A cascata de purpurina
Raymundo Lopes recebe mais uma mensagem através de sonho. Nossa Senhora pede a ajuda dos missionários para resgatar as pessoas que passam por uma grande tribulação. “Fixos na Providência Divina, vocês e todos os missionários poderão, pela força da oração, fazer o que estou fazendo: salvar almas e entregá-las a Jesus”.
30 de novembro de 1994
A Virgem Maria me fala também em sonhos. A Obra Missionária que Ela nos entregou é grandiosa demais, e talvez por isso são vários os meios que utiliza para os seus contatos.
Ontem eu tive um sonho que, embora parecesse enigmático à primeira vista, acabou se tornando claro, de fácil compreensão.
Sonhei que estava num lindo caminho de pedras coloridas, ladeado de flamboyants floridos. A paisagem era verde, com prados lindíssimos, e à beira do caminho desabrochavam flores de rara beleza. Uma leve brisa passava por mim, acariciando-me suavemente o rosto.
Encontravam-se comigo o Francisco Lembi, o Antônio Ageu, o Vicente Sanches, o Manoel Resende e o Joaquim Fonseca. Conversávamos sobre a Obra de Nossa Senhora, quando vi avançar na nossa direção um vulto branco. Firmando a vista, percebi que era Nossa Senhora, toda vestida de branco. Seu rosto, de um rosado claro, refletia a luz do sol. Os olhos azuis mais pareciam duas luminosas águas-marinhas, e as suas mãos se moviam com suavidade. Não caminhava, apenas deslizava na relva macia.
Eu, mal conseguindo disfarçar a minha surpresa, falei aos companheiros que Nossa Senhora estava chegando. O que Ela estaria querendo?… Foi quando a ouvi dizer:
– Meus filhos, venham comigo. Necessito de vocês.
Prontamente a acompanhamos até a beira de um precipício desconhecido para nós. E Ela continuou:
– Vejam, meus filhos, o que está acontecendo no fundo deste abismo.
Olhamos para baixo e vimos. Dava a impressão de que a Terra estava sendo devastada por maremotos gigantescos. Terremotos a sacudiam com violência, enquanto fortes ventos arrastavam casas e arrasavam cidades. As pessoas gritavam desesperadas e corriam em busca de abrigo sem encontrá-lo. Cidades inteiras afundavam, enquanto outras, que estavam no fundo, emergiam. E o pânico tomava conta de tudo.
– Venham comigo, porque necessito que me ajudem – Ela reforçou.
Levou-nos então a um local que me pareceu ser uma cascata, mas não era água. Era como se fosse uma cascata de purpurina dourada. E as pessoas desesperadas que tínhamos visto lá embaixo atravessavam a cascata e continuavam com o semblante assustado, agitadas. Mas era suficiente que Nossa Senhora passasse a mão por suas cabeças para que, como por encanto, se acalmassem e saíssem caminhando por onde estávamos, com o olhar fixo e confiante num ponto luminoso.
Eu, vendo aquelas pessoas adquirirem um semblante sereno depois de tocadas por Maria, perguntei a Ela:
– O que está acontecendo? Quem são essas pessoas? Por que antes se mostravam agitadas, e agora estão calmas, depois que a Senhora colocou a mão sobre elas?
– Essas pessoas, respondeu, são as mesmas que vocês viram lá embaixo, e Deus quer que as recebamos aqui. A Terra está passando por um período de grandes transformações, e a minha Obra está incluída nos planos de Deus para ajudar essas pessoas. Façam o mesmo que estou fazendo, com o pensamento voltado para Deus, para que a graça do Espírito Santo contida em vocês possa ajudar essas pessoas e levá-las a Jesus.
– Mas eu não estou entendendo nada. Nós já morremos ou estamos vivos? – perguntei.
– Vocês estarão mortos para as coisas terrenas, mas vivos para a eternidade, se seguirem os meus conselhos. Fixos na Providência Divina, vocês e todos os missionários poderão, pela força da oração, fazer o que estou fazendo: salvar almas e entregá-las a Jesus. Meus filhos, o que estou lhes ensinando está determinado por Deus para salvar almas. É muito importante tudo o que lhes passo. Não deixem que problemas terrenos os afastem do caminho.
Começamos então a fazer o que Nossa Senhora pedira e, para a nossa surpresa, as pessoas se acalmavam. Num dado momento, percebemos que a nossa pele se cobria de manchas escuras.
– O que é isto? Por que estamos todos manchados? – perguntei.
– São os pecados com os quais Jesus é tão ofendido lá embaixo. Mas não se preocupe, isto passa. – disse com um sorriso.
Eu então ponderei que era gente demais, e que não conseguiríamos dar conta de todos. Ela apontou para aquele ponto e falou:
– Muitos são os que necessitam de ajuda, mas a graça de Deus é suficiente para todos.
Logo apareceram centenas de pessoas que, aproximando-se de nós, faziam a mesma coisa. Olhamos para Ela. Estava sorrindo ao nos ver atarefados em passar a mão pelas cabeças das pessoas, e com ar satisfeito se afastou em direção ao ponto luminoso para onde se dirigiam os que chegavam daquela tribulação.
Acordei impressionado. E ao intuir a importância desse sonho, resolvi passá-lo imediatamente para o papel, antes de esquecer algum detalhe.
Referência: LOPES, Raymundo. A Cascata de Purpurina. In: LEMBI, Francisco. O Terceiro Segredo: A Vinda de Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2005. p. 79-82.