito “chamada” e estarão sonhando em alcançar “o paraíso” espanhol? Por que a laicista União Europeia não trata de solucionar este drama humano nos locais de origem? (cf. o artigo Las migraciones masivas norteñas (los Bárbaros, siglo V. d. C.), la sureñas de nuestros días y su evangelización no meu blog: [https://infovaticana.com/blogs/manuel-guerra/las-migraciones-masivas-nortenas-los-barbaros-siglo-v-d-c-las-surenas-de-nuestros-dias-y-su-evangelizacion/]).

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